O documentário As Hiper Mulheres, Itão Kuêgü – na língua do povo Kuikuro, no qual é falado - chega ao mercado nacional em DVD e Bluray (legendas em português, inglês e espanhol).
?Exibido em 2012 no circuito nacional de cinema, o filme foi premiado nos mais importantes festivais no Brasil (Gramado, Brasília, Goiânia, Curitiba e Pernambuco) e em Hollywood (EUA), Vancouver (Canadá) e Amsterdam (Holanda).
As Hiper Mulheres registra o Jamunikumalu, maior ritual de canto das mulheres kuikuro, no Alto Xingu, no Mato Grosso. O tema central é a festa promovida para que uma índia velha cante pela última vez (antes da morte) nesse ritual. Mas a detentora do saber das canções adoece e precisa ser cuidada pelo pajé e por médicos da cidade mais próxima.
Misto de documentário e ficção, tendo os protagonistas em seus papéis originais com grande espontaneidade, o longa-metragem revela o cotidiano da aldeia, a música tradicional e sagrada, o bom humor e as relações de gênero. O retrato fiel e poético tem direção dos cineastas Takumã Kuikuro e Leonardo Sette e do antropólogo Carlos Fausto.
A distribuição do DVD e Bluray de As Hiper Mulheres tem o patrocínio do Funcultura - Fundo Pernambucano de Incentivo à Cultura. Podem ser adquiridos , em todo o Brasil, por meio do site www.livrariacultura.com.br ou nas lojas da Livraria Cultura nas cidades de Brasília, Campinas, Curitiba, Fortaleza, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo.
Extras destacam os bastidores das filmagens e entrevistas com personagens
O DVD e o Bluray trazem extras com os bastidores da filmagem, que teve início em 2010, com o sugestivo título “Eu já virei espírito”, e entrevistas com a cantora Kanu Kuikuro e com o cantor Kamangagü. Ambos relatam versões do mito encenado na festa. “Elas cantam para os maridos ficarem nas redes morrendo de ciúmes por terem sido abandonados. Foi assim que surgiram os cantos”, diz Kanu. Segundo ela, “no canto, a palavra para ciúme é kinhue”.
Já Kamangagü justifica o ciúme masculino: “alguns de nós temos mulheres muito bonitas que nunca deixamos sozinhas. É a mesma coisa com a mulher que tem marido bonito. Ela nunca o deixa sozinho. O nosso costume é assim até hoje”.
No extra “Eu já virei espírito”, frase da cantora Kanu Kuikuro, ela resume o significado da cerimônia, que não acontecia na aldeia há mais de 20 anos: “O canto jamunikumalu não fala de uma pessoa específica. Não fala de fatos que aconteceram nem de namoros. Mas tem um significado na língua dos povos do passado”. Ela explica também que as canções só podem ser executadas quando há convidados de aldeias vizinhas e detalha os cantos que pedem para que o peixe seja servido, os que provocam os maridos, os que brincam com o sexo masculino, dentre outros.
AS HIPER MULHERES – Itão Kuêgü Duração: 80 minutos Direção: Carlos Fausto, Leonardo Sette e Takumã Kuikuro Produção: Documenta Kuikuro/Vídeo nas Aldeias Produção executiva - ??Carlos Fausto e Vincent Carelli Legendas: português, inglês e espanhol
|
Quem são os diretores de As Hiper Mulheres
CARLOS FAUSTO
Professor de Antropologia do Museu Nacional-UFRJ e pesquisador do CNPq e da Faperj. Realiza pesquisas na Amazônia desde 1988. Publicou vários livros e artigos sobre povos indígenas. Desde 2002, coordena projetos de capacitação em vídeo e realização com o “Vídeo nas Aldeias” e a Associação Indígena Kuikuro do Alto Xingu dos quais resultaram, entre outros, os filmes O dia em que a lua menstruou (2004) e Cheiro de Pequi (2006). É fotógrafo e documentarista.
