O Repórter Eco do próximo domingo (28/07) traça um perfil do premiado fotógrafo botânico Silvestre Silveira. Ele, que há pelo menos 30 anos se embrenha pelas matas à procura de espécies da flora brasileira, conta as dificuldades que encontra para obter uma boa foto, com destaque para a pera do campo, cuja descrição viu pela primeira vez no livro Grande Sertão: Veredas, de Guimarães Rosa. “Ele descreve de maneira tão bonita, tão sutil que eu falei: ‘Eu vou encontrar essa fruta’”. Após dois anos de procura, o fotógrafo descobriu a fruta no sertão de Minas Gerais. “Naquela época o salário era de boca em boca, você ia perguntando até chegar na fruta, não tinha outra forma”, explica.
Hoje, Silvestre Silva é referência em fotografia botânica, com 14 livros publicados, um acervo de mais de 80 mil imagens e trabalhos publicados em mais de 600 livros. Na matéria, o fotógrafo volta no tempo e relembra suas origens, contando como a infância em Brumadinho, no interior de Minas Gerais. Ele, que trabalhou nos principais jornais e revistas do país, fala também por que optou pela fotografia botânica.
Já acostumado às cores e sabores das frutas que registra, Silvestre passou também a descrever em seus dois últimos trabalhos o que a fruta representa para a cultura regional, outro ponto abordado na entrevista. Ele também fala de momentos importantes de sua carreira e dos preparativos para seu próximo trabalho: Árvores do Brasil.
O programa traz ainda uma matéria sobre estudo realizado por pesquisadores da Unesp e publicado na revista americana Science sobre a relação de dependência mútua entre os tucanos e a palmeira Juçara, ameaçada de extinção e cujos frutos alimentam cerca de 60 espécies da fauna brasileira, entre aves e mamíferos. Ainda que protegida por lei, a palmeira é alvo de palmiteiros que cortam ilegalmente os exemplares presentes nas florestas, já que a árvore leva cerca de sete anos para gerar frutos e de oito a doze até atingir o ponto de corte para o palmito.
A pesquisa revela que a presença de sementes grandes das palmeiras Juçara está diminuindo em áreas onde aves como o Tucano do Bico Preto desapareceram ou tiveram sua quantidade reduzida drasticamente. A explicação para isso consiste no fato de essas aves ajudarem a espalhar as sementes pelo solo, já que as regurgitam após engolir os frutos. Os tucanos têm um papel de destaque nessa função, pois, devido ao seu grande bico, conseguem engolir frutos com sementes maiores, que é o caso da palmeira.
Com o avanço da agricultura, das cidades e a devido à caça, esses animais têm desaparecido, restando nas matas apenas espécies menores, como o sabiá, que não consegue comer tantos frutos, nem tão grandes.
Além de detalhar a pesquisa feita pela Unesp, o programa viaja até o Rio Betary, no interior paulista, onde cientistas encontraram em uma reserva particular de Mata Atlântica um laboratório ao ar livre, unindo o ecoturismo ao estudo da biodiversidade.
O Repórter Eco é transmitido todos os domingos, às 17h30, na TV Cultura.
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