Colunistas - André Garcia

Avaliação Indian Scout

16 de Junho de 2016

Antes de entrar na avaliação, recomendo a leitura da história da Indian na obra “Motocicleta – A evolução das máquinas que conquistaram o mundo” (editora Alaúde) do meu amigo Fausto Macieira. Leitura obrigatória para qualquer motociclista ou motoqueiro, qualquer que seja os rótulos que resulta no mesmo ponto: amor por duas rodas com motor.

Lá você vai ter conhecimento que a Indian nasceu das competições de bicicleta para furar o ar e aumentar a eficiência dos ciclistas e que em 1901 com 290 cilindradas, 52 kilos e 1,75 cavalo de potência nascia a primeira Indian. Nome escolhido para representar um “produto genuinamente americano”. 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Se no final de 1905 já vendendo 1.181 motos o negócio complicou com a criação da Harley Davidson e que nos pós-guerra a fez fechar as portas em 1950, hoje com seu ressurgimento ou renascimento em 2011 com o Grupo (norte-americano) Polaris assumindo a operação, o negócio da Harley Davidson complicou e bastante, já que a marca do índio com cocar em pleno século XXI é bem mais tecnológico e demandará muito trabalho para a sua maior concorrente se reinventar.

O amigo leitor pode pensar que a vida de quem avalia motocicleta é fácil...engana-se....muito glamour, pouco dinheiro, mas muito amor pelo que faz e o peso da responsabilidade em dar sua opinião em um produto que faz parte da história do motociclismo mundial, dado o sucesso comercial e esportivo da Scout.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Mas, vamos lá...sentando-se na máquina você já fica surpreso com acabamento e “certo” conforto, painel bonito bem ao estilo e com informações necessárias, punhos bem-acabados, botões no padrão com exceção do botão de luz alta ou “passing” que no lugar, não sei porque é o “menu”.

Está uma mania de alguns fabricantes mudarem os botões de punho, que me leva a refletir se o projetista anda de moto?!!?!? Mas tudo bem!!!

Ao ligar o motor, um pulsar, nada de vibração incomoda, o engate da 1ª marcha lembra as japas e ao sair outra grata surpresa: como é leve, como é suave. Câmbio bem escalonado, a quinta marcha é tão longa que você as vezes esquece de engatar a sexta marcha em trecho de rodovia. A embreagem não é hidráulica, mas, mesmo no anda e para da cidade não ficou pesada a ponto de incomodar.

A leveza do conjunto, baixa altura do solo, aliado ao motor que é dosável (adjetivo usado na área da saúde, de dosar remédio, mas não encontrei outro melhor) torna possível uma saída tranquila, suave ou se o piloto desejar uma saída “Motogp”. 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

O motor, um V2 de exatos 1133cc, 100 cv de potência (rotação não divulgada) e 9,96 Kgfm de torque a míseros 5.900 RPM, arrefecido a líquido, com vibração ínfima em qualquer rotação, também, está no nível das custom´s japonesas, sem sombra de dúvidas, o calor emanado do motor não incomoda, incomoda o calor do escapamento, especialmente da curva que sai do primeiro cilindro quando você anda na cidade.

A SCOUT tem características bem interessantes, pois passa uma imagem moderna, vintage com o apelo “life style”. Certamente, ela vai agradar os usuários até de naked, MAS, precisa mudar a posição das pedaleiras para aumentar o rol de fãs.

Não sei como vão fazer isso, já que o escapamento prejudica muito possíveis e caseiras mudanças, mas senti muita falta de dobrar a perna nas mais de 3 horas de pilotagem do circuito que criei trafegando mais de 300km entre trecho urbano e rodoviário.

Em trecho rodoviário ela se mostra em seu habitat...como anda. Esse motor podia tranquilamente equipar outras motos mais radicais. É divertido sair no farol ou de um pedágio, sai como uma flecha ou seria como um míssil para ser mais atual?!?!

Já no trecho urbano, apesar de passar fácil nos corredores (quando a faixa de rolamento tem o padrão mundial de 3,50 metros de largura), é possível até “ziguezaguear” entre os carros, dada a ciclística bem acertada...óbvio que as vezes falta maior esterçamento, mas nada complicado dado sua altura e leveza, como já falei. Em terceira ou quarta marcha você anda de 20 a 90km/h, ou seja, na cidade, não é exagero, parece que você está em um scooter, tamanho a saúde desse motor.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

O chato, se é o termo mais adequado, são as pedaleiras avançadas (ao meu gosto) e que limitam por demais nas curvas, pois, como tem apetite por curvas e cansa no trecho rodoviário devido ao vento ou na cidade por não ter apoio para transpor buracos e pequeno obstáculos, não sendo possível firmar melhor os pés. 

Outro ponto que chama atenção e merece melhoramento é na suspensão: se no bom pavimento da rodovia ela dá conta do recado, no trecho urbano, nas ruas de São Paulo, o piloto nota a necessidade de melhorar, a dianteira podia ser mais firme, mergulhar menos nas frenagens e ter um retorno menos abrupto e na traseira é o “tendão de Aquiles”, chega a bater e todo o impacto vai para coluna, dado a posição que fica o piloto e daí, também, a necessidade de mudar ou dar ao piloto a opção de alterar a configuração da pedaleira, que somado ao banco que tem excelente acabamento e um couro maravilhoso, depois de horas rodando se torna duro, muito duro e incômodo. Por isso lá no começo o “certo” conforto.

E a questão da suspensão, estou levando em consideração o gorducho pneu Pirelli Night Dragon que nas belas rodas de 16 polegadas, além de conferir maior agilidade na mudança de direção, por ter mais borracha amortece bastante nosso pavimento. Uma boa mexida na suspensão, mantendo esses pneus, essa moto vai ficar muito confortável e com uma ciclística impecável.

O modelo avaliado foi sem garupa, opcional (ponto negativo) com custo de cerca de R$ 2.100,00, mas acredito que para receber garupa (mais uma pessoa propriamente) a suspensão precisa ser repensada para o péssimo e vergonhoso pavimento brasileiro. E afirmo isso, mesmo sabendo do inteligente mecanismo de regulagem da suspensão traseira que leva em consideração o peso...ahhh o feliz proprietário terá que ler o manual do usuário.

Zacarias Pagnanelli – Diretor Nacional de RI da Record, não conseguiu esconder a emoção

 

Para parar todo santo ajuda? Não no caso da SCOUT que na minha modesta opinião tem freios superlativos para o estilo. Há quem pense que um disco na frente não dê conta do recado…ledo engano!!! Com 298mm na dianteira com pinça de dois pistões e 298mm na traseira, pistão simples, ambos com ABS com fluído de freio passando por aeroquip, ou seja, sem sofrer a dilatação das tradicionais mangueiras de borracha, afirmo que a frenagem é estupenda e o ABS na dianteira, na unidade avaliada, estava perfeito sendo acionado quando era necessário, já no traseiro achei que o sistema foi acionado cedo demais. O retorno tanto no dianteiro como no traseiro não assusta.

Conclusão:

Para quem busca o tal “LifeStyle” é um prato cheio. Você não vai passar desapercebido por onde passa, a moto confere muita personalidade. E as pessoas te cumprimentam, sorriem, exatamente igual quando você está com a sua maior concorrente. O estilo tira aquela coisa marginal que, infelizmente, o motociclista carrega no Brasil.

Apesar da necessidade de melhorar as suspensões e o fabricante dar a opção ao piloto ficar com as pernas esticadas (semiflexionadas) ou dobradas (quase a 90 graus) a Indian SCOUT me surpreendeu.

Me surpreendeu pela ciclística, já que você tem um chassi de alumínio fantástico, propiciando mudanças rