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De volta ao campo, Rally da Safra avalia impactos do clima nas lavouras de milho segunda safra

19 de Maio de 2022

Seis equipes técnicas percorrerão os principais Estados produtores até 11 de junho

O Rally da Safra volta à estrada, a partir desta semana, para dimensionar o potencial produtivo da segunda safra de milho que registra o plantio mais adiantado da história e altos investimentos em tecnologia. Será também o momento para constatar o tamanho da frustração causada pelo clima adverso nas lavouras de milho segunda safra. Os desafios do trabalho em campo começaram na última segunda-feira, dia 16 de maio, e seguem até 11 de junho, num período crítico das lavouras de milho consolidando o mais importante levantamento da safra brasileira.

“Os dois principais estados produtores de milho segunda safra tiveram um início de safra fantástico, com plantio antecipado e condições climáticas favoráveis na implantação. No Mato Grosso, 80% das áreas foram implantadas dentro do calendário ideal ou de baixo risco, que corresponde ao período até a terceira semana de fevereiro. No Oeste do Paraná, 63% das lavouras foram implantadas nessa mesma condição”, explica André Debastiani, coordenador do Rally da Safra.

A situação mais crítica fica por conta dos estados de Goiás e Minas Gerais, onde o calendário de risco climático é mais crítico em relação à safra passada em função do excesso de chuvas na colheita da soja, que estendeu o plantio do milho. Nesses estados, apenas 42% e 14% das lavouras, respectivamente, foram implantadas dentro do calendário ideal ou de baixo risco.

“Se considerarmos a data de corte do dia 28 de fevereiro podemos dizer que o plantio do milho no Brasil adiantou em média 15 dias, quando comparado com a safra passada. Há alguns destaques positivos, como é o caso do Paraná, que antecipou em 23 dias o plantio e o negativo, com Minas Gerais que apresenta um atraso de pelo menos 7 dias”, diz Debastiani.

Apesar do bom início de safra, a estiagem em abril trouxe dificuldades para o desenvolvimento das lavouras na maior parte do Centro Oeste. “Observamos um comportamento climático favorável à safra no início de março, com bom volume de chuvas no Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, mas no caso de Minas Gerais, a seca continuava. No final do mês, a irregularidade de chuvas atingiu também o estado de Goiás. Abril chegou com pouco ou quase nada de chuva. Algumas regiões ficaram sem chuvas entre 30 e 40 dias”, afirma.

Segundo o coordenador do Rally, é importante observar as condições climáticas que causam perdas de produtividade e cruzá-las com os dados do plantio. “Quanto maior a antecipação na implantação das lavouras, maior foi a parcela das lavouras que pendoaram em condições climáticas favoráveis. Apesar do clima seco em abril no Mato Grosso, podemos afirmar que 73% das lavouras pendoaram com boas condições de chuvas e não devem ser severamente afetadas pela seca. Ao olharmos para Goiás e Minas Gerais, a situação é bem distinta. Em Goiás, 24% das lavouras pendoaram com condições de chuvas regulares e, em Minas Gerais, apenas 6%. Certamente o peso da estiagem de abril - e que perdura em maio em algumas regiões - é maior nesses últimos dois estados”, relata.

Ainda que a irregularidade climática traga dificuldades aos produtores e quebras em algumas regiões, as perspectivas de produtividade são boas em comparação com a safra passada. O Mato Grosso poderá chegar a 101 sacos por hectare na safra 21/22, contra 95 na temporada passada. A estimativa para o Mato Grosso do Sul é de 93 sacas por hectare (43 na safra 20/21). Já Goiás poderá alcançar 84 sacas por hectare (68 na safra 20/21). A projeção para o Paraná é de 98 sacas por hectare (22 em 20/21) e mesmo Minas Gerais apresenta uma estimativa de 68 sacas por hectare (46 na safra passada).

Já em relação às estimativas de janeiro último, há queda de 7% na produtividade no Mato Grosso, 24% em Goiás e 28% em Minas Gerais. Os estados do Paraná e Mato Grosso do Sul apresentam ligeiro crescimento (3%).

Diante desses dados, a Agroconsult, organizadora do Rally, projeta uma safra de 87,6 milhões de toneladas – redução de 4,6 milhões de toneladas sobre a perspectiva de janeiro - para uma área de 15,8 milhões de hectares. Trata-se de uma safra recorde – em 20/21, o Brasil colheu 60,9 milhões de toneladas de milho segunda safra, em 14,5 milhões de hectares. A safra total de milho é estimada em 113 milhões de toneladas, com crescimento de 29,6% sobre a anterior.

“Trata-se de um momento importante para conhecermos os efeitos da estiagem no campo, a partir da leitura do peso dos grãos e a população de plantas. Temos também alta infestação de cigarrinhas em todas as regiões produtoras, o que poderá reduzir a produtividade, mas isso só ficará mais claro durante a colheita, se houver tombamento das lavouras. São variáveis que vamos acompanhar em campo juntamente com a situação climática. Há previsão de geadas frequentes que poderão prejudicar as lavouras nesse período”, esclarece Debastiani.

Na última segunda-feira, dia 16, o Rally da Safra voltou a campo e seis equipes irão coletar amostras no Oeste, Médio-Norte e Sudeste do Mato Grosso e no Sudoeste de Goiás. No início de junho, os técnicos visitarão lavouras no Norte do Mato Grosso do Sul e Oeste do Paraná, finalizando os trabalhos de avaliação do milho segunda safra no dia 11 de junho.

Mais de 80 mil quilômetros deverão ser percorridos em 11 estados durante a 19ª edição do Rally da Safra, principal expedição técnica do agronegócio brasileiro. A expectativa é coletar 1500 amostras em campo. Organizada pela Agroconsult, a expedição técnica tem o patrocínio do Banco Santander, FMC, OCP Fertilizantes e Serasa Experian e apoio nacional da Hidrovias do Brasil e Unidas Agro.

O trabalho das equipes e o roteiro completo da expedição poderão ser acompanhados pelo http://bit.ly/RallyRedesSociais

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