Ópera baseada em texto de Machado de Assis estreia no dia 22 de junho. A montagem da Academia de Ópera e da Orquestra Jovem do Theatro São Pedro conta com direção musical de Maíra Ferreira e direção cênica de Julianna Santos
Crédito: Heloísa Bortz |
O Theatro São Pedro, instituição da Secretaria da Cultura e Economia Criativa do Estado de São Paulo, gerido pela Santa Marcelina Cultura, apresenta no mês de junho a estreia mundial da ópera O Machete, do compositor brasileiro Andté Mehmari (1977-).
Inspirada em um conto homônimo de Machado de Assis (1839- 1908), publicado originalmente em 1878, a história retrata Inácio Ramos, um tocador amador de violoncelo, que só compõe e toca em momentos específicos de sua vida, como morte de sua mãe e ocasiões especiais com sua esposa e filho. Até que, em certo momento, ele conhece Barbosa um estudante de direito que toca o machete (instrumento de origem portuguesa maior que o cavaquinho e menor que a viola).
“O conto do Machado de Assis é muito musical. Ele era um gênio em traduzir na literatura o momento artístico e social do Brasil naquele momento, naquela virada de século, do 19 para o 20, no Rio de Janeiro. E, é claro que estava atento ao que acontecia também na música. Machado de Assis traça uma narrativa em torno do Inácio, um violoncelista, que tem sua vida marcada pela passagem de um tocador de machete. Esse cruzamento de informações musicais, do sublime e lírico europeu do violoncelo ao popular e pujante do machete se reflete na música de compositores como Ernesto Nazareh, Anacleto de Medeiros, Chiquinha Gonzaga, entre outros tantos criadores”, explica o compositor André Mehmari. E completa: “o conto é musicável na sua própria natureza. Todos os personagens, para mim, exalam música o tempo todo. Então, foi um processo de composição muito natural e fluido, porque o texto me nutriu de muitas ideias a serem traduzidas em música”.
Com récitas nos dias 22, 23, 24 e 25 de junho, o espetáculo tem direção musical e regência de Maíra Ferreira, que comanda a Orquestra Jovem do Theatro São Pedro, direção cênica de Julianna Santos, cenografia de Giorgia Massetani, iluminação de Kuka Batista, figurinos de Juliana Bertolini e visagismo de Tiça Camargo. A montagem traz ainda um elenco formado pela Academia de Ópera do Theatro São Pedro, além de cantoras e cantores convidados e da participação do violoncelista Rafael Cesário.
“Eu busco transmitir a complexidade da criação “machadiana”, que não é moralista, não procura favorecer um viés em detrimento de outro, não busca que se tire conclusões óbvias. Na verdade, Machado de Assis abre a pergunta que ele fez em 1878 com esse conto para os dias de hoje, para 2023. E são poucos gênios que tem essa capacidade de permanecerem tão atuais”, afirma André Mehmari.
A montagem de O Marchete é fruto de uma parceria entre a Santa Marcelina Cultura, o Projeto Ópera e o Sistema Nacional de Orquestras Sociais - Sinos. Esses projetos fazem parte do Programa Arte de Toda Gente, uma iniciativa conjunta da Fundação Nacional de Artes - Funarte e da Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ, por meio de sua Escola de Música.
Para democratizar o acesso e promover a formação de público, as récitas têm entrada gratuita.
