Doença é responsável por 70% das perdas totais em gados leiteiros; cada vaca infectada pode deixar de produzir até 3 litros por dia
Doença inflamatória que afeta as glândulas mamárias das vacas leiteiras, a mastite bovina causa um prejuízo anual de até 1,75 bilhão de litros de leite no Brasil. Pesadelo dos pecuaristas, ela também é responsável por 70% das perdas totais, uma vez que a progressão da condição pode levar os bovinos à morte natural ou à necessidade de sacrifício. Os dados são de uma pesquisa publicada, em 2022, pela UENP (Universidade Estadual do Norte do Paraná).
Atualmente, o Brasil é o 6º maior produtor mundial de leite com, aproximadamente, 35 bilhões de litros anuais, atrás de Índia, União Europeia, Estados Unidos, Paquistão e China. Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), a cidade de Castro, no Paraná, ocupa o primeiro lugar na produção leiteira tupiniquim, com 381,7 milhões de litros ao ano. No mesmo estado, Carambeí está em segundo lugar, com 227,8 milhões de litros.
Os prejuízos financeiros decorrentes da doença têm forte impacto na economia do país, comprometendo o mercado (inter)nacional. Segundo a Embrapa Gado de Leite, vacas infectadas com mastite podem deixar de produzir até três litros por dia. Este número pode chegar a um déficit de impressionantes, 1.095 litros ao ano por animal.
De acordo com o Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq-USP (Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” da Universidade de São Paulo), o preço médio do leite cru captado pelos laticínios brasileiros em abril deste ano atingiu a marca de R$ 2,8961 por litro. Desde o início de 2023, o valor da bebida registrou um crescimento de 11,8%. Dados de 2022, divulgados pela Pnad Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua), do IBGE, mostraram que o valor médio do litro de leite integral ao consumidor final era de R$ 3,60.
Bactérias intramamárias
“A mastite bovina é causada, principalmente, por bactérias patogênicas intramamárias. Há dois tipos da doença, a clínica e a subclínica. A primeira é quando conseguimos observar alterações no leite e no próprio animal, como edemas, febre, diminuição do apetite, dor e endurecimento das mamas, pus, sangue ou outras alterações no líquido. Já a outra se apresenta silenciosa, não sendo detectada a olho nu, somente por testes de controle de qualidade”, afirma o médico veterinário Marcos Ferreira, gerente de Produto Pecuária da UCBVET Saúde Animal.
O exame mais usado para o diagnóstico da mastite subclínica é feito via instrumentos que mostram os valores da CCS (Contagem de Células Somáticas). Números acima de 200 mil células/ml indicam que a saúde da mama do animal está comprometida. Há, também, o exame CMT (California Mastitis Test), que consiste na reação entre a mistura de uma amostra de leite e um reagente químico. Assim, em caso da formação de um gel, o resultado é positivo.
Prevenção e tratamento
A prevenção envolve medidas como a adoção de boas práticas de manejo – higiene adequada do úbere (mama) antes da ordenha e manutenção de ambientes limpos e secos, entre outras ações. A detecção precoce é fundamental, uma vez que casos mais graves e infecções generalizadas podem levar à morte do animal. Além disso, exames regulares de contagem de células somáticas e bacterianas podem ser realizados para identificar as vacas infectadas e implementar medidas de controle.
Manter o equipamento de ordenha calibrado é, também, uma forma eficaz de prevenção. O uso adequado dessa ferramenta evita lesões nas tetas em função do excesso de vácuo ou permanência de resíduos de leite logo após a ordenha. Uma forma de tratamento é o uso de antibióticos prescritos por médico veterinário. O Mastigen VL, por exemplo, é o único antimicrobiano intramamário com base em marbofloxacina do mundo. A fórmula do produto, desenvolvido pela UCBVET Saúde Animal, inibe o DNA bacteriano, bloqueando a proliferação e eliminando enzimas bacterianas causadoras da doença.
“Quando pensamos em saúde animal, não basta se atentar somente aquilo que é visível aos olhos. É fundamental que o espaço de ordenha esteja limpo e higienizado e que haja profissionais especializados para identificar bovinos com sintomas da mastite. Porém, não adianta tratar de forma medicamentosa o problema se o antibiótico usado causará outras dores de cabeça. A classe de antibióticos fluoroquinolonas, presente na composição do Mastigen VL, não age sobre as enzimas do DNA dos mamíferos, garantindo baixa toxicidade nessas espécies”, salienta Ferreira.
Em muitos casos, os produtos utilizados na produção de leite precisam passar por um período de “carência” ou “descarte” para garantir que possíveis resíduos ou efeitos indesejados não o contaminem. Um medicamento com baixo período de descarte é uma vantagem para o produtor, pois permite que o leite possa ser colocado rapidamente à disposição para o processamento, sem comprometer a qualidade ou a sua segurança, garantindo mais lucro para a cadeia produtiva.