Texto: André Garcia // Foto: Divulgação Ducati |
O título pode parecer exagerado, pegue uma bebida, relaxe e leia, porque a Multistrada 1200 S é simplesmente, a melhor moto já produzida pela Ducati em toda sua história. Explico minha opinião: com ela, você usa no dia a dia, viaja, anda na terra(leve) e pode fazer track day.
Ano passado (2016) peguei o modelo 2015, modelo de entrada, para realizar algumas palestras e ações de segurança, gravação de vídeo para uma grande empresa estatal etc… e o modelo foi ativado na minha frente na Ducati Caltabiano e tive o privilégio de amaciar a criança, rodei 1000km, voltei na concessionária para troca do óleo, rodei mais uns 250km e devolvi depois de uma semana com muita pouca vontade de devolver, é verdade.
Não precisa de legenda...rs.rs...Foto: Alides Garcia |
Passados 6 meses, peguei a mesma moto, rodei mais 1000km, inclusive viajando com a esposa, e agora peguei o modelo S 2016 com 3 mil poucos kms, que sofreu facelift que a deixou mais linda e sofreu várias mudanças técnicas que a coloca no topo dos modelos “Sport Adventure” como alguns gostam de tratar, especialmente os fabricantes, mas que eu, particularmente, gosto de chamar “Crossover” por ser um estilo que alia a posição confortável da Big Trail, rodas de liga leve de 17 polegadas, pneus esportivos, tem jeitão de fora de estrada, até encara estrada de terra leve, mas seu verdadeiro habitat é o asfalto. Para isso a Ducati tem sua irmã Multistrada Adventure, ai sim, Big Trail com rodas raiadas e roda de 19 polegadas na dianteira, além de uma autonomia maior contando com um tanque de 30 litros.
Modelo 2015 sendo ativada. Foto: André Garcia |
Tá bom, sei de inúmeros casos de quem já colocou a Multistrada em situação difícil, mas aí, se elencarmos os fatores, saímos do tema.
Ahhhh!!! Eis o que difere uma Crossover de uma Big Trail: rodas. Big Trail só com rodas raiadas de 19 ou 21 polegadas, na minha opinião, e pneus mais off, para encarar o fora de estrada pesado e com desenvoltura.
Ao sentar na Multistrada 2016 o piloto com 1,65 de altura, como este que vos escreve, já nota uma diferença surpreendente em relação ao modelo anterior: é possível colocar os dois pés no chão, no modo Urbano.
Os engenheiros da Ducati fizeram um bom trabalho, pois o vão livre do solo aumentou, em relação ao modelo 2015, devido a mudança de altura do motor no quadro e resultou em uma moto de pilotagem fácil em manobras, pequenas, médias e altas velocidades. A ciclística é surpreendente.
Os punhos sofreram mudanças, ficou mais intuitivo, mas sem sombra de dúvida que o material lembra muito o utilizado pela BMW em toda linha, especialmente, na concorrente S 1000 XR. Detalhe: são retroiluminados, para melhor visualização noturna, é um mimo, por ser intuitivo o piloto acessa o que precisa sem tirar os olhos da via. Por curiosidade retroiluminação está muito em uso na informática em notebooks, leia aqui.
Painel completo e colorido. Foto: André Garcia |
Facilmente você se familiariza com os comandos que em conjunto com o painel, totalmente, digital em TFT que mais parece uma tela de notebook colorido, com a configuração da tela que se adapta automaticamente a variação da luz ambiente, também mudando de acordo com o modo de pilotagem selecionado ou à escolha do piloto. São quatro configurações: Esporte e Turismo são os modos mais completos com gráfico em barras de RPM no mesmo estilo da irmã esportiva puro sangue Panigale; no modo Urbano, informações essenciais e no modo Enduro um gráfico em barras de RPM, descrever cada uma, esse texto vai virar um compêndio, ficou curioso...vai na concessionária... mas está tudo ali a critério do piloto: rotação, marcha engatada, velocidade, hora, hodômetros parciais (trip 1 e 2) total, se conectado ao Bluetooh ele informa , mensagem de texto enviado ao celular, ligação, inclusive aparecendo o nome inserido na sua agenda de telefone ou o número que está te ligando.
