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Tesouro Selic sofre impacto negativo junto com a queda da bolsa

8 de Outubro de 2020

Setembro marca terceiro pior impacto no ano com -5,23%; Profissional de investimentos aponta variações com taxas CDI e SELIC

Setembro foi marcado como o terceiro pior mês para as ações do Ibovespa de 2020. A queda foi de -5,23%, e adicionalmente também houve um impacto negativo no Tesouro Selic - considerado o título público mais tradicional, de acordo com a iHUB Investimentos. “Quanto ao mercado de ações: No primeiro trimestre, ocupam as duas primeiras posições com números negativos: fevereiro com -8,50% e março com -30,18%”, comenta, o sócio fundador da iHUB, Paulo Cunha.

Entenda as variações do Tesouro Selic com taxas CDI ou Selic

Os papéis do Tesouro Selic, no mês de setembro, estavam sendo negociados com deságio no mercado secundário por falta de compradores interessados no papel. “Os fundos que investem 100% nesses papéis tiveram um retorno de 0,04% em setembro, contra 0,18% do CDI, uma diferença considerável”, comenta Cunha.

Outro ponto a ser destacado é que o mercado aponta que essa distorção deve ser momentânea, pois o natural é que os papéis voltem a acompanhar as taxas SELIC e CDI.

“O pano de fundo dessa movimentação é o receio com a agenda fiscal e de reformas com o governo. O mercado começa a por no preço que possivelmente os juros não fiquem mais estacionados em 2% ao ano com a SELIC, por tempo considerável, assim como se previa no mês de agosto”, completa Cunha. 

Títulos pós-fixados

De maneira geral, os papéis do Tesouro são considerados os mais seguros do mercado, referente ao risco de calote, principalmente quando falamos do Tesouro Selic, que é pós-fixado, logo não deve sofrer com a volatilidade do mercado.

“São considerados títulos pós-fixados todos aqueles que possuem algum tipo de indexador de rentabilidade, que é calculado posteriormente a aplicação, segundo condições do mercado. A grande maioria segue os índices da SELIC ou CDI”, explica Cunha.

Para ilustrar esse cenário, Paulo Cunha aponta quatro simulações de rendimento para um ano, considerando 252 dias úteis:

  • Poupança: 1,4% - Isento de imposto de renda para pessoa física;
  • Tesouro Selic: 2% (bruto)  e 1,65% (líquido)
  • CDB a 140% indexado ao CDI: 2,66% (bruto) e 2,19% (líquido)
  • LCI a 109% indexado ao CDI: 2,07% - isento de imposto de renda para pessoa física.

“Esse levantamento considera papéis possíveis de serem encontrados nas plataformas das principais corretoras, porém, para vencimentos que podem ser maiores que um ano, a venda anterior antes do vencimento pode acarretar em perda da rentabilidade”, explica Paulo Cunha.

Tesouro Selic como reserva de emergência

De acordo com Cunha, apesar dos resultados de setembro, o Tesouro Selic é considerado uma reserva de emergência natural, porque possui baixíssimo risco de calote e também de apresentar retorno negativo no mês a mês, além disso, possui elevada liquidez para poder reaver os valores, em até um dia, caso precise do dinheiro.

“Setembro foi um mês incomum, por ter mostrado contradição sobre os benefícios do Tesouro Selic, devido à ameaça do cenário de forte aversão a risco e preocupações com as contas do governo”, explica. Para o portfólio, geralmente, recomenda-se entre 5% a 30% de investimento nesse tipo de aplicação, completa Cunha.

Sobre Paulo Cunha

Paulo Cunha é sócio fundador da iHUB Investimentos, empresa especializada em assessoria de investimentos, com mesa de operação atuante em ações, derivativos e câmbio em tempo real. Possui mais de 1,5 mil clientes no Brasil e em 2014, firmou parceria com a maior plataforma de investimentos da América Latina, fundando a iHUB e sendo um escritório credenciado a XP Investimentos. Desde então, é diretor executivo da empresa, que possui matriz na Vila Olímpia e Alphaville, em São Paulo e Barueri. Também é palestrante e professor sobre investimentos de cursos em plataformas EAD.

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