Cultura - Teatro

“O Dia das Mortes na História de Hamlet” estreia em 16 de março, no Sesc 24 de Maio

16 de Março de 2023

Guilherme Leme Garcia dirige a montagem estrelada por Lavínia Pannunzio, Leopoldo Pacheco, Larissa Noel e Tiago Martelli

Fotografia de João Pacca

A forma como eu pude ler, compreender Hamlet, deve-se muito a Bernard-Marie Koltès”

Pat rice Chéreau

“O Dia das Mortes na História de Hamlet” estreia em 16 de março, quinta- feira, no Sesc 24 de Maio, em curta temporada até 09 de abril, de quinta a domingo. Montagem inédita no Brasil traz à cena também pela primeira vez uma dupla de atores-amigos que se conhece há quatro décadas e que até então não hav ia contracenado no teatro; os veteranos Lavínia Pannunzio e Leopoldo Pacheco, que interpretam um dos casais mais complexos do teatro shakespeariano, Gertrudes e Claudius. Já os atores Tiago Martelli e Larissa Noel fazem o casal mais jovem, não menos complexo na história.

Bernard Marie-Koltès (1948-1989) é considerado uma das vozes mais significativas da dramaturgia europeia do século XX, e embora tenha morrido com 41 anos, deixou inúmeras e importantes obras teatrais, inspiradas ou adaptadas dos grandes clássicos.

Admirador e estudioso da obra de Shakespeare escreveu em 1974 “Le jour des meurtres dan l’histoire d´Hamlet”, título traduzido para o português em ”O dia das mortes na história de Hamlet” a partir do clássico do bardo inglês. Escrita na juventude (talvez hoje ele quisesse mudar o texto) a obra condensa os acontecimentos de “Hamlet” em quatro personagens – Hamlet, Ofélia, Gertrudes e Claudius – e num só dia, o ‘dia da matança’, numa versão na qual a tragédia é transformada em uma crônica familiar contemporânea.

O professor lusófono Rui Pina Coelho observa que  na  escrita de Koltès aparecem metáforas terrivelmente descrentes do mundo ocidental e cinicamente críticas do modo como o homem habita e se relaciona no mundo contemporâneo.

Há ecos de todas as vozes nas quatro personagens centrais do texto de Koltès, que segue a estrutura clássica de cinco atos e uma abordagemcronológica do último dia da peça original.

Neste drama, é como se Koltès perguntasse aos espectadores: o que os personagens de Shakespeare fariam de diferente se, na primeira cena, eles já soubessem de seu trágico final, mas não tivessem como escapar dele? Esta versão condensada permite uma exploração ágil e urgente dos horrores do mundo às paixões destrutivas da família.

Koltès reflete emsuas peças a preocupação comas minorias, com os marginais, com os estrangeiros, com a política, com a solidão e a violência crua.

“Hamlet”, essa obra tão complexa e poderosa, através da reescrita de Koltès, ainda ressoa viva e reflete os indivíduos e as questões que assolam o mundo. A escolha de encenar este texto se deu pela provocação da escrita ágil do autor e principalmente pelo desafio de trabalhar com esse personagem complexo e admiráv el”, diz Tiago Martelli, ator e idealizador do projeto.

Bernard-Marie Koltès destila alquimicamente a essência profunda das personagens para compor o seu dia das mortes. Os heróis de Koltès são capazes de cometer monstruosidades.

Em lugares fechados e ameaçadores, que parecem resultar do caos da natureza e da sociedade, os seres humanos estão em permanente luta. O tempo na escrita de Koltès é contínuo, assim como um labirinto, um percurso

circular cujo final retorna ao começo. Eminentemente urbano nos assuntos e nas formas, Koltès também é representante de um tipo de dramaturgia que textos do passado se encontram à disposição para serem retrabalhados à luz da contemporaneidade. Em suas peças reflete a preocupação com as minorias, com os marginais, com os estrangeiros, com a política, com a solidão e a v iolência crua.

“Aprender e desvendar a gramática e a poética que Koltès utiliza para contar sua instigante adaptação de Hamlet. Buscar a força da palav ra emitida no espaço, torná-la concreta, v isível e palpáv el até que toda a cena esteja desenhada. Pesquisar o gesto necessário, sensível, absoluto na sua forma e conteúdo para poder dispensar todo o supérfluo. Enfim, apresentar o teatro na sua essência, na sua mais pura verdade”, conclui Guilherme Leme Garcia.

Ficha Técnica

Texto: Bernard-Marie Koltès Tradução: Claudio Serra

Direção: Guilherme Leme Garcia Assistência de direção: Sofia Papo

Elenco: Lavínia Pannunzio, Leopoldo Pacheco, Larissa Noel e Tiago Martelli -- Gertrudes, Claudius, Ofélia e Hamlet respectivamente

Desenho de Luz: Aline Santini

Cenografia: Mira Andrade

Figurino: João Pimenta

Trilha: Barulhista

Visagismo: Leopoldo Pacheco

Fotografia e Designer: João Pacca

Diretor de Palco: Wesley dos Reis

Contra-regra: Adriano Parelho

Operador de Luz: Maurício Shirakawa

Operador de Som: Vinicius Scorza

Assessoria de imprensa: Adriana Monteiro - Ofício das Letras

Supervisão de tradução: Angela Leite Lopes

Idealização: Tiago Martelli

Produção: Cicero de Andrade e Vivian Vineyard - Mosaico Produções

O Dia das Mortes na História de Hamlet Temporada de 16 de março a 9 de abril O Dia das Mortes na História de Hamlet Temporada de 16 de março a 9 de abril

Datas: Quintas, sextas* e sábados, às 20h. Domingos, às 18h *dia 7/4 o Sesc 24 de Maio estará fechado

Local: Sesc 24 de Maio (Teatro) – Rua 24 de Maio, 109 – 350 metros do metrô República

Ingressos: R$40 (inteira), R$ 20 (meia) e R$12 (credencial plena). Venda online

no site sescsp.org.br/24demaio a partir de 7/3, terça às 12h e presencial, nas

bilheterias das unidades Sesc SP dia 8/3, quarta às 17h. (OBS: abertura de venda para toda a temporada)

Classificação: 14 anos

Duração: 80 minutos

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