Sororidade, ou fraternidade entre mulheres, é um dos principais pilares que fundamenta a luta pela igualdade de gênero. Daí surge o título da montagem, SOROR, ou irmã, que coloca lado a lado as duas figuras femininas e polarizadas da gênese judaico-cristã: Eva, a oficial, e Lilith, a oculta.
A fina lâmina do patriarcado tende a dilacerar a amálgama capaz de unir os arquétipos da mulher completa, da fêmea íntegra, amorosa & indomável, acolhedora & competente, conselheira & astuta. O patriarcado foi muito eficaz em difamar certas facetas do feminino em nome de moralizar as mulheres e torná-las incapazes de acessar seu próprio poder. Puta ou santa, bela ou mãe, indecente ou respeitável, vulgar ou nobre… antíteses e mais antíteses desagregadoras que empurram a mulher rumo às tristes bifurcações psíquicas que em vez de torná-las mais fortes, as tornam dependentes da “metade que falta”, do velho complexo de Cinderela. A montagem reapresenta os arquétipos essenciais da gênese, Eva e Lilith, como luz e sombra, dispostas a reunir suas partes, dar cabo de uma mentalidade antiga representada por um Deus patriarcal e criar uma nova maneira de existir dentro de sua recém-nascida existência onde a luz dá a mão à sombra e a virtude se une ao poder.
Lilith, a primeira mulher do mundo segundo interpretações da gênese, criada do pó e da lama, se recusa a ser submissa ao companheiro Adão no Éden recém-inaugurado. Surpreso com a natureza imprevisível e rebelde da parceira e incapaz de lidar com sua autonomia, o primeiro homem chama pelo pai e ordena que ele providencie outra mulher. Deus, ares de alto executivo, surge em cena numa sequência de palestras estilo TEDx, nas quais discorre sobre cosmologia, física quântica e a possível integração das duas ciências. Refém de sua própria criação, como costumam ser os gênios, acata ao pedido do filho e fabrica Eva: bela, recatada, obediente, acolhedora. No entanto, da mesma maneira que Deus pretende encurtar a distância entre as leis físicas que regem o macro (cosmologia) e o micro (física quântica), Eva e Lilith se aproximam e aos poucos estabelecem inesperadas conexões morais, filosóficas e de humor. As duas mulheres se tornam companheiras, irmãs, parentes de sangue. O encontro desatrela seus eixos da figura masculina e juntas descobrem suas preferências, aptidões, vontades, estímulos. Para que o mundo dê conta de sua união, só resta criar novas regras. Lilith e Eva.
SOROR
SESC IPIRANGA (200 lugares)
Rua Bom Pastor, 822
Informações: 3340-2000
Bilheteria: Terça a sábado, das 9h às 21h. Domingos e feriados, das 9h às 18h
Vendas online a partir de 26/03, às 12h
Vendas na bilheteria a partir de 27/03 às 17h30
Ingressos à venda pelo Portal sescsp.org.br e em toda rede Sesc SP
Sexta e Sábado às 21h | Domingo às 18h
Ingressos: R$ 30
R$ 15 (meia-entrada: estudante, servidor de escola pública, +60 anos, aposentado e pessoa com deficiência)
R$ 9 (credencial plena: trabalhador no comércio de bens, serviços e turismo matriculado no Sesc e dependentes)
*Não haverá sessão dia 19 de abril*
** Sessão extra dia 01 de maio**
Duração: 80 minutos
Recomendação: 18 anos
Gênero:
Estreia dia 05 de abril de 2019
Curta Temporada: até 05 de maio
Ficha Técnica:
Texto: Luisa Micheletti
Direção: Caco Ciocler
Elenco: Daniel Infantini, Fernanda Nobre, Geraldo Rodrigues e
Luisa Micheletti
Cenário e figurino: Cássio Brasil
Iluminação: Alini Santini
Trilha Sonora: Felipe Gritz
Assistente de direção: Eduardo Estrela
Assessoria de cenografia: Bosco Besechi
Colaboração de dramaturgia: Eme Barbassa
Designer: Luciano Angelotti
Fotografia: Edson Kumasaka
Assessoria de comunicação: Morente Forte
Direção de Produção: Dani Angelotti
Produção: Cubo Produções
Fotos: Edson Kumasaka