Digno de nota: não recomendo a utilização de intercomunicador. Apesar da controvérsia na legislação brasileira, que leva a concluir sua legalidade, já que não se consegue o enquadramento no inciso VI, do artigo 252, do CTB, estudos da ABRAMET no Brasil e diversos outras entidades no mundo atestam que o uso de celular por intercomunicador ou não, tira a atenção na pilotagem. Portanto, alguém está te ligando, cabe a você parar em local seguro e retornar a ligação. Lembre-se do que está acontecendo com nós motociclistas ou motoqueiros quanto ao uso do celular por motoristas de automóveis, ônibus e caminhões. Quanto ao uso do intercomunicador com outro pilot, quer conversar??? Pare e tome um café.
MultiLink Ducati. Celular sistema Android |
Informações iguais do MotoGP |
O sistema Multilink da Ducati Multistrada é fantástico, funciona com Android e IOS. O aplicativo permite a gravação de vários parâmetros: velocidade, ângulo de inclinação, potência, rotação, Modos de Pilotagem usados etc… cria-se um verdadeiro diário de bordo, que permite rever rota na forma de mapas, aqui se detalhar tudo, se torna outro compêndio.
Modos de Pilotagem e Suspensões Skyhook
Aqui está disponível o que há de mais avançado e inovador em tecnologia para duas rodas. Cada um dos modos de pilotagem: URBANO, TURISMO, ESPORTIVO e ENDURO são acionados de maneira intuitiva no punho esquerdo e instantaneamente uma combinação de ajustes eletrônicos entram em ação e muda a moto da água para o vinho de acordo com a necessidade de pilotagem ou ao gosto do piloto. Lembrete: necessário fechar o acelerador no momento que acionar o novo modo.
Falo de tecnologia como Ride-by-wire (RbW) também conhecido como acelerador eletrônico, ou seja, sem cabo, que traz mais controle de aceleração e economia de combustível; Controle de Tração (DTC, D de Ducati) leia
Trajeto realizado. Fotos: André Garcia |
mais aqui um texto que só falo disso com ajuda do mecânico especializado em Ducati, Sebatian Rochon da SR Corse; ABS de última geração conhecido como ABS de curva: se no freio convencional é palavra de ordem jamais usar o freio dianteiro para não perder a frente ou levantar a moto, eis a tecnologia mudando a concepção de pilotagem. Isso se deve ao que a Bosch denomina Multi-calibração 9ME que consiste no trabalho conjunto com o DTC de 8 níveis variando calibrações aumentando a segurança ativa durante a frenagem seja em linha reta ou curvas; e o DWC (Ducati Wheelie Control, também com 8 níveis de ajustes que por meio de algoritmos o sistema capta sinais de velocidade das rodas, ângulo de inclinação e virada, aceleração, tudo fornecido pela IMU Bosch, rapidamente os dados interpretados libera ou reduz o nível de potência e ou torque, evitando que a roda dianteira saia do chão. O ajuste 1 é o menos intrusivo e o 8 é o mais intrusivo. O que é muito interessante que no 1, por exemplo, em uma saída de curva, você consegue levantar a roda dianteira suavemente só com a força do motor, no 8 não é possível, todavia, em ambos não há corte ou engasgos o sistema atua quase que imperceptível para o piloto.
Depois da necessária introdução, vamos aos modos de pilotagem que vou descrever como vem de fábrica, mas que pode ser alterado pelo feliz proprietário da Multistrada, vale lembrar que cada modificação altera instantaneamente a potência do motor, os níveis de atuação do DTC, ABS, DWC e configuração de amortecimento que falo a seguir e os gráficos no painel de instrumentos:
Sport = potência de 152 cv, torque de 13,1 Kgfm e delay do acelerador “high”, ou seja, a resposta instantânea e bruta, um ogro mal-educado, com controle de tração em 2 e ABS em 1, ou seja, menos intrusivo. Suspensão fica, esportiva, pré-carga, compressão e retorno ficam no nível máximo, ficando bem “duro”;
Touring = potência de 152 cv, torque igual, e delay do acelerador “med”, mais linear, a força surge de forma mais educada, com controle de tração em 4 e ABS em 2, mais intrusivo. Suspensão fica confortável para trechos bons ou ruins de estrada com pré-carga, compressão e retorno pouco mais “mole” que na esportiva, mas bem sensível ao piloto e garupa;
Urban = potência cai para 100cv (a Ducati não informa em qual RPM), o torque ela não informa também, com o acelerador em “low”, o delay ao meu gosto fica muito lento, deixei no “high, ABS em 3, o mais intrusivo, e DTC ou controle de tração em 6. Suspensão fica com um acerto onde a pré-carga, compressão e retorno fica no nível mínimo justamente para absorver todos os impactos e imperfeições das vias urbanas, mas… se abusar dá final de curso. Aqui uma dica: quem tem por volta de 70 a 75kg, deixa a suspensão para PILOTO+GARUPA, mesmo sozinho, fica perfeito.
