Colunistas - André Garcia

Avaliação Bonneville T120: Uma Clássica Incrível

15 de Agosto de 2017
Bonneville T120 & T120 Black. Texto: André Garcia // Foto: Triumph divulgação

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Com a Bonne você desfila pela cidade

A Bonneville T120 é a versão mais imponente e carismática da família de clássicas da Triumph. Modelo que surgiu em 1937 como Tiger 100, atingindo a marca de 160 km/h, só alcançado pela Honda em 1969 e depois batizado com o nome que se tornou mítico ao atingir o recorde de 343 km/h na pista de Bonneville Salt Flats.

Em 2008 seu carisma aumentou ainda mais, até entre pessoas que não andam de moto ou não curtem moto, devido ao filme “O curioso caso de Benjamin Button” filme de 2008 em que Brad Pitt no papel principal vai e vem a bordo no modelo, assista o trailer clicando aqui.

Impossível passar despercebido pelas ruas: corredores abrem, pessoas olham quando parado no semáforo ou quando desfila, sim montado na T120 você não se move, você desfila. A Bonneville T120 é irresistível.

Filho pede para buscá-lo na faculdade. Sem problema!

Hoje Bonneville não é só um produto, mas toda uma linha clássica com derivações ao gosto do cliente em estilos e motorizações.

Antes de montar, é possível notar o cuidado e qualidade com o acabamento. O cuidado em manter as linhas clássicas, a tradição como os falsos carburadores e esconder o radiador, um trabalho minucioso. Farol  dianteiro clássico mas com DRL, farol traseiro também de inspiração clássica com luminosidade em LED, tampas do motor, cromados dos escapes, o útil cavalete para azeitar a corrente da relação e sob o banco a tomada USB.

Ao montar na T120 o piloto de 1,65 de estatura, como este que vos escreve, coloca os dois pés no chão e nota um banco bem mais confortável que de sua irmã Street Twin, um belo painel clássico com dois mostradores, que misturam informações analógicas e digitais em LCD com velocímetro analógico, tacômetro analógico, indicador de posição de marcha, medidor de combustível, indicação de tanque vazio, indicador de manutenção, relógio, computador de bordo, modos de pilotagem, status de aquecimento das manoplas, consumo de combustível, status do controle de tração, hodômetro total, hodômetros parciais 1 e 2. A ergonomia é muito boa, desde os pés nas pedaleiras, guidão largo, braços relaxados e com os punhos em excelente acabamento e ao toque propiciando uma pilotagem intuitiva. Único senão, é quanto ao botão de acionamento do pisca alerta no punho direito que podia ser no esquerdo, ergonomicamente falando no direito está o acelerador e o principal freio da moto, se você precisar acionar o pisca alerta, a mão esquerda estará mais livre.

Me chamou muito atenção o acionamento da embreagem (deslizante) e o câmbio, falta adjetivo para o leitor compreender a leveza dos mecanismos: maciez, veludo...enfim.. uma bailarina com toda delicadeza que lhe é característico, se não fosse a questão segurança, faria de sapatilha. Não existe hoje modelo de motocicleta no mercado com mecanismo similar em leveza, maciez e facilidade no escalonamento.

Bonita, carismática, você não passa despercebido na rua. E quando estacionada, alguém para para contemplá-la. Foto: André Garcia

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Ciclística é um primor seja em manobra, baixa, média ou alta velocidade, pilota-se a vontade na cidade e na rodovia. No trecho urbano passa fácil em corredores e nunca me diverti tanto nas saídas de semáforos. Imagina um motorzão de 1200cc, bicilíndrico, refrigeração líquida, 8 válvulas, SOHC, 270º de intervenção de ignição com 80cv a 6550 RPM e 10,70 Kgfm à míseros 3100RPM. Quando você acelera a Bonneville T120 responde com uma saúde e vigor inacreditáveis, liso, linear, quando você engata 2ª à 6000 RPM, já pode ter levado multa em mais do dobro do limite da via se estiver em São Paulo. É impressionante que a roda dianteira cola no chão e em momento algum fica leve ou esboça levantar. O ronco emanado dos dois escapes cromados, sistema 2 em 2, é pura sinfonia e instiga. Quando chego em casa e tiro o capacete, fico com um sorriso que mais parece um espasmo, não consigo controlar e quase 22 anos de casado, minha esposa fala: gostou da moto, né!!!

Na cidade pode andar em 3ª ou 4ª marcha de 25 km/h até o limite da via de 50, 60 ou 90km/h, você tem a moto o tempo todo na mão com torque abundante. E isso faz você economizar combustível. Eu que sempre consigo boas médias nas avaliações, na T120 não consegui, o tesão falou mais alto, mas culpa do mísero tempo de uma semana para ficar com um colosso dessa envergadura.

Painel bonito, clássico e completo

A moto é forte e se não fosse a eletrônica embarcada, afirmaria que ela não é para novato, aliás, não é mesmo, demanda muito juízo, mas aquele que tem pouca experiência ou está voltando para o mundo de duas rodas depois de décadas, aliás como é a maioria das consultas que recebo, pode ir na T120 e basta colocar no modo RAIN para não levar susto, há um delay na aceleração. No modo de pilotagem ROAD não existe delay, a aceleração é instantâneo. Estou falando do modo de pilotagem e delay de aceleração, mas o acelerador dessa moto é tão leve e preciso fazendo exatamente o que o piloto quer, que o modo RAIN seria apenas um lastro de segurança até se familiarizar com a máquina, ou realmente em caso de chuva. A T120 só é estúpida se o piloto quiser.

Na rodovia, sobra moto e a vibração continua inexistente até os 6500RPM, mas aí, o vento já está quase arrancado sua cabeça e o bacana nessa moto é curtir. A 120 km/h  em 6ª marcha está abaixo dos 5000 RPM e o som do escape com o pulsar do coração, ops digo do motor é de arrepiar.

A média podia ser melhor

Além dos bons freios Nissin com disco duplo de 310mm com dois pistões na dianteira e traseira com 255mm com dois pistões, ambos com pinças flutuantes e com ABS, o modelo conta com controle de tração e modos de pilotagem tudo para controlar com extrema segurança. Bacana que tanto o ABS quanto o controle de tração (que pode ser desligado) não são intrusivos.

Por fim, as rodas raiadas com 32 raios, sendo a dianteira com 18 polegadas com pneus 100/90 e na traseira com 17 polegadas com pneu 150/70 usando o Pirelli Phanton e suspensões Kayaba com cartucho de 41mm e curso de 120mm na dianteira e duplo, também de 120mm na traseira  (tudo idêntico a irmã Street Twin), torna o conjunto, digamos, bem mais macio (se comparado a Street Twin) ao rodar nas esburacadas ruas paulistas, isso porque roda raiada absorve melhor os impactos que a roda de liga leve. A questão de beleza é puramente subjetivo e eu confesso que gosto dos dois, a liga leve na Street Twin ficou perfeito, assim como raiadas na T120 e Street Scrambler também ficaram perfeitas. 

Me perguntaram se eu iria na Street Twin, R$ 8 mil reais mais barato, ou na T120 e confesso que não sei.  A Triumph criou uma clássica para cada perfil de consumidor. Sinceramente não sei e o nó vai aumentar, pois estou ansiosamente esperando minha vez para avaliar a Street Scrambler.

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