Colaboradores - Valéria Calente

O caso de Maya Kowalski

10 de Novembro de 2023

Assisti recentemente o documentário Take Care of Maya, na Netflix, traduzido como O Mistério de Maya, e fiquei extremamente impactada pela história de da Familia Kowalski.

Maya Kowalski, Jack Kowalski, Beata Kowalski e Kyle Kowalski, irmão de Maya | Foto: Divulgação/ Netflix

Maya passou a sentir sintomas inexplicáveis, como fraqueza muscular e sensação de queimação quando tinha nove anos e ante as inúmeras tentativas frustradas a familia optou por um tratamento experimental, não conservador.

Pois bem, quando Maya tinha 10 anos, em 2015, ela foi internada no Hospital Johns Hopkins All Children’s, referência em atendimento infantil com crise severa de asma e dores.

Ao dar entrada na unidade, sua mãe, Beata Kowalski, que era enfermeira, alegou que a filha tinha dores crônicas que exigiam tratamentos arriscados com um certo medicamento e pediu que receitassem à filha uma dose elevada de cetamina, o único tratamento que aliava a dor da filha.

Anthony Kirkpatrick, um anestesiologista especializado em síndrome da dor regional complexa (SDRC), profissional este que foi encontrado pela mãe, após muita pesquisa, diagnosticou Maya com a rara síndrome e a criança foi tratada no México, com altas doses de cetamina, o que não seria possível em solo americano.

Esse fármaco foi descoberto em 1962, e classificado como anestésico, com aplicação hipnótica e aspecto analgésico, foi desenvolvida para induzir ou manter anestesia, mas também para administrar dores intensas.

No entanto, os médicos do Hospital não acreditaram na história e entraram em contato com autoridades locais de bem-estar infantil, o equivalente ao nosso Conselho Tutelar. Depois disso, os pais de Maya perderam a guarda da criança e foram acusados de abuso infantil.

Após 85 dias sem a filha, a mãe, desesperada, cometeu suicídio em casa.

O diagnóstico da doença foi confirmado por dois outros especialistas depois da tragédia que atingiu a familia.

Maya durante o julgamento 'Take Care of Maya', onde o hospital foi considerado responsável pelo suicídio da mãe. | Foto: Reprodução 

Nesta quinta-feira, 9 de novembro o New York Post, anunciou que Maya Kowalski, hoje com 17 anos, ganhou uma ação judicial contra o Hospital Johns Hopkins All Children’s por negligência médica após ter sido separada ilegalmente da mãe e receberá uma indenização de US$ 220 milhões (cerca de R$ 1 bilhão, na cotação atual).

Maya foi ouvida e disse que os funcionários do hospital desprezavam sua condição e acreditavam que sua mãe sofria de uma síndrome e inventava doenças para chamar a atenção. Disse ainda que se sentia solitária e abandonada enquanto ficou sob a tutela do estado

A adolescente chorou muito muito ao escutar a decisão do júri da Flórida e certamente haverá recurso do Hospital. Fato é que nenhum dinheiro do mundo irá devolver a esta familia o que delas foi tirado.

INJUSTIÇA TAMBEM MATA!

 

Valéria Calente

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