Cultura - Teatro

Na Sala com Clarice, peça literária on-line a partir da obra de Clarice Lispector, reestreia

10 de Setembro de 2021

Indicada ao Prêmio APCA 2020, peça do ator Odilon Esteves que estreou no ano passado reestreia dia 11 de setembro de 2021 e fará quatro apresentações ao vivo pela plataforma Zoom até 02 de outubro

Os espectadores escolhem, ao longo da sessão, a partir de um cardápio literário previamente preparado pelo ator, os textos que gostariam de ver interpretados. Cinco novos textos serão acrescentados ao cardápio desta temporada, e as obras escolhidas pelo público em uma sessão, não voltam no cardápio das sessões seguintes.

Foto: Fernando Badharó

NA SALA COM CLARICE é uma peça literária on-line, interativa, que acontece aos moldes de um jantar. Só que neste jantar o cardápio é literário, composto por contos e crônicas de Clarice Lispector. E é o público quem escolhe, ao longo da apresentação, os cinco textos que gostaria que fossem apresentados naquela noite: um como entrada, dois como pratos principais, um como sobremesa e um como cafezinho. 

Obras que compõem um panorama de múltiplas facetas da autora, incluindo narrativas em que podemos perceber a própria Clarice em diferentes fases da vida. A duração da peça pode variar de 70 a 90 minutos, em função das escolhas do público. 

COMO FUNCIONA 

A cada rodada da apresentação são dados elementos diferentes para nortear a escolha dos espectadores: na entrada são mostrados "ingredientes" relacionados a alguns textos de Clarice; na rodada dos pratos principais são apresentadas as "sinopses"; a escolha da sobremesa se dá através de reproduções de "quadros" ou "objetos" associados a algumas de suas crônicas; para o cafezinho, última rodada, o espectador deve considerar apenas os "títulos". 

Esse caráter interativo possibilita que o público se posicione subjetivamente diante do leque de opções que lhe é oferecido, contribuindo para que haja um entrelace dos imaginários e dos desejos comuns dos espectadores reunidos naquela sessão. Um formato que visa aproximar ainda mais o público do acontecimento cênico-literário, implicando-lhes em sua construção e considerando cada apresentação como um percurso único.

Os textos escolhidos são apresentados na íntegra. O trabalho de oralização da palavra escrita visa oferecer ao leitor-espectador alguma outra nuance ou mesmo outras camadas de percepção e leitura de um texto já conhecido. A escuta como um lugar de potência. 

| PASSAPORTE - CICLO COMPLETO |

Clarice Lispector, durante muitos anos, escreveu aos sábados no Jornal do Brasil. Seus leitores esperavam semanalmente para encontrar seus novos textos. Preparamos então um percurso de quatro apresentações distintas, sem repetição dos contos e crônicas de Clarice. O público é convidado, portanto, a um passeio pela obra da autora por quatro encontros, em quatro sábados seguidos. Para isso criamos um "PASSAPORTE" para quem quiser participar deste Ciclo Completo.   

| CLARICE AOS OLHOS DO ATOR |

“A escrita de Clarice já reverberou em mim de muitas formas. A primeira obra que conheci foi "A hora da estrela", na adolescência. E Macabéa me doía, porque eu conheci várias Macabéas no norte de Minas Gerais, onde nasci. 

Quantas vezes as contradições humanas nos textos de Clarice me convidaram a encarar as minhas próprias! Quantas vezes me senti estrangeiro, mesmo na cidade onde nasci! Tenho fotos em que pareço triste, mas na lembrança tenho certeza de que estava alegre, a despeito de não estar sorrindo. Em seus livros, encontro mundos onde caibo. E onde cabem meus amigos, minha família, e todo o mundo que desconheço. 

Além do mais, seu dia a dia ordinário tem aura de realidade mítica. Clarice teve algum convívio ou foi lida e admirada por muitos dos meus ídolos: Chico Buarque, Fernanda Montenegro, Carlos Drummond de Andrade. 

