Colunistas - André Garcia

Avaliação: BMW S 1000 XR

9 de Agosto de 2016
Foto: Fábio Aro/Evento de Lançamento da BMW

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

No final do ano passado fui ao lançamento da S 1000 XR no interior de São Paulo e andar na pista é uma coisa, andar em trechos urbanos e em rodovia é outro, aliás, como falei na matéria.

Depois de muita espera e grande ansiedade em pegar essa moto, infelizmente, o período disponibilizado pelo fabricante é muito curto para avaliar uma moto com tanta tecnologia, peguei em uma sexta-feira e devolvi na terça-feira e mesmo rodando pouco mais de 1000km, ficou aquela sensação de que podia falar mais, ter mais sensações e chegar o mais próximo do usuário comum.

Primeiro cabe voltar ao tema: não se trata de uma Big Trail. Trail que significa trilha e a S 1000 XR passa longe de terra, ela tem roda de 17 polegadas calçadas com pneus esportivos, enquanto as Big Trail´s tem rodas de 19 ou 21 polegadas na dianteira e quase sempre com rodas raiadas.

O antigo e o novo frente a frente.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

A BMW na apresentação informou que se trata de uma “Sport Adventure”, ou seja, que faz a ligação das esportivas como S 1000 RR, da qual esta é derivada, com a aventureira GS.

Aliás, ao sentar, você pode até pensar que está em uma R 1200 GS, dado a posição, punhos, conforto...mas isso acaba quando você liga o motor...é uma sinfonia ímpar dos 4 canecos emanado pelo belo escape.  

Ao sair, já se percebe a ciclística bem acertada, já que não há qualquer dificuldade em baixa velocidade para movimentar os 228kg em ordem de marcha, a dificuldade maior para quem veio ao mundo com baixa estatura, como este que vos escreve, é a altura do banco ao solo de 840mm que pode chegar a 855mm, mas opcionalmente pode ter 820mm. Confesso que ficaria com o de 840mm, é uma questão de costume e planejar as paradas.

No trânsito ela esquenta e por mais que exista uma infinidade de opções para alterar seu “set up” ela lhe manda a mensagem que o habitat dela não é aquele e seja do modo Dynamic ou Road ou Rain ela parece em um processo de engazopar, nervosa, louca para ser acelerada. É necessário em baixa velocidade, cerca de 30 a 50km/h – velocidade das ruas de São Paulo, ficar em 1ª ou 2ª marcha.

Já na rodovia, meu amigo, o negócio fica sério! Mete a mão na manopla direita e sobe marcha sem acionar a embreagem fica parecendo videogame. O som emanado com o ganho de velocidade é alucinante.

Todas as informações necessárias estão no painel

Confesso que não senti muita diferença entres os modos de pilotagem, salvo no Rain que não reduz a potência, mas o tempo de resposta, deixando nitidamente o acelerador mais pesado, com resposta mais lenta e o controle de tração muito intrusivo. O controle de tração no modo Rain, mesmo pilotando todo trecho no seco, foi possível notar, porque na primeira parada notei que devia diminuir o ritmo, já que corria sério risco de não ter pneu na volta. A moto já estava com pouco mais de 5 mil km e percebi que o ideal seria a BMW equipar o modelo com pneus de perfil mais duro como o Pirelli Angel, sem perder o caráter esportivo.

Seja qual for o “set up” utilizado, a S 1000 XR não fica amigável, experiência é exigência “sine qua non”, ela quer andar e vai contentar muito quem vem das esportivas ou aprecia uma tocada mais agressiva, por outro lado não vai agradar quem as vezes queira uma tocada mais touring, afirmo isso, porque a 120km/h em 6ª marcha a 5000/55000 RPM sua vibração incomoda bastante e tal sensação passa ou ela só fica lisa a partir dos 6500 RPM e aí você já está cometendo infração de trânsito. É necessário rodar a 120km/h em 4ª marcha e aí o consumo vai, ainda mais, para o espaço.

Ela é um espetáculo, tão espetacular que beira o exagero e tenho cá minhas dúvidas se até mesmo não se perde um pouco do tesão das sensações. Explico: se por um lado você tem a moto na mão o tempo todo, seja a 1500 RPM ou a 11000 RPM, por outro lado, o controle dinâmico de suspensão não deixa ela afundar nas frenagens ou acelerações, a eletrônica controla tudo, por outro lado, não recomendo desligar, salvo se você puder leva-la para um local controlado como um autódromo, porque sem a eletrônica ela não perdoa erros. Na via pública mantenha pelo menos o “Dynamic” ou “Dynamic Pro”.

