O espetáculo Fábulas de um Sótão conta a história de Arthurzinho, um garoto que vai ter que mudar da casa onde mora, por decisão de seus pais. Numa tentativa de impedir isso, ele se esconde no sótão com seu amigo Lotti e os dois acabam trancados. No meio de um monte de objetos antigos guardados, encontram um rádio e um pião que, usados simultaneamente, provocam uma viagem no tempo-espaço que trará direto do futuro para o presente Arthurzão – o Arthurzinho já adulto.
Foto: Marcello Vitorino |
Ao arriscar mandar Arthurzão de volta para o futuro, sem querer, Arthurzinho e Lotti acabam indo para diferentes períodos da história e descobrindo brinquedos e brincadeiras esquecidas pelo tempo. Juntos, eles descobrem de que forma uma pipa, um catavento, uma amarelinha, um estilingue e tantos outros brinquedos estão conectados com Faraó Quéfren, com Napoleão Bonaparte ou até com índios canibais do Brasil.
No palco, Eduardo Tocha, Filipe Peña, Haroldo Joseh, Renato Cruz e César Baptista dão vida aos personagens dessa história em que um simples pião, usado no Egito Antigo como instrumento de premonição para adivinhar o futuro, ajuda a compor a máquina do tempo de nossos heróis. “Descobri junto com os atores que os brinquedos deveriam ter participação ativa na peça, como personagens que interferissem na história e no destino das coisas e dos fatos”, afirma César Baptista, diretor da montagem.
Usando brinquedos que foram bem mais presentes na infância dos pais das crianças de hoje como fio condutor, e tendo como fonte de pesquisa o livro A História do Brinquedo, de Cristina Von, Fábulas de um Sótão mostra que nem tudo é descartável. “Essa peça não pretende resgatar as coisas ‘velhas’, quer, sobretudo, mostrar que a preservação da memória – de bens materiais e imateriais – pode ser um instrumento fundamental como ideia de formação de cidadania e, consequentemente, para construção de uma nação. E que brincadeira melhor se não a de viajar no tempo-espaço para lidar com a memória?”, completa Baptista.