Enduro = potência em 100cv, não há informação de torque, mas é nítido que seu pico ocorre antes dos 7500RPM. Suspensão fica com a pré-carga no máximo e compressão e retorno bem mais “mole” que no modo esporte e mais “duro” que no modo turismo. Aqui aparece um aviso no painel de que o DWC está desligado, o ABS na roda traseira fica desligado sendo possível o travamento da roda se o piloto quiser e na roda dianteira fica no nível 1 o menos intrusivo.
Ansiedade com uma Ducati Multistrada 1200S na garagem |
Lembre-se que cada um dos modos de pilotagem é possível alterar tempo de resposta do acelerador e ajuste da suspensão. Se quiser voltar ao ajuste de fábrica, basta clicar na opção “Default” e tudo volta como antes. Na avaliação, deixei tudo no “Default” com exceção ao modo URBANO que alterei a resposta do acelerador para “High”.
Pilotando
Depois de contemplar a beleza da máquina, é sentar e ligar, com a chave no bolso, só utilizada para abrir o tanque de combustível. Sim, ela não requer a chave para funcionar.
Peguei a moto na concessionária em uma quarta-feira, deixei no modo URBANO e quando cheguei no posto para abastecê-la (primeiro tanque por conta da Ducati), alterei a resposta do acelerador e veio a grande surpresa: ela estava com as malas, era horário de pico e trafeguei pelo corredor sem qualquer problema, dado a largura com as malas ser menor que a largura do guidão.
Cheguei em casa, tirei facilmente as malas e utilizei no resto da semana, muito mais, na cidade. No sábado logo cedo, com as malas na capacidade máxima, com a esposa na garupa rumei para Campos do Jordão, onde acontecia o Megacycle, mas que passei longe dado a lotação. Até tinha intenção de ficar por lá, mas a cidade estava lotada e entre ir para Sul de Minas e voltar, a esposa preferiu voltar para no dia seguinte darmos uma esticada até Santos.
Na ida e volta para Campos do Jordão usei o tempo todo o modo turismo e o ajuste de suspensão para PILOTO+GARUPA+BAGAGEM. A Multistrada 1200 S surpreende no contorno de curvas em subida, descida ou plano. Não falta força, não falta fôlego em momento algum.
Beleza que impõe respeito. |
NOTA: além de todos os ajustes já mencionados, a suspensão é possível ajustar só para piloto, piloto + bagagem ou piloto+garupa+bagagem em cada um dos modos de pilotagem.
No retorno de Campos, escureceu rápido e surpresa: a iluminação por LED é fantástica e quando você entra nas curvas e inclina, eis que é acionado um farol iluminando a curva....engenharia sensacional! O mecanismo se chama (DCL) Luz de Curva Ducati que trabalha em conjunto com o IMU (Unidade de Medição Inercial) que ao detectar o ângulo de inclinação, aciona o mecanismo.
No dia seguinte...Santos, descida pela Imigrantes no modo turismo e subida pela Anchieta no modo esporte, mas com a suspensão no ajuste PILOTO+GARUPA. No trecho de Serra, há muito tempo não levava uns apertões da esposa...rs..rs..rs..mas eu precisava apertar um pouco mais a MTS e em curva quando você aciona o freio dianteiro, nada de levantar ou espalhar ou abrir a trajetória é fantástico. A frente e traseira não mergulham nas frenagens e acelerações. Fica até difícil fazer a traseira deslizar em acelerações se o piloto quiser e só no modo ENDURO (DWC e ABS traseiro desligados) ou SPORT, onde o DTC, ABS e DWC atuam menos, mas o sistema é perfeito, você precisa estar muito focado na máquina para perceber a atuação do sistema, salvo nas empinadas em saída de curva, que é muito suave.
