O goiano, da cidade de Anápolis, faz dupla com a atriz Sabrina Fortes na peça escrita e dirigida por Oscar Calixto e que conta a história do personagem Marcus (Marcus Anoli) e Sabrina (Sabrina Fortes), um casal que vive uma séria crise no relacionamento e acompanha todos os seus desdobramentos.
- A ideia do espetáculo surgiu no momento de pandemia, que eu aproveitei para aprimorar meu trabalho. Eu comecei um grupo de estudos teatrais intitulado "Assembleia dos Ratos" com Arnaldo Marques, professor da CAL, e iniciei um treinamento com Oscar Calixto. No seu decorrer surgiu a vontade de fazer algo mais com aquilo e Oscar propôs umas leituras e, quem sabe, embarcar em um projeto online. Chamamos a Sabrina para fazer a leitura e fechou o elenco – completa Anoli.
Na trama Marcus faz quatro personagens e diz que se divertiu com as peculiaridades de cada um, indo de marido ao demônio.
- Foi muito interessante o jeito como o Oscar conduziu os ensaios, ele criou uma atmosfera de trabalho saudável que me permitiu sentir confortável para criar e me expressar. Os personagens têm peculiaridades bem distintas e pude explorar várias nuances para poder dar vida a eles – diz.
Bailarino, Anoli iniciou sua carreira na Escola Municipal de Dança de Anápolis (GO). Lá fez parte da primeira formação do Corpo de Baile da Cidade. Ele é licenciado em Dança pela Escola de Comunicação e Artes do Centro Universitário da Cidade (UNIVER_CIDADE RJ), além de pós-graduado em Teatro Contemporâneo pela faculdade Dulcina de Morais em Brasília. Integrou a ‘Cia de Dança da Cidade’, dirigida por Roberto Pereira e direção artística de Marise Reis, onde fez parte de um projeto inédito no Brasil que pesquisou, e remapeou, o percurso da dança no Rio de Janeiro.
Para a primeira temporada foram selecionadas quatro peças para remontagem: ‘Suíte Barroca’, de Nina Verchinina (1973), ‘Catar’ (1987), de Lia Rodrigues e João Saldanha, ‘Dança de III’ (1994), de João Saldanha e ‘Valises’ (1996), de Ana Vitória.
Os primeiros passos como ator foram em Brasília onde fez vários cursos livres. Sentindo necessidade em se aprimorar veio para o Rio de Janeiro, aos 23 anos, para estudar na Casa das Artes de Laranjeiras RJ (CAL), onde se formou em Artes Cênicas. Se destacou em peças como “Hair” e “A Ópera do Malandro”, ambas com direção de Jeff Moreira, “A vida como Ela É” direção de Marcus Alvisi, “Bonitinha, mas Ordinária” direção de Ticiana Studart, “Hamlet” direção de Marcus Alvisi e “Morte e Vida Severina” direção de Luiz Fernando Lobo.
- Um papel que me marcou foi ‘Hamlet’ com Diogo Vilela. Eu tinha me formado na CAL e Marcus Alvisi, que já havia me dirigido em "A Vida Como Ela é", me convidou para fazer parte do elenco dessa sua nova produção. Foi um aprendizado, trabalhar ao lado de Suzana Faine, Camila Amado, Antônio Pedro, Ricardo Petralia e, claro, do Diogo Vilela. Fazer parte desse elenco foi praticamente uma pós-graduação em história do teatro. Diogo é uma das pessoas mais generosas que conheço, comprometido e dedicado ao extremo. Tenho muita gratidão por tudo que aprendi com ele e todos daquela equipe – ressalta.
Anoli também trabalhou com projetos audiovisuais como os curtas metragens ‘ENTRE’, pelo qual recebeu o prêmio de melhor ator, ‘Todas as minhas cores’, ‘DNA’ entre outros.
- Em minha trajetória me sinto vitorioso, e acredito que minha arte me levou a romper barreiras e sempre me reinventar, superar e acima de tudo me deu forças. Sinto-me privilegiado por ter tido a oportunidade de levar produções brasileiras para outros países e agregar conhecimento ao assimilar novas culturas. Mostrar ao mundo que, mesmo com a falta de apoio cultural que existe no Brasil, somos um povo criativo e de cultura muito rica, é motivo de grande orgulho para o artista – ressalta.
Fora do Brasil Marcus destaca seu trabalho na montagem de “Morte e Vida Severina” que ficou em cartaz em Lisboa (Portugal) em 2000, como bastante marcante na sua trajetória como ator.
- Era uma peça itinerante, feita nos pátios do Castelo de São Jorge. Não tem como dimensionar, a peça começava na entrada do castelo, de uma forma muito singela e aos poucos ia ganhando dimensão e outros pátios. Uma produção com elenco grande, de onde menos se esperava surgiam atores que se misturavam aos espectadores.
Enquanto um grupo estava em um pátio o outro grupo se preparava para receber o público em outro, surgíamos nas torres, em árvores, uma sensação única. Lembro de uma briga na porta do castelo, pois só podíamos ter 800 pessoas por espetáculo e tinham centenas de pessoas querendo ver a peça, a repercussão foi muito boa. Meu personagem era um frei no estilo Franciscano, lembro de estar passando por uma ala dos castelo e duas senhoras vierem me pedir a benção achando que eu era um frei de verdade. Foi um trabalho árduo, que demandava uma resistência física imensa, mas o resultado valeu muito a pena – diz ele sobre a experiência.
Além de estar na temporada de ‘Anjos’, o ator, que faz 50 anos em agosto, voltou a morar no Rio de Janeiro a convite da amiga Sueli Guerra e hoje atua como bailarino na ‘Cia da Ideia’, dirigida por ela.
- Antes da pandemia nós estávamos ensaiando o espetáculo "Dançando do meu jeito”, que estrearia em maio do ano passado, mas que teve sua produção parada por conta da pandemia. Porém temos planos de poder dar continuidade a este após esse período - finaliza Marcus.