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Afinal de contas, transtornos mentais ou doenças cerebrais? Psiquiatras da USP explicam

26 de Junho de 2023

Abaixo seguem alguns pontos importantes para que os leigos auxiliem na disseminação da informação correta

O termo transtorno mental e transtorno psiquiátrico estão fortemente enraizados na linguagem popular, e, apesar do último ser o mais comum de se utilizar ultimamente, na opinião dos psiquiatras e doutores da USP, Diego Freitas Tavares e Ricardo Alberto Moreno, os termos devem ser evitados. Para deixar tais doenças completamente livres de algum sentido pejorativo, o certo seria associar a palavra cerebral para melhor lembrar a todos que transtornos cerebrais psiquiátricos seriam doenças médicas, de etiologia cerebral, mas de manifestação psiquiátrica e não neurológica.

Neste sentido, seguem as explicações dos doutores no livro Depressão e Transtorno Bipolar: A complexidade das doenças afetivas’ (Selo Vital – Editora Pandorga) sobre questões importantes para que os leigos saibam e possam ajudar a disseminar as informações corretas. Desta forma, todos podem contribuir para diminuir a ansiedade dos indivíduos portadores, familiares e redes de apoio.

- O termo transtorno mental estigmatiza, porque transmite a ideia de que a depressão e o transtorno bipolar são doenças da mente, e, portanto, psicológicas, ou seja, adoeceu porque pensou de maneira errada ou nociva, o que é profundamente falso.

- O termo transtorno psiquiátrico também deve ser usado com cautela porque remete intuitivamente a quadros graves e que a pessoa perde o controle sobre o próprio comportamento, o que na realidade representa a menor porcentagem dos transtornos psiquiátricos, visto que a maioria deles são leves ou moderados.

- O melhor é utilizar a palavra cerebral, ao invés de metal, para lembrar a todos que transtornos cerebrais psiquiátricos seriam doenças médicas, de etiologia cerebral, mas de manifestação psiquiátrica e não neurológica.

- Todos os estados de humor, pensamento e comportamento recorrentes e estereotipados, que pertencem a uma determinada síndrome psiquiátrica, decorrem de um funcionamento anormal do cérebro.

- O fato de ser um transtorno cerebral não quer dizer que só se trata com remédios. Tanto os medicamentos com efeito no sistema nervoso quanto as psicoterapias embasadas por evidências possuem a capacidade em potencial de alterar a maneira como as funções do cérebro são desempenhadas.

Ficha Técnica:

Depressão e Transtorno Bipolar

Autores: Diego Freitas Tavares e Ricardo Alberto Moreno

ISBN: 978-65-87140-66-7

Formato: 16cm x 23cm

Páginas: 176 páginas

Acabamento: Brochura

Sobre os autores: Dr. Diego Freitas Tavares é médico psiquiatra e doutor em Medicina pela Universidade de São Paulo (USP). Coordena o Ambulatório Integrado de Bipolares do Grupo de Estudos de Doenças Afetivas (FMUSP) e o Programa de Transtornos Afetivos (FMABC). É também pesquisador no Serviço Interdisciplinar de Neuromodulação e Estimulação Magnética Transcraniana (FMUSP).

Dr. Ricardo Alberto Moreno é médico psiquiatra e doutor em Medicina pela Universidade de São Paulo (FMUSP), além de professor da Pós-graduação e do Departamento de Psiquiatria e diretor/fundador do Programa de Transtornos Afetivos do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas, todos na mesma instituição.

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