E junto do seu amor por Recife, ela sinaliza também uma relação forte com Minas.  Na crônica "Das vantagens de ser bobo", que é um estandarte contra a cultura da esperteza, essa doença do "levar-vantagem-em-tudo-e-a-qualquer-preço" tão recorrente no Brasil, ela descreve o bobo como a antítese do esperto, e afirma que há lugares que facilitam ser bobo, e Minas Gerais é um exemplo disso. Além disso, sua proximidade com tantos mineiros, a admiração profunda por Lúcio Cardoso, a amizade com Fernando Sabino, enfim... queria ter sido contemporâneo dela, mas só nasci onze meses após sua morte. E no entanto, através de seus livros, venho atravessando a vida em sua companhia.”  

SOBRE A SELEÇÃO DOS TEXTOS

O critério de seleção das obras seguiu uma linha afetiva “Escolhi primeiramente textos que me atravessam, que me intrigam, alguns que me divertem, muitos que me emocionam, outros que me questionam, uns que me colocam diante do espelho ou à beira do mistério indizível. Depois tive que abrir mão de muitos contos, porque queria quase tudo. Meu critério era muito amplo, quase uma falta de critério. Então cortei da lista, primeiro, os contos mais extensos que, sozinhos, já dariam uma peça. Mas nesta nova temporada pude retomar alguns textos que haviam ficado de fora na primeira. 

Ao longo do processo deste espetáculo é que fui me dando conta de que a seleção estava diversa, uma espécie de panorama de algumas das facetas de Clarice e achei bom que assim fosse. Primeiro porque a obra dela é mesmo multifacetada e sempre me chegou de formas igualmente diversas. E porque todos nós somos mesmo muito vastos, cheios de nuances e contradições. E especialmente Clarice nunca se furtou de procurar conhecê-las, de mostrá-las, de mergulhar nelas.”, conta Odilon.

CENTENÁRIO DE CLARICE 

Em 2020 celebraram-se 100 anos do nascimento de Clarice Lispector. Sua obra, de muitas facetas, ora propõe mergulhos vertiginosos na subjetividade humana ora, a partir de situações cotidianas, revela momentos de pura epifania. 

De família ucraniana, ela veio para o Brasil com menos de dois anos de idade e, enquanto brasileira, considerava-se pernambucana. Passou sua infância em Recife, cenário de muitos dos seus contos e crônicas. Aos 15 anos muda-se com a família para o Rio de Janeiro. Aos 19, ingressa na faculdade de Direito. Aos 23 anos, casa-se com o diplomata Maury Gurgel Valente com quem teve dois filhos. Viveu em diversos países: Itália, Suíça, Inglaterra e Estados Unidos. Separa-se do marido aos 39 anos e retorna ao Rio de Janeiro,  residindo no bairro do Leme até o fim de sua vida. 

TEMPORADA 

Data e horário: 11 de setembro a 02 de outubro de 2021 

sábados às 20h

Classificação Indicativa: 12 anos

Duração: 70 a 90 minutos (dependendo das escolhas do público)

Ingressos: R$ 50,00 (Inteira) | R$ 25,00 (Meia-entrada) 

Passaporte para o Ciclo Completo: R$ 150,00 (Inteira) | R$ 75,00 (Meia-entrada)

www.sympla.com.br/nasalacomclarice

Lotação: 990 pessoas

FICHA ARTÍSTICA 

Textos | Clarice Lispector 

Concepção e atuação | Odilon Esteves

Codireção e direção de arte | Fernando Badharó

Trilha sonora | Barulhista

Iluminação | Lucas Pradino

Pesquisa Iconográfica | Camila Pavanelli

T.I. | Arthur Balduini

Coordenação de Assessoria de Imprensa | Douglas Picchetti e Helô Cintra - Pombo Correio

Produção de vídeos | Flora Servilha

Consultoria de produção | Juliana Sevaybricker

Produção Executiva | Ricelli Piva

Apoio Institucional: Banco do Brasil

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