Cultura - Música

Ainda que eu falasse a língua dos homens...

13 de Outubro de 2016

Por Cau Marques 

Assim como na primeira carta de São Paulo apóstolo aos Coríntios, podemos falar até mesmo a língua dos homens e dos Anjos, que se não houver amor nada vale a pena. Inspirado não só pelas palavras do livro mais conhecido do mundo, mas também pelas do poeta português Luís de Camões, Renato Russo se apoderou de frases ancestrais para torna-las sucesso da música moderna.

A poesia e a música andam juntas e de mãos dadas há muitos séculos. Desde as primeiras frases cantadas pelos bardos, contando as proezas de seus reis em verso ou em prosa, o texto bem construído e musicado encanta o ouvido humano.

Salmos e mantras são entoados aliando melodia a palavras e vice e versa, mas a música como a conhecemos dos últimos 1000 anos está mudando e o modelo está caindo em desuso.

A voz do líder da Legião Urbana, banda que gravou em música a frase bíblica que dá título a esse texto, era no mínimo contestável. Porém o seu conhecimento musical, aliado a sua bagagem intelectual e literária fizeram a diferença durante os anos de sucesso da banda.

O como ouvimos as músicas dos últimos 5, 10 anos está mudando em ritmo acelerado e a poesia está se perdendo. Apesar de alguns “Seu Jorges”, “Marias Gadús”, “Victores e Léos”, “Tiagos Iorques” e outros nomes recentes preocupados em colocarem textos agradáveis e bem escritos em suas músicas, a grande maioria do que se ouve é pobre no tema e o respeito pela nossa língua é quase nulo.

O desejo de se comunicar com um público cada vez mais novo, e estar “antenado nas gírias e papos da galera, tem feito das músicas, textos mal escritos iguais aos das crianças de 4ª série. Aliás tem muita criança dessa idade que já consegue escrever coisas muito melhores do que os sucessos que andamos escutando por aí.

A moda agora é falar errado, ler pouco e conhecer minimamente qualquer assunto, por que a impressão que se tem é que quem fala corretamente, coloca os “esses” nos lugares certos, respeitam um pouquinho só algumas normas básicas da língua portuguesa é chato, ou não é do povo.

A maior pérola do povo, sempre foi a arte, a poesia e a música, mas seria muito bom se tivéssemos mais filé Mingnon misturado na carne moída de segunda. Não se pode pensar que é por que está sendo feito para o consumo de uma grande massa população, que tem que ser uma porcaria. Vamos aproveitar a música para passar algum conhecimento. As músicas estão recheadas de vento, e vento vai embora no ar.

Em prosa ou em verso estamos sentindo falta de mais poetas populares como Renato Russo, Cazuza, Djavan e tantos feras que existiram e ainda existem na nossa música e na nossa literatura.

 

             

 

 

 

 

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