Poeta, diplomata, compositor, cronista, boêmio, generoso e, acima de tudo, prezava a lealdade nas relações profissionais, amorosas, e entre amigos. Essas são algumas faces do poeta Vinicius de Moraes, que se estivesse vivo completaria 100 anos no próximo dia 19.
Para celebrar o centenário de seu amigo Vinicius, o diretor Fernando Faro preparou a série Ensaio Especial Vinicius de Moraes, com três programas. A primeira edição, Vinicius, O Poeta, será apresentada neste sábado, dia 19/10, data de nascimento do artista. O segundo programa, Especial Vinicius de Moraes e Toquinho, irá ao ar no dia 26; e o terceiro, Especial Vinicius de Moraes, Toquinho e Quarteto em CY, no dia 2 de novembro. Todos serão exibidos às 23h30.
O primeiro programa traz entrevistas históricas do acervo do Ensaio com Vinicius de Moraes e Tom Jobim, que relembram como se conheceram, da parceria ao longo da carreira e da vida, e do tempo em que passavam dificuldades financeiras.
No especial, Tom Jobim conta que a maior gafe que cometeu na vida foi quando conheceu Vinicius de Moraes em um bar no Rio de Janeiro. Eles foram apresentados por Lúcio Rangel, pois Vinicius estava procurando um músico para sua peça Orfeu. Após Vinicius finalizar a explicação do projeto, veio a fatídica pergunta de Tom: “ Tem um dinheiro aí? “Eu estava muito pobre, precisando pagar o aluguel. Eu trabalhava na Odeon, mas eu só pensava em fazer arranjos para orquestras. Orfeu foi um sucesso colossal, que deu uma ginada na minha carreira”.
Vinicius endossa o período de dificuldades financeiras de ambos. “Era uma pobreza de furar. No verão terrível, eu bebia água de moringa, mas antes eu chupava pastilha de hortelã para refrescar. Eram tempos difíceis”.
O poeta conta sobre passagens engraçadas do amigo Jayme Ovalle, que se apaixonou por uma pomba. Fala como conheceu Baden Powell e da parceira que selaram. “Ficamos quatro meses trancados em casa. Fizemos mais de dois terços de nosso repertório”, confidencia.
Já Toquinho comenta da importância de Vinicius em sua vida e do privilégio de acompanhá-lo até a morte. “Fiquei mal sem a presença paterna e amiga. Eu acompanhei todo o processo da doença, pois morávamos juntos. Com ele eu aprendi a chegar no horário, pois ele era do Itamarati; a ensaiar coisa que eu não gostava e a dar valor ao som da palavra na nota. E, principalmente, aprendi o grande senso de justiça, que ele tinha. Ele era um adorável ditador”.
O programa também traz a participação da irmã Laetitia de Moraes, que conta que lia escondida todos o poemas do seu irmão. Há ainda a presença de Tom Zé, que interpreta Pátria Minha, e Júlio Medaglia, que declama Azul e Branco, ambas de Vinicius de Moraes.
A parte musical fica por conta das cantoras Luciana Souza e Blubell, além do Grupo Trilha.