TEMPORADA LÍRICA 2023 | THEATRO SÃO PEDRO
O MACHETE
DE ANDRE MEHMARI (1977-)
ACADEMIA DE ÓPERA DO THEATRO SÃO PEDRO
ORQUESTRA JOVEM DO THEATRO SÃO PEDRO
Maíra Ferreira, direção musical
Julianna Santos, direção cênica
André Mehmari, concepção musical, cravo e rabeca
Giorgia Massetani, cenografia
Kuka Batista, iluminação
Juliana Bertolini, figurino
Tiça Camargo, visagismo
Elenco
Wagner Platero, (Inácio) - dias 23 e 25/06
Willian Manoel, (Inácio) - dias 22 e 24/06
Alessandra Carvalho, (Carlota) - dias 22 e 24/06
Alessandra Wingter, (Carlota) - dias 23 e 25/06
Robert Willian, (Barbosa) - - dias 22 e 24/06
Marcela Bueno, (Mãe) - - dias 22 e 24/06
Maria Thereza, (Mãe) - dias 23 e 25/06
Isabelle Dumalakas, Débora Neves e David Medrado - (Amigos)
Ádamo, (Amaral/Pai)*
Gustavo Lassen, (Professor)*
Juliana Taino, (Preta)*
*solistas convidados
Rafael Cesário, violoncelo
Récitas: 22, 23, 24 e 25 de junho, quinta a sábado às 20h,
domingo às 17h
ENTRADA FRANCA
https://feverup.com/pt/sao-
Classificação indicativa: livre
Duração: 60 minutos
THEATRO SÃO PEDRO
Com mais de 100 anos, o Theatro São Pedro, instituição do Governo do Estado de São Paulo e da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado, gerido pela Santa Marcelina Cultura, tem uma das histórias mais ricas e surpreendentes da música nacional. Inaugurado em uma época de florescimento cultural, o teatro se insere tanto na tradição dos teatros de ópera criados na virada do século XIX para o XX quanto na proliferação de casas de espetáculo por bairros de São Paulo. Ele é o único remanescente dessa época em que a cultura estava espalhada pelas ruas da cidade, promovendo concertos, galas, vesperais, óperas e operetas. Nesses mais de 100 anos, o Theatro São Pedro passou por diversas fases e reinvenções. Já foi cinema, teatro, e, sem corpos estáveis, recebia companhias itinerantes que montavam óperas e operetas. Entre idas e vindas, o teatro foi palco de resistência política e cultural, e recebeu grandes nomes da nossa música, como Eleazar de Carvalho, Isaac Karabtchevsky, Caio Pagano e Gilberto Tinetti, além de ter abrigado concertos da Osesp. Após passar por uma restauração, foi reaberto em 1998 com a montagem de La Cenerentola, de Gioacchino Rossini. Gradativamente, a ópera passou a ocupar lugar de destaque na programação do São Pedro, e em 2010, com a criação da Orquestra do Theatro São Pedro, essa vocação foi reafirmada. Ao longo dos anos, suas temporadas líricas apostaram na diversidade, com títulos conhecidos do repertóriotradicional, obras pouco executadas, além de óperas de compositores brasileiros, tornando o Theatro São Pedro uma referência na cena lírica do país. Agora o Theatro São Pedro inicia uma nova fase, respeitando sua própria história e atento aos novos desafios da arte, da cultura e da sociedade.
SANTA MARCELINA CULTURA
Eleita a melhor ONG de Cultura de 2019, além de ter entrado na lista das 100 Melhores ONGs em 2019 e 2020, a Santa Marcelina Cultura é uma associação sem fins lucrativos, qualificada como Organização Social de Cultura pelo Governo do Estado de São Paulo, por meio da Secretaria de Cultura e Economia Criativa que atua com a missão de formar pessoas. Criada em 2008, é responsável pela gestão do Guri na Capital e Grande São Paulo, da Escola de Música do Estado de São Paulo – Tom Jobim (EMESP Tom Jobim) e do Theatro São Pedro. Desde 2022, é responsável pela gestão do Guri no Interior, Litoral e Fundação CASA. O objetivo da Santa Marcelina Cultura é desenvolver um ciclo completo de formação musical integrado a um projeto de inclusão sociocultural, promovendo a formação de pessoas para a vida e para a sociedade. No Theatro São Pedro, a Santa Marcelina Cultura desenvolve um trabalho voltado a montagens operísticas profissionais de qualidade aliado à formação de jovens cantores e instrumentistas para a prática e o repertório operístico, além de se debruçar sobre a difusão da música sinfônica e de câmara com apresentações regulares no Theatro. Para acompanhar a programação artístico-pedagógica do Guri, da EMESP Tom Jobim e do Theatro São Pedro, baixe o aplicativo da Santa Marcelina Cultura. A plataforma está disponível para download gratuito nos sistemas operacionais Android, na Play Store, e iOS, na App Store. Para baixar o app, basta acessar a loja e digitar na busca “Santa Marcelina Cultura”.