Telma Brites, autora brasileira de literatura fantástica, comenta como a Alemanha está lidando com a pandemia
Diferente do Brasil, Itália e Espanha, a Alemanha estava obtendo índices satisfatórios em relação ao contágio do novo Coronavírus, só que neste último domingo (14/06) o Instituto Robert Koch, responsável pela prevenção do vírus na Alemanha, informou que foram identificados mais 247 novos casos no país. Porém Telma Brites, uma escritora brasileira residente em território alemão, contou em entrevista que aos poucos a situação está melhorando.
Nascida e criada na Bahia, a autora foi para França em 1997 lecionar língua portuguesa, e atualmente mora em Sechtem (Alemanha) onde ensina o idioma em escola particular. Ela informou que no país, até o momento, as coisas estão sob controle. “Os números de infectados estão reduzidíssimos... As escolas abriram hoje (15/06), mas com restrições de saneamento. As máscaras são obrigatórias por aqui, mas os comércios estão abrindo com flexibilização. As pessoas estão respeitando as regras porque temos muitos fiscais. Tivemos manifestações contra racismo por causa do George Floyd e, na minha região, 10 mil pessoas compareceram ao protesto. A vida está voltando ao normal.” No país foram confirmados 187.789 casos, 172.613 recuperados e 8.875 mortos.
Ela reforçou a responsabilidade da Alemanha com as medidas de prevenção, aplicando leis com multas para àqueles cidadãos não cumprem as regras que vão contra a propagação do vírus. “O sistema de saúde lidou muito bem com a pandemia. Cada região agiu de uma maneira diferente, por exemplo: Você precisa pagar 5 mil euros se infligir as restrições de segurança. Os hospitais não ficaram superlotados, inclusive recebemos pessoas de outros países em nossos hospitais. É um sistema de saúde sério, apesar dos números não terem sido tão trágicos.”
E ainda reforçou: “Tudo foi fechado muito cedo e regras foram impostas. As ruas ficaram desertas. A população ajudou o sistema de saúde por respeitar as regras.”
Apesar das recomendações de prevenções da OMS, a situação em território brasileiro está se agravando cada dia mais com a grande movimentação nas ruas. “A situação no Brasil é popular por aqui.”, comentou Telma ao lembrar dos índices de COVID-19 no país que nasceu. Infelizmente são mais de 872.000 casos confirmados, somente 453.568 recuperados e mais de 43.000 mortos.
De fato passar muito tempo dentro de casa pode gerar algumas crises, a autora informou que no início passou por momentos tensos até se adaptar com a quarentena, mas encontrou conforto em atividades simples. “Todas as vidas foram afetadas pela pandemia. Em minha casa, ficamos em família e aproveitamos para cuidar do jardim e aproveitamos para nos exercitar, mas fui atingida de maneira psicológica.”
Entre uma atividade e outra, Telma Brites encontrou inspiração para escrever seu quarto livro, porém não revelou detalhes. Residente na Alemanha, a autora tem uma quantidade considerável de leitores brasileiros e faz questão de comparecer em grandes eventos que englobam o mercado editorial, como a Bienal Internacional do Livro de São Paulo ou do Rio de Janeiro.
A escritora é muito conhecida por "Gaia", uma trilogia recheada de fantasia, amor, união e enigmas que será relançada pelo Grupo Editorial Coerência em 2020. Na história, acompanhamos uma jovem envolta a mistérios e crenças desde os 7 anos de idade.
Sobre a autora:
Telma Brites Alves nasceu em 1963 na Bahia, onde passou a infância, entre Cafarnaum e o Morro do Chapéu. Aos 10 anos de idade, mudou-se para Salvador, onde fez teatro amador e se formou em Ciências Sociais na UFBA, especializando-se em antropologia médica. Já na adolescência, diferente da maioria dos colegas da mesma idade, gostava de ler Kafka, Simone de Beauvoir e Sartre. Em 1997, mudou-se para a França e conseguiu a titularidade CAPES para lecionar língua portuguesa. Atualmente mora em Sechtem, na Alemanha, onde ensina português em uma escola particular e dedica seu tempo livre para cuidar da família, e realizar o sonho de ser escritora. É casada e tem três filhos.