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Adiar a maternidade: congelar óvulos ou embriões? O que a ciência recomenda?

20 de Julho de 2022

Congelamento de óvulos é mais interessante para mulheres que não têm parceiro e desejam postergar a gestação, enquanto a fertilização in vitro com posterior congelamento de embriões é mais indicada para quem tem o relacionamento estável ou quando o casal tem a pretensão de ter dois ou três filhos

Congelamento de óvulos

As técnicas de Reprodução Humana garantiram a fertilidade de muitas pessoas e, desde que surgiram, permitiram o nascimento de milhões de bebês, sendo que de outra forma não teriam nascido. “Foram avanços realmente revolucionários. Desde que o primeiro bebê nasceu por meio da Fertilização In Vitro em 1978, essa foi a conquista mais notável em fertilidade até hoje. Mas também há as técnicas de preservação da fertilidade, como o congelamento de óvulos”, explica o Dr. Rodrigo Rosa, especialista em Reprodução Humana e diretor clínico da clínica Mater Prime, em São Paulo. Afinal, o que a ciência recomenda: congelar óvulos ou fazer fertilização in vitro para congelar embriões? “Temos que levar em consideração alguns fatores e a conduta deve ser individualizada”, responde o especialista.

De acordo com o Dr. Rodrigo, o congelamento de óvulos é mais interessante para mulheres que não têm parceiro e desejam postergar a gestação, aumentando assim a chance de gravidez no futuro, com um futuro parceiro ou através de uma produção independente (maternidade solo). “É interessante fazer imediatamente a fertilização in vitro com posterior congelamento de embriões no caso de mulheres que têm o relacionamento estável e desejam, como casal, adiar a gestação. Ou ainda quando o casal tem a pretensão de ter dois ou três filhos”, explica o médico.

O especialista destaca que a vantagem do congelamento de óvulos é que eles pertencem apenas à mulher: “É possível fazer a fertilização in vitro, posteriormente, com qualquer sêmen, sendo de um parceiro ou doador, e ela pode descartar a qualquer momento. A vantagem da fertilização in vitro, no entanto, é que o congelamento do embrião permite que saibamos com antecedência a sua qualidade, o que nos dá uma chance mais aproximada da realidade em termos de prognóstico de gravidez. Ao congelar um embrião, já sabemos a qualidade dele e se ele é normal cromossomicamente ou não. O congelamento de óvulos não permite isso, já que o óvulo é uma célula única e não tem como testar a qualidade genética do óvulo; só dá para saber no futuro, quando for fertilizado”, explica o médico.

Um embrião cromossomicamente normal, independentemente do tempo em que ele vai ser transferido, oferece 60% de chance de se tornar um bebê. “Já quanto aos óvulos, isso vai depender muito da quantidade, mas essa estimativa em termos de percentual de chances de ter um bebê vai ser mais variável, porque há um risco de perder mais óvulos no descongelamento ou ter um desenvolvimento pior. A taxa de sobrevivência ao descongelamento é melhor em embrião (98% a 99%), em comparação à dos óvulos (92%). Quando possível, congelar embrião é mais interessante”, diz o Dr. Rodrigo Rosa.

A desvantagem da fertilização com consequente congelamento de embrião, em vez de óvulo, é que o embrião pertence ao casal. “Então se houver uma separação no futuro, a mulher não poderia transferir os embriões. E precisaria de um acordo entre ela e o ex-parceiro para saber o destino desses óvulos fecundados. Aliás, o embrião não pode ser descartado antes de 3 anos e precisa de autorização judicial, segundo a nova Resolução do Conselho Federal de Medicina. Então, a burocracia do descarte de embriões é muito maior do que a de óvulos”, diz o médico. “Existem várias nuances que devem ser levadas em consideração, o melhor a fazer é conversar com o médico para definir os caminhos a serem seguidos”, finaliza o especialista.

FONTE:

*DR. RODRIGO ROSA: Ginecologista obstetra especialista em Reprodução Humana e sócio-fundador e diretor clínico da clínica Mater Prime, em São Paulo, e do Mater Lab, laboratório de Reprodução Humana. Membro da Sociedade Brasileira de Reprodução Assistida (SBRA) e da Sociedade Brasileira de Reprodução Humana (SBRH), o médico é graduado pela Escola Paulista de Medicina – Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP/EPM). Especialista em reprodução humana, o médico é colaborador do livro “Atlas de Reprodução Humana” da Sociedade Brasileira de Reprodução Humana. Instagram: @dr.rodrigorosa

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