Colunistas - Rodolfo Bonventti

Eterna Memoria: Cacilda Becker

19 de Julho de 2013

(06/04/1921 – 14/06/1969)

Cacilda Becker nasceu no interior de São Paulo, mais precisamente em Pirassununga, em abril de 1921, e em uma família que vivia com muitas dificuldades. Quando seus pais se separaram, sua mãe pegou as três filhas, Cacilda, Dirce e Cleide, e foi morar em Santos, no litoral paulista.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Mas todas as dificuldades financeiras não foram um empecilho para que ela conseguisse estudar ballet e se formasse professora. Veio para a capital paulista em 1940 e aí a sua vida mudou e o Brasil começou a conhecer sua maior atriz e diva teatral de todos os tempos. Em São Paulo ela ainda tentou levar uma vida normal e se empregou como escrituraria em uma empresa de seguros.

Ao completar 20 anos toma a melhor decisão da sua vida para a arte brasileira. Vai para o Rio de Janeiro e resolve que quer ser atriz. A primeira oportunidade foi na companhia do ator Raul Roulien no espetáculo “Trio em Lá Menor”. Mas o grande salto de sua carreira acontece em 1946, quando a atriz integra o Grupo Os Comediantes e, dirigida por Ziembinski, participa ao lado de Olga Navarro da montagem de “Vestido de Noiva” no papel de Lúcia.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Em 1948, de volta definitivamente para São Paulo, Cacilda Becker se torna a primeira atriz profissional a ser contratada com carteira assinada, e integra o elenco do recém criado Teatro Brasileiro de Comédia, o TBC. O primeiro espetáculo foi “A Mulher do Próximo” e a ele se seguiram grandes montagens e excelentes performances da atriz nos palcos paulistas.

A diva dos nossos palcos interpretou textos que entraram para a história da dramaturgia mundial como “A Dama das Camélias”; “Gata em Teto de Zico Quente”; “Pega Fogo”; “Longa Jornada Noite Adentro”; “Maria Stuart”; “A Visita da Velha Senhora” e “Qem Tem Medo de Virginia Woolf?” só para citar alguns.

Em 1955, ao lado de Walmor Chagas e da irmã Cleyde Yáconis, ela criou o Teatro Cacilda Becker e levou para o palco dele grandes montagens. Na sua vida pessoal, o palco também sempre esteve em primeiro lugar. Casou com o jornalista Tito Fleury com quem teve o filho Luis Carlos e fez questão de estar no palco até o oitavo mês de gravidez.

Se separou do primeiro marido e casou com o ator Walmor Chagas, com quem viveu uma linda parceria nos palcos e fora deles. O casal adotou uma filha, Maria Clara, cantora que hoje se apresenta como Clara Becker.

Cacilda não gostava de atuar na televisão, e dela pouco participou, realizando alguns teleteatros na TV Tupi no final dos anos 1950 e na TV Bandeirantes nos anos 1960. No cinema fez apenas dois filmes, mas sua interpretação em “Floradas na Serra”, na Companhia Vera Cruz, em 1954, ao lado de Jardel Filho, é memorável.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Na noite de 06 de maio de 1969, entre um ato e outro do espetáculo “Esperando Godot”, mais uma magistral interpretação sua ao lado do marido Walmor Chagas, um inesperado derrame cerebral a derrubou no palco, o local onde mais ela desejava e sentia prazer de estar. Foram 38 dias entre a vida e a morte no Hospital São Luiz, até que a última ganhou a disputa e levou Cacilda Becker, aos 48 anos de idade, para brilhar em outros palcos.

 

 

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