Colaboradores - Rodrigo Pagliani

Mani - O Cão Perito

23 de Agosto de 2023

O primeiro cão de biodetecção oficial da polícia científica

Manioca, o mani
 
‘Mani’ é um cão de biodetecção, formado e habilitado na identificação de sangue humano para apoio a exames periciais de crimes contra a vida. 

Treinado por um perito criminal médico veterinário, faz parte de um projeto específico e já participou de mais de 30 exames oficiais, ajudando a localizar vestígios de sangue latente. Foi o primeiro a ser treinado para fins de perícia criminal e é o único oficial no brasil.

Foto: Divulgação

 Mani, a história
 
O vira-lata foi adotado pelo perito criminal joão henrique, de um local de crime em que a equipe atuou. 

Na ocasião havia uma ideia preliminar de um projeto sobre biodetecção e mani acabou sendo selecionando para participar das primeiras experimentações do programa.

Foto: Divulgação

O treinamento do cão foi direcionado para detecção de sangue humano. muito rapidamente apresentou resultados excepcionais e ficou cada vez mais apto a atuar nas investigações.

O projeto teve inicio em 2019, na equipe de perícias criminalísticas de jacareí, foi ampliado e transferido para o núcleo de perícias criminalísticas de são josé dos campos em 2020. No final deste mesmo ano mani fez seu primeiro local de crime, e este foi o primeiro local do país a utilizar esta metodologia.

 

O Faro

Um talento extraordinário

Foto: Divulgação

Mani é um cão de faro extremamente apurado, cuja expertise é identificar sangue humano em cenas de crimes. Sua habilidade é impressionante. É capaz de identificar vestígios de sangue diluídos numa proporção de 0,00000000001 ml (1ml x 10-¹º).

Na prática consegue encontrar machas de sangue recentes e antigas, mesmo após o local ter sido limpo e lavado. Fareja manchas que até os reagentes quimioluminescentes, como o 'luminol', têm dificuldade em marcar. 

A Perícia na prática

O acionamento
 
O delegado responsável por investigações de homicídios da região solicida perícia por suspeita de substância hematóide. No caso, DEINTER 1, onde estão as equipes atendidas pelo núcleo de perícias criminalísticas de são josé dos campos.

Ao receber este tipo de pedido, o diretor solicita o apoio técnico do cão.

Foto: Divulgação

Esta requisição é realizada com no mínimo 24 horas de antecedência e desde a véspera o cão não realiza nenhuma atividade que dispenda muita energia, para que no momento da perícia esteja bem disposto.


 
A Perícia na prática

No local

O perito condutor vai com o cão até o local onde encontra a equipe do plantão responsável pelo caso.

O cão é o primeiro a passar por toda a cena e sinaliza os pontos onde detectou sangue. A equipe então sinaliza com os marcadores pericias cada ponto.

Em seguida é preparado e aplicado o reagente quimioluminêscente (‘luminol’). Há então a confirmação dos pontos indicados pelo cão.

Nunca houve falso positivo. 
 
Alguns casos 

Foto: Divulgação

Desde o início

Em seu primeiro caso mani tinha pouco mais de um ano. fez a varredura de um pequeno galpão em são josé dos campos, possível cenário da execução de um homem. o local estava limpo. em dois minutos apontou o espaço atrás de uma escrivaninha. quando os policiais deslocaram a mesa encontraram uma perfuração na parede com um projétil alojado. logo adiante, mani apontou o chão.

"Ele identificou a mancha de sangue depois da vítima ter sido baleada e o que parecia ser vestígio do arrasto do corpo", relata o perito joão henrique.

Os investigadores comprovaram o feito com uso de reagentes quimioluminescentes. 

"Buscamos então imagens das câmeras [de segurança] no entorno e descobrimos um veículo. levamos o cão, ele apontou dentro do carro onde havia sangue também."

Foto: Divulgação

A reconstituição passo a passo permitiu que o corpo fosse encontrado e a dinâmica do crime revelada.

Alguns casos 

Exemplo em veículo

Foto: Divulgação

Nesta ocorrência, um homem era suspeito de ter assassinado sua namorada dentro do veículo e depois ter lavado tudo minuciosamente na tentativa de ocultar as provas.

A polícia científica foi acionada e na requisição de exame pericial, o objetivo: “buscas por vestígios de sangue humano em veículo”.

O exame:

Com todas as portas do veículo abertas, foi solicitado que o cão iniciasse a busca pelo odor de sangue. 

Ao localizar as amostras de sangue aponta, sentando-se em frente à amostra e olha fixamente para a fonte de odor até que seja recompensado. O cão positivou de forma assertiva e rápida 3 pontos do interior do veículo.

Foi então realizado exame com reagente quimioluminêscente (‘Luminol’), que confirmou os pontos indicados pelo cão.

- Mais um caso solucionado e o criminoso condenado. -

 

Considerações

O trabalho realizado com a biodetecção traz, além de muita agilidade, imensa economicidade em termos de utilização de reagentes como o 'Luminol'.

O uso de substâncias quimioluminescentes é comum em espaços reduzidos. Porém, em lugares amplos ou áreas externas, existem as dificuldades técnicas, a começar pela necessidade de escuridão total para que o perito criminal visualize a reação.

O cão consegue ser efetivo no local dos fatos, pois vai diretamente ao ponto de sangue, inclusive se já lavado.

A polícia científica estuda a criação de um protocolo para o uso de novos cães farejadores de sangue pelo país.

Mani e o perito criminal joão henrique machado, seu treinador e condutor (e Tutor). | Foto: Divulgação 

"Nada para mani é trabalho. Tudo é uma grande diversão", Conta Jõao.

A cada acerto do animal, o afaga, pega sua bolinha, a aperta e joga.

Também é João o responsável pelo bem-estar do animal, que passeia sempre, brinca muito, se alimenta de comida equilibrada, realiza exames de saúde periódicos, e principalmente, recebe muito carinho.

Mani e o perito criminal joão henrique machado, seu treinador e condutor (e Tutor). | Foto: Divulgação 

Núcleo de perícias criminalísticas de São José dos Campos

Instituto de Criminalística do Estado de São Paulo Superintendência da Polícia Técnico-Científica

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