Faz curvas....ah como faz curvas e o limite é o pneu.

Foto: Fábio Aro

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

A BMW trouxe uma versão única com tudo: ESA, DTC, assistente de troca de marcha Pró (você não precisa acionar a embreagem para subir ou descer marchas), luzes por LED´s, aquecimento de manopla, controle de velocidade, vulgo piloto automático, protetores de mãos e totalmente preparada para GPS, malas laterais e top case. A bolha ou para-brisa você consegue regular pilotando, mas só desvia o vento do capacete, o piloto continua levando um bom vento no peito, achei estranho.

Fui e voltei de Matão para compromissos profissionais (leia aqui) e não fiquei nem um pouquinho cansado, é daquelas motos que lhe proporciona viajar 1000km ou mais em um único dia, mas sempre viajando rápido e o consumo não consegui fazer melhor que 12,5km/l, cavalo que anda, cavalo que bebe e como bebe.

Andar de moto e bater papo comendo coxinha sem glúten no meu caso e com glúten para quem pode 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Como disse no começo a BMW a trata como “Sport Adventure”, o mercado tem denominado Crossover, tem jeitão de fora de estrada mas passa longe da terra, como acontece com os automóveis.

Na classe dos Crossover´s temos como concorrentes da BMW S 1000 XR pelo menos em proposta e cilindrada: Kawasaki Versys 1000, Triumph Tiger Sport, um pouco abaixo a Yamaha MT09 Tracer (com 850cc) e sua grande concorrente direta a Ducati Multistrada 1200, aliás, a S 1000 XR parece um cruzamento de S 1000 RR com Multistrada, salvo quando se olha o motor.

Acelera muito, freia perfeitamente é uma devoradora nata de distâncias, o ou a garupa vai muito bem obrigado, a minha esposa só elogiou. E na viagem que fiz, minha fiel mala de garupa ficou perfeitamente acomodada entre a garupa e o suporte do top case, não sendo necessário tirar o banco do lugar para passar as tiras de amarração.

Meu lado emocional ficou encantado com a S 1000 XR e dá vontade de ter uma na garagem.

Cavalo que anda, cavalo que bebe. E como bebe!!!!! 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Já meu lado racional pergunta se precisa tanto? E pior quando você olha concorrente que faz a mesma coisa por menos... tá ok, não tem o status de BMW e nem toda eletrônica, mas nunca liguei em ter algo só pela marca e a S 1000 XR está muito mais para esportiva do que para touring e essa afirmação deixou para o final a suspensão dela, para sua proposta e em relação a todas as suas concorrentes é muito dura, especialmente para o solo brasileiro, ou digamos muito esportiva e mesmo mudando o “set up” ela não fica mais confortável, se é que o termo é adequado. Para você entender lembro de uma viagem que fiz para Brasília com uma R 1200GS Black Triple em 2011 e este modelo tinha uma configuração de suspensão perfeita:  no modo esporte, quando passei para o Estado de Minas Gerais até Brasília fui no modo conforto o mesmo se dava com o modelo K1300 R, o piloto tinha, realmente, uma configuração mais confortável no acerto de suspensão e isso faltou na S 1000 XR, além de amansar o motor para uma tocada sem vibração e mais tranquila, como acontece com sua concorrente quando mudamos  para o modo URBANO, e deve ser corrigido pela BMW. Mas, não é um defeito, é uma característica que deve ser aprimorado.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Diante de tudo isso, é muito pessoal a questão do preço de R$ 72.900,00. Vai depender muito do que você quer fazer e aí a decisão pode pender para um GS, que seria meu caso.

Mais dados e ficha técnica, click aqui.

Vale a pena rodar 320 km para comer coxinha

Uma sugestão de passeio é fazer um bate e volta a Bueno de Andrada, distrito de Araraquara, divisa com Matão para saborear as famosas coxinhas douradas e bater papo com os amigos. 

 

 

Local é excelente para família com crianças

Finais de semana muita moto e longas filas para atendimento. Mas o esquema é rápido.

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