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Sequência de quedas da Taxa Selic deve ser interrompida, aponta especialista

16 de Setembro de 2020

Em um momento de incertezas com a economia, taxa deve permanecer estável em 2% ao ano

Hoje (16), o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) irá anunciar o resultado da Taxa Selic. De acordo com a análise do professor da Fipecafi, Diogo Carneiro, a Selic deverá se manter estável, interrompendo a sequência de quedas dos últimos meses.

O especialista acredita que a taxa continuará em 2% ao ano e aponta duas perspectivas. “Espera-se que este valor permaneça estável por algum tempo. Por um lado, não há pressão inflacionária estrutural na economia, o que daria margem para continuar o processo de redução da Selic. Por outro lado, há uma acentuada incerteza no lado fiscal, associada aos sinais de que o governo terá muita dificuldade para equilibrar as contas”, ressaltou.

Para Carneiro, a Taxa não deve aumentar e alguns fatores tem influência nisso. “Não há expectativa de aumento, mas a sequência de quedas na taxa deve ser interrompida. Isso se explica em parte por conta de choques inflacionários inesperados, principalmente nos alimentos, que são fenômenos mais sazonais, e também em razão das incertezas políticas e econômicas e o consecutivo aumento da percepção de risco associada ao país”, explicou.

A Selic estava em um momento de sucessivas quedas e, apesar de ser importante para economia, é mais relevante no que diz respeito a carteira de investimentos. “Apesar da mudança de tendência, essa reunião do Copom não deve ter um impacto significativo em termos econômicos numa perspectiva mais ampla. Destaca-se a crescente ineficácia da Selic como ferramenta indutora da economia, notadamente em um ambiente em que se encontra descolada das pressões inflacionárias, que são pontuais e não estão ligadas à oferta de moeda, e também da oferta de crédito, muito mais influenciadas pela estrutura do setor bancário. Apesar de ser uma variável muito importante para a economia, sua relevância me parece maior na composição do mix nas carteiras de investimento (equilíbrio entre risco e potencial de retorno dos agentes) do que no nível de gasto da economia (consumo, investimento etc.)”, ressaltou Diogo Carneiro.

O especialista acredita que o resultado da Selic não deve apresentar impacto significativo para a população em geral, ao menos não diretamente. Esta reunião deve resultar em um momento de espera, levando em consideração as incertezas econômicas. “Podemos dizer que esta reunião do Copom deve sinalizar um ‘compasso de espera’, já que há muitas incertezas associadas à economia e ao papel do governo como agente importante”, finalizou o professor da Fipecafi.

Sobre a Fipecafi

A Fipecafi foi fundada em 1974 por professores do Departamento de Contabilidade e Atuária da FEA/USP (Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo) e atua desde então como órgão de apoio institucional ao departamento. Dentre seus principais objetivos estão: a missão de desenvolver e promover a divulgação de conhecimentos da área contábil, financeira e atuarial, organizar cursos, seminários, simpósios e conferências, prestar serviços de assessoria e consultoria e realizar pesquisas, atendendo entidades dos setores público e privado. Mais informações: https://fipecafi.org/.

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