Esposa aprovou conforto da garupa, mas malas prejudicam posição dos pés |
Voltando de Santos, acesso Rodoanel, conhecido como trecho sul, que tem um dos piores trechos de rodovia do Estado de São Paulo, obra para o engenheiro civil se envergonhar, pois varia de asfalto para concreto e em ambos a trepidação é terrível, dado as ondulações do piso, especialmente com motos esportivas ou naked´s. Mas… estava de Multistrada e alterei para o modo ENDURO e no pedágio minha esposa perguntou o que tinha feito, respondi: mágica!
Nota: A esposa adora o estilo dessa moto, aprovou o conforto da garupa, mas as malas podiam ficam 2 cm recuadas para trás, o que propiciaria ao garupa poder ficar com a ponta dos pés nas pedaleiras.
Cheguei a utilizar o modo turismo que já fica infinitamente melhor que esportivo nesse trecho, mas no enduro o conforto aumentou e vale a pena, mesmo com a limitação em 100cv. Fiquei imaginando alguns amigos que quando estou com uma moto dessa, não me convida para “roubadas”.
Nota para os baixinhos: mesmo com regulagem de altura, quando se altera a configuração da suspensão a moto ficar mais alta (enduro) ou mais baixa (urbano). Tirando do moto URBANO, eu só conseguia colocar uma perna no chão, ou ambas com as pontas dos pés.
Iluminação é perfeita, ao inclinar aciona farol para iluminar curva |
A Mulstistrada empolga e te faz refletir muito quanto a que ponto chegou a engenharia, além de todo pacote eletrônico com diversos ajustes que eleva a pilotagem a estratosfera com muita segurança, não posso deixar de mencionar sobre 3ª geração do motor Testastretta 11º DVT - Desmodromic Variable Timing, que permite o controle de forma independente da abertura das válvulas de admissão e escape, em síntese, ao sair o motor já tem torque de sobra possibilitando controle sem sustos em baixa velocidade e em baixa rotação e ao gosto do piloto ela se torna demoniacamente esportiva.
A Ducati realizou uma belo trabalho, pois a moto responde exatamente a contento do piloto, os Ducatisti´s mais nostálgicos podem até reclamar, mas ela só é ogra quando o piloto quer, uma mudança radical do primeiro modelo em 2010 que foi sendo aprimorado lentamente até chegar a quase perfeição no atual modelo nesse quesito. Conversando com alguns proprietários que já andaram em ambas, há quem fale que ela perdeu aquele “punch”, o que discordo. Ela simplesmente se tornou educada, entenda como aceleração linear, ela entrega o que você quer, sem falta de educação, sem “ogrisse”. E isso tem atraído mais fãs para a marca.
Digno de NOTA: é que em seu lançamento em 2015 falava-se em 160 cv de potência e na ficha atual consta menos, 152cv, de toda forma não deve em nada para ninguém.
Fugir de São Paulo com uma Ducati Multistrada é nova Lua de Mel |
No uso urbano passa fácil nos corredores, mas, para sofrer menos com o calor do motor é melhor deixar no modo de pilotagem URBANO, quando o tráfego estiver pesado. No modo SPORT ou TOURING seus ovos serão cozidos.
Quando sai da concessionária, fiquei surpreso com a maciez da embreagem e o escalonamento e precisão do câmbio, chegando a pensar nas japas...mas...depois que o motor esquenta, você está em uma Ducati. só encontrei falso neutro de 5ª para 6ª marcha e uma dica, quando você estiver para parar em um semáforo, antes de parar, ainda em pequeno movimento, passe para o neutro, pois parada fica difícil. Em movimento entra fácil, mas parada entra em um falso neutro do neutro.
Mas o sistema evoluiu, especialmente a embreagem, em relação ao modelo 2015 (mais leve e macia) e em relação ao modelo 2010 não tem comparação, é muito melhor.
Pausa para História e café. Bolsa do Café em Santos/SP |
O freios, sempre BREMBO, são perfeitos em potência e progressividade que passa muita confiança e segurança por estar aliado ao que há de última geração em tecnologia. Detalhe: em relação ao modelo de entrada a diferença está na utilização das pinças M50, os mesmo que equipam a Panigale. Se precisar frear com vontade, se prepare: trave bem as pernas no tanque para não ser catapultado.
