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Fazenda Campina é fonte de pesquisa para estudo sobre agricultura regenerativa

10 de Agosto de 2022

Localizada no município de Caiuá (SP), a Fazenda Campina é parte de um projeto de pesquisa financiado pela FAPESP cujo objetivo é avaliar, monitorar e modelar sistemas de integração lavoura-pecuária (ILP), considerando sua dinâmica, combinando sensoriamento remoto, agricultura de precisão e modelos de simulação baseados em processos para alcançar sistemas de produção sustentáveis e uma agricultura regenerativa.

A equipe, formada por professores da Unicamp e da Unoeste, pesquisadores da Embrapa Agricultura Digital, da Holanda e do Estados Unidos, tem trabalhado no estudo desde 2017. Segundo o professor da Faculdade de Engenharia Agrícola da Unicamp e coordenador do projeto, Paulo Graziano, o plano de pesquisa compreende três fases principais: monitoramento de sistemas de cultivo, gerenciamento da área e modelagem de processos de sistemas de lavoura e pastagem no Brasil.

Graziano explica que a primeira fase é baseada na análise de dados de sensoriamento remoto com o propósito de identificar e monitorar sistemas ILP. “O monitoramento de sistemas de cultivo altamente dinâmicos usando dados de sensoriamento remoto ainda é um desafio, especialmente em sistemas ILP, onde culturas e gado compartilham os campos ao longo ano para fornecer sustentabilidade aos sistemas agrícolas e substituir a produção agrícola tradicional extensiva/áreas de pastagens degradadas”, explica.

A dinâmica das mudanças de uso da terra dentro do ILP dificulta a identificação dos padrões em dados de sensoriamento remoto que podem representar tais sistemas. “No entanto, o recente lançamento de novas plataformas espaciais como os satélites Sentinel e PlanetScope, com melhores resoluções espaciais e temporais, aumentou as possibilidades de mapeamento de tipos de cultivos com base em análises de séries temporais de dados de sensoriamento remoto, com possibilidade de uso conjunto de imagens ópticas e de radar”, ressalta.

A segunda fase do projeto tem como base o gerenciamento específico da área, uma vez que caracterizar a variabilidade espacial das propriedades do solo, principalmente atributos de fertilidade em áreas de ILP, ainda é um desafio. O manejo de diferentes cultivos associados à interferência do gado nesse sistema eleva a variabilidade espacial em pequenas distâncias. Técnicas mais robustas de interpolação de mapas e uso de variáveis auxiliares melhoraram a qualidade da caracterização desses atributos do solo em áreas de ILP.

De acordo com o pesquisador, um outro desafio para os produtores de sistemas ILP é a integração de informações espaciais como relevo, solo e cultura no processo de decisão da agricultura de precisão. “Técnicas de fusão de dados permitem resumir informações de diferentes fontes em um único mapa, o qual pode ser utilizado como informação auxiliar para complementar a gestão da área e, consequentemente, aumentar a eficiência do ponto de vista da sustentabilidade”, explica.

Já a terceira etapa está baseada na experiência em sensoriamento remoto de ILP, nos dados coletados pela segunda etapa do projeto e na modelagem de processos de sistemas de lavoura e pastagem no Brasil.

Visando contribuir com a compreensão dos impactos do referido ILP recém-implementado no Oeste de São Paulo, a última etapa está dividida em três subtarefas com objetivos direcionados da seguinte forma: impactos na qualidade do solo de sistemas integrados de produção agropecuária e práticas de manejo associadas; avaliação dos efeitos de sistemas ILP e práticas de manejo associadas na produção vegetal e no carbono do solo usando modelos de simulação (biogeoquímicos e em nível de ecossistema) com estimativa dos impactos regionais de tal sistema de produção na dinâmica do carbono no solo na referida região.

Para o pecuarista Carlos Viacava, titular da marca CV e da Fazenda Campina, o estudo desenvolvido pelo grupo de trabalho liderado pelo Professor Paulo Graziano é muito importante. “Nossa propriedade é referência em sistema de ILP e tem sido uma honra poder contribuir para o avanço dessa pesquisa que visa manter a prática pecuária cada vez mais sustentável e regenerativa”, finaliza.

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