LEONARDO SETTE
Participou de oficinas na Escuela Internacional de Cine y Televisión (CUBA, 1999), La Fémis (Paris, 2003) e graduou-se em História do Cinema na Sorbonne (2006). Entre 2002 e 2010, participou de oficinas do projeto “Vídeo nas Aldeias”, contribuindo na formação e nas produções de cineastas indígenas. Dirigiu os curta-metragens Ocidente (melhor filme do Festival Internacional de Curtas do Rio de Janeiro), Confessionário e, com Isabel Penoni, Porcos Raivosos, selecionado para a Quinzena dos Realizadores em Cannes.
TAKUMÃ KUIKURO
Desde 2002, participa de oficinas de formação audiovisual do “Vídeo nas Aldeias” e, desde 2004, coordena o Coletivo Kuikuro de Cinema. Recebeu diversos prêmios em festivais nacionais e internacionais por O dia em que a lua menstruou (2004) e Cheiro de Pequi (2006). Em 2011, iniciou formação como editor na Escola de Cinema Darcy Ribeiro. Atualmente, coordena oficinas de vídeo em várias aldeias do país e, recentemente, realizou o curta-metragem Pele de Branco com seu irmão Mahajugi Kuikuro.
Mais informações no site do filme: www.ashipermulheres.org/ e na página do Facebook: www.facebook.com/ashipermulheres
O que a imprensa disse sobre As Hiper Mulheres
“É um filme sobre a vida, memória e a transmissão problemática da tradição”. Luiz Zanin Oricchio. O Estado de S. Paulo.
“Ao final da projeção (no 44º Festival de Cinema de Brasília), o filme recebeu aplausos demorados do público”. Amanda Queirós. Folha de S. Paulo.
“Os corpos dos indígenas, a premente sexualidade que emana das figuras femininas da aldeia, o linguajar despojado, a completa disposição em dialogar com a proposta cinematográfica em questão e o maravilhamento do ritual são elementos a atentar num filme de valor especial”. Marcelo Miranda. Jornal O Tempo.
“Termômetro para a identificação da plateia, a “potência cinematográfica” ressaltada por Sette na trama extrapolou o mero registro do almejado contato entre a etnia, o cosmos e os espíritos.” Ricardo Daehn, Mariana Moreira, Tiago Faria, Yale Gontijo. Correio Braziliense.
“O filme não é propriamente sobre o ritual, mas ele está no centro do filme e celebra a força e a sexualidade das mulheres, que chamam os parceiros na ‘chincha’ (e muitos deles arrepiam). Luiz Carlos Merten. O Estado de S. Paulo.
?Confira a lista de prêmios de As Hiper Mulheres
Prêmio Especial do Júri e Melhor Montagem no 39º Festival de Cinema de Gramado 2011.?
Melhor som no 44º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro 2011.?
Melhor Filme Documentário no 7º FestCine de Goiânia 2011.?
Melhor longametragem (prêmio do Júri, prêmio da Crítica e prêmio do Público) no ?Olhar de Cinema: Festival Internacional de Curitiba 2012.
Troféu Imprensa e Prêmio do Público no 14º FICA - Festival Internacional de Cinema e Vídeo Ambiental 2012.
Melhor Documentário no 4º Hollywood Brazilian Film Festival 2012.?
Prêmia Al Jazeera para Documentário no Vancouver Latin American Film Festival 2012?.
Menção Honrosa no 5°Festival de Cinema de Triunfo, Pernambuco 2012.?
3° lugar na votação do público no World Cinema Amsterdam –Agosto de 2012.
Sobre o Vídeo nas Aldeias
Criado em 1986, o Vídeo nas Aldeias (VNA) é um projeto precursor na área de produção audiovisual indígena no Brasil. O objetivo do projeto foi, desde o início, apoiar as lutas destes povos para fortalecer suas identidades e seus patrimônios territoriais e culturais, por meio de recursos audiovisuais. Inicialmente colocando a câmera como ferramenta de comunicação entre comunidades indígenas e não-indígenas, aos poucos o projeto transformou-se em uma escola de cinema para índios. A trajetória do Vídeo nas Aldeias, além de formar a primeira geração de cineastas indígenas, permitiu criar um importante acervo de imagens dos índios do Brasil e produzir uma coleção de mais de 70 filmes (35 deles de autoria indígena), premiados nacional e internacionalmente, transformando-se em uma referência nesta área.