A Multistrada 1200 S melhorou em tudo em relação a 2015 (Brasil), falo em relação a ciclística, parece mais leve, suavidade na entrega de potência e torque, informações no painel, o próprio painel que é possível sua leitura a qualquer momento com o sol a pico ou à noite e cobra por isso. O pacote oferecido pela Ducati na Multistrada 1200 S é único no segmento, mesmo em relação a BMW S 1000 XR que conta com o mesmo pacote eletrônico na suspensão, a BM perde em conforto e ajuste de suspensão que mesmo alterando contínua esportivo demais, além de muito mais beberrão. Leia aqui
Por que menciono o modelo 2015 e sua concorrente BMW S 100XR??
Porque o modelo 2015 você encontra oferta razoável, pouco rodada e mesmo sem o ajuste eletrônico da suspensão, como a que pilotei, vem com um ajuste de fábrica muito bom, cabendo, tão somente, ajustar a suspensão traseira facilmente, apesar de manualmente, quando se pilota com garupa e malas. Há modelos usados com ajuste eletrônico, estou apenas mencionado o que avaliei e afirmando que vale a pena se pensar, se você não quiser ou não puder desembolsar muita grana.
O modelo da BMW foge um pouco da característica de turismo, porque tem um acerto muito esportivo e não permite as mesmas configurações da Ducati, especialmente, quando se quer andar com garupa (também é possível os ajustes, mas continua muito duro) ou tranquilamente na cidade em baixa velocidade. Mas é JUSTO informar que essa BMW está na sua primeira versão, enquanto a Ducati Multistrada chegou em 2009/2010 e já passou por importantes mudanças em 2013 e 2015, portanto é um produto, digamos, mais maduro em relação a alemã.
Multistrada 1200S em algum lugar das serras do Estado do RJ. Foto: Pedro Fernando Gama |
Uma semana com essa moto é muito pouco, mesmo tendo rodado pouco mais de 1000km com a versão S, fico com a sensação de que podia falar muito mais dela. Poderia falar mais de ciclística, o chassi, rodas, pneus sempre Pirelli, piloto automático que pouco usei, aquecimento de manoplas etc...mas é até redundante.
Então busquei o relato de dois proprietários, uma da versão Multistrada 1200 S 2016 e outro do modelo também S 2015:
Pedro e sua esposa em eterna lua de mel com a Ducati Multistrada em selfie |
“O amigo André Garcia chega pra gente e diz; “Amigo, você tem a moto, dá seu depoimento de usuário, prós, contras e suas impressões para acrescentar na minha matéria”. Já aconteceu antes e, claro, fiz minha parte e dei meu humilde depoimento sobre outra moto para ele. No entanto sobre a MTS eu o preveni antes de escrever que, muito provavelmente, tudo o que eu não faria com sua matéria seria enriquecê-la. Explico; não existem para mim “contras” a relatar sobre a MTS 1200S. Claramente meu depoimento correria o risco de ser encarado como o de um fan boy, o que não seria de todo incorreto pois tenho verdadeira paixão pelas Ducati, todas. Tanto que em minha garagem já a bastante tempo só entram Ducati e hoje, por sinal, tenho duas, e já foram três uma do lado da outra. Mas a MTS 1200S? Esta moto é até difícil de descrever, sinto até um pouco de dó do André pela árdua tarefa que terá pela frente. Ainda que fosse a MTS 1200 ABS eu poderia reclamar de alguns detalhes à menos, como faróis não serem de LED, não vir com malas nem suspensão eletrônica e bluetooth, um painel menos completo ou até dos freios dianteiros menos potentes. Mas a S realmente é uma moto sem “par” no mercado de hoje. Como eu já adiantei para o André com relação à comparação só o que se pode dizer é que há um degrau acima, no caso a MTS Enduro (pela autonomia maior e lindas rodas raiadas, somente), e um ou vários degraus abaixo, no caso de todas as outras Big Trail. A MTS 1200S é uma moto completíssima, com tudo o que é de tecnologia e recurso possível para um bom amante de estradas. Dirigibilidade? Sabe quando você já está com um veículo a meses, usando todo dia e o “veste” já como se fosse uma roupa íntima? Esta é a maior das características da MTS, para mim. Ela te deixa íntimo já nas primeiras passadas de marcha, torque demais quando se quer muito torque e afinado quando se quer dar um rolé em baixa. Curvas? Indescritível, e se você gosta de aprimorar sua tocada ainda vai ficar mais íntimo com a “S” pois tem um app (Android e IOS) que você “pareia” com a moto e, no fim de um determinado percurso, te informa velocidade média e máxima, todo o mapa do trajeto efetuado e, dentre várias informações úteis que você inclusive pode compartilhar, seus ângulos de curvas para esquerda e direita. Maravilhosa. E se a curva for à noite, não se preocupe, seus potentes faróis de LED também são cornering (à exemplo dos freios ABS) e iluminam o canto para onde sua moto está apontando com um terceiro facho. Quando estava para adquirir a moto tinha sim alguns “senões” sobre a mesma como, por exemplo, o histórico marcador de combustível claudicante de TODAS as MTS desde seu lançamento original. Sempre deram defeito e paravam de funcionar. Neste modelo novo que chamamos de “DVT”, pelo menos até o momento, com mais de 6 meses de moto, ainda não tive este desprazer. O resumo da ópera é: MTS 1200S, a melhor e mais completa Big Trail do mercado da atualidade na sua faixa de autonomia. Acima dela, só a MTS Enduro.” Pedro Fernando Gama, 53 anos, Tabelião, mais de 30 anos como motociclista.
Lilla em algum lugar da América do Sul, fazendo uso em fora de estrada |
Para Ricardo Lilla, dentista, 37 anos, fotógrafo por hobby: “a Multistrada é uma moto incrível, anda bem em todos os terrenos, já fui do Atlântico ao Pacífico com ela.... Exige uma pilotagem forte e agressiva com muita diversão ou uma pilotagem mais branda com algumas pescoçadas.... Misturando esportividade para pista e conforto para grandes viagens em uma mesma moto... Ela se acostuma ao estilo do piloto e ainda tem espaço para carregar o estritamente necessário à viagens de 15/20 dias. Gosto muito da segurança do ABS, controle de tração e suspensão eletrônica. Acho que é a moto mais versátil que a Ducati já inventou e originou um novo segmento dentre os outros concorrentes. Me orgulho de ser um Proprietário de DUCATI MULTISTRADA(minha terceira Ducati e segunda Multistrada)”.
No segmento de Crossover hoje o mercado oferece modelos de 650 à 1200cc, para todos os bolsos e gostos. A Multistrada é única e exclusiva no topo do segmento sem sombra de dúvida e a de maior cilindrada.
Sinceramente, a Multistrada 1200 na versão 2016 possui um estilo irretocável, moderno e agressivo que impõe respeito e chama atenção por onde passa.
Multistrada 1200 2015, com suspensão eletrônica. No mais puro mototurismo. Foto: Ricardo Lilla |
O vermelho que pilotei é lindo, mas a branca é apaixonante e seria a minha escolha.
É caro?? Sim, mas o pacote tecnológico justifica seu preço, não há nada similar hoje e o que mais se aproxima, como já disse acima, é a BMW S 1000 XR, que se o cara gosta e escolhe pela marca a tendência é ir para a irmã mais polivalente R 1200 GS, mudando o estilo. Se fizer questão de Crossover, a Multistrada ganharia, na minha opinião, um comparativo. As outras do segmento é injusto comparar, dado a ausência do pacote técnico, motivo pelo qual custam de R$ 20 a quase 40 mil reais a menos.
Consumo: melhor quase 22km/l, pior 16,5km/l fica a critério do piloto |
Portanto, se você pode bancar toda essa tecnologia na aquisição e manutenção, não vai se arrepender.
Pós-vendas: A Ducati cometeu sim alguns erros na chegada ao Brasil, mas a equipe atual está colocando a marca onde se deve no segmento Premium. Ainda, não é possível comparar com o pós-vendas de uma Triumph, mas antes de jornalista, sou consumidor e a qualidade dos produtos merece um atendimento a altura e não tenho dúvida que a Ducati vai disputar cabeça a cabeça com os ingleses, o disputado prêmio “Satisfação do Cliente” da revista Motociclismo.
Respondendo ao “zilhões” de e-mail´s que recebo, quanto a comprar ou não de uma Ducati, respondo: se a rede de concessionárias com a Ducati não fizer a lição de casa no pós-vendas, o que é muito improvável, já que visito muito concessionárias e só como exemplo Caltabiano, Ducati Mooca e Campinas tem dado bom atendimento em vendas e pós-vendas, nem por isso deixe de ter uma Ducati, porque existe EBay e no Brasil já contamos com alguns especialistas da italiana, onde recomendo sempre a Sr-Corse.
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