A coreógrafa e diretora Gal Martins é a convidada de Antônio Abujamra no Provocações da próxima terça-feira (30/7), às 23h, na TV Cultura. Durante a entrevista, ela ressalta a importância da militância cultural na periferia, da formação de público e da sua missão de levar a dança para a comunidade.
Ela lembra quando e de que forma a dança entrou em sua vida: “Com mais ou menos 19 anos de idade eu participava de oficinas e cursos dentro da Unesp. E eu percebi que essa linguagem não chegava até mim, na comunidade”.
Há dez anos, Gal criou a Sansacroma, uma companhia de dança que tem como objetivo levar a dança moderna até a periferia. “É subestimar demais as comunidades das periferias achar que a dança contemporânea, dança cênica, não dialoga e não comunica nada pra eles. O nosso trabalho leva muita reflexão. Reflexões políticas e sociais”, diz.
Hoje sua companhia conta com o apoio do Programa Municipal de Fomento à Dança do Estado de São Paulo, mas a coreógrafa sabe o que é sofrer com a falta de incentivo às artes neste país: “O Brasil é muito carente de políticas públicas e quando a gente pensa em cultura periférica, isso se intensifica muito”.
Consciente de seu dever de cidadã e de pessoa atuante em seu meio social e artístico, Gal Martins enfatiza: “Eu tenho o dever de devolver à minha comunidade tudo o que ela me dá. A minha inspiração vem da periferia. Então, não consigo me ver produzindo diretamente nos grandes centros da cidade, isso é algo bem distante de mim.”
A entrevistada conta ainda sobre seu projeto, Retratos, que desenvolve no bairro do Capão Redondo, na periferia de São Paulo, o qual homenageia 10 mulheres da região. “A minha grande briga é fazer com que esse espaço não se torne um elefante branco na nossa comunidade, então, cada bailarino pesquisa a história de vida dessas mulheres e dança pra elas dentro de suas casas. A gente sai um pouco daquela arquitetura que intimida a comunidade”.