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IPCA deve ficar entre 0,35% e 0,45% em setembro, aponta especialista

9 de Outubro de 2020

Preços dos alimentos e da energia e impactados pela estiagem devem contribuir para manter a variação do IPCA acima de 0,3%

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de setembro deve ficar entre 0,35% e 0,45%, de acordo com análise do professor de macroeconomia da Fipecafi, Silvio Paixão. O resultado será divulgado pelo IBGE nesta sexta-feira (9). 

A previsão do especialista é que o IPCA acumulado do ano de 2020 fique entre 2,5% e 3%. Por conta do desemprego e redução de renda. é possível esperar que os preços não aumentem. “Assumiu-se, para o mês de setembro a possibilidade de repasse apenas parcial do aumento verificado nos preços livres, que representam por volta de 70% do índice, e já se fizeram sentir em agosto. No caso do IPCA cheio para 2020, acredita-se que haverá um arrefecimento dos preços livres no último trimestre do ano, e que o desemprego expressivo e a queda na renda inviabilizarão qualquer tentativa de aumento nos preços ao consumidor”, destacou Silvio Paixão.

A estiagem severa poderá impactar no resultado do indicador. “Os efeitos remanescentes dos preços dos combustíveis serão marginais, especificamente no custo dos fretes. Mas os efeitos dos preços dos alimentos e da energia, ambos impactados pela estiagem, devem contribuir para manter a variação do IPCA acima de 0,3% em setembro/2020”, ressaltou.

O professor da Fipecafi explica ainda o impacto no consumo dos brasileiros e na inflação. “Os consumidores estão muito mais atentos aos desdobramentos decorrentes da perda de renda, que parece definitiva, e do maior risco de desemprego provocados pela pandemia em seus orçamentos familiares. Portanto, é improvável que pelo lado da demanda ocorram pressões inflacionárias. Só se vislumbram potenciais impactos na inflação em decorrência de choques de preços (choques de oferta e/ou aumento de custos), inesperados neste momento, ou se houvesse um improvável aumento da carga tributária”, apontou.

A economia tem sofrido severos impactos por conta da pandemia e alguns setores se tornaram responsáveis pela sustentação. “O que tem permitido sustentar a economia em patamares minimamente razoáveis são o setor de agronegócios, serviços essenciais (saúde) e os programas governamentais de apoio financeiro aos mais necessitados e de suporte às empresas, como o Pronampe”, afirmou.

O especialista também aponta que agora é preciso pensar, principalmente, na retomada econômica. “Neste momento é preciso focar na gestão do presente, da busca de soluções dirigidas à retomada da atividade econômica, com ou sem pandemia, especialmente dirigidas à recuperação do emprego e da renda, na medida do possível, e de viabilização de suporte financeiro às empresas, pois o Sistema Bancário Brasileiro não está oferecendo caminhos minimamente razoáveis, de prazo e custos, nesta direção”, explicou o professor da Fipecafi.

Prudência nos investimentos continua

Neste momento de instabilidade, os investidores também são influenciados e acabam agindo com mais cautela. “Os investimentos hoje estão sendo conduzidos pela diretriz da prudência para preservação do valor nominal do capital, sujeitando-se a eventuais perdas do poder de compra pela baixa remuneração oferecida pela Renda Fixa (0,15% ao mês) vis-à-vis a inflação mensal média (0,3%). Portanto, face o importante e sensível risco de perda existente atualmente nos instrumentos de renda variável, não se esperam mudanças na condução das finanças pessoais das unidades familiares. Todavia, os investidores estão atentos às tendências dos mercados financeiros”, finalizou.

Sobre a Fipecafi

A Fipecafi foi fundada em 1974 por professores do Departamento de Contabilidade e Atuária da FEA/USP (Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo) e atua desde então como órgão de apoio institucional ao departamento. Dentre seus principais objetivos estão: a missão de desenvolver e promover a divulgação de conhecimentos da área contábil, financeira e atuarial, organizar cursos, seminários, simpósios e conferências, prestar serviços de assessoria e consultoria e realizar pesquisas, atendendo entidades dos setores público e privado. Mais informações: https://fipecafi.org/.

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