Cultura - Educação

Se não tiver estômago, não leia. Mas deveria!

11 de Julho de 2013

Toda vez em que se fala do Holocausto a referência que temos é a dos campos de concentração nazistas, onde milhões de judeus foram dizimados. As coisas que lá aconteceram são tão terríveis que nos custa acreditar haver cena que se iguale àquela. Mas há, e uma dessas tragédias humanas está na obra de Daniela Arbex, que se dedicou a registar em um livro-reportagem a terrível história de um local chamado Colônia, em Barbacena (MG).

Embora com nome acolhedor, Colônia foi o maior hospício do Brasil e onde 60 mil pessoas morreram de forma desumana e cruel. Assim como judeus foram escolhidos do nada para serem mortos, os que passaram por Colônia tampouco deveriam estar lá: maridos internaram mulheres para viver com suas amantes, moradores de rua e epilépticos foram levados à força, filhas de fazendeiros que perderam a virgindade e pessoas que eventualmente estivessem tristes também tinham como destino o hospício, que não recuperou ninguém, mas enlouqueceu muitos.

No Colônia, embora houvesse roupas, as pessoas andavam nuas ou usavam apenas um pequeno trapo, sofreram abusos sexuais, torturas. Para sobreviver, comeram ratos e beberem urina e esgoto. Filhos foram arrancados das mães e vendidos. Passaram frio e dormiram sobre fezes. Levaram choques, muitos, e no caso de se rebelarem frente ao tratamento "carinhoso" que recebiam, uma injeção apaziguadora resolvia o problema.

Segundo a autora, estima-se que 70% dos atendidos não tinham nenhuma doença mental, eram apenas diferentes ou ameaçavam a ordem pública.

“Por isso, o Colônia tornou-se destino de desafetos, homossexuais, militantes políticos, mães solteiras, alcoolistas, mendigos, negros, pobres, pessoas sem documentos e todos os tipos indesejados, inclusive os chamados insanos.”

Foram 18.250 dias de atos bárbaros e impiedosos comandados por pessoas que se diziam normais. Lá, 60 mil internados morreram. Hoje existem apenas 200 sobreviventes dessa ação de extermínio.

Mas a maldade gera lucro. Corpos foram vendidos a universidades. Mais tarde, apenas os ossos eram comercializados.

Se você achou triste, lamentável e repugnante o que leu até aqui, prepare-se para descobrir coisas ainda piores, que, assim como o Holocausto nazista, não podem nem devem nunca ser esquecidas.

Como bem destacado por Eliane Brum, que assina o prefácio: "Neste livro, Daniela Arbex salvou do esquecimento um capítulo da história do Brasil. Agora, é preciso lembrar. Porque a história não pode ser esquecida. Porque o holocausto não acabou".

Holocausto Brasileiro

276 páginas
R$ 39,90
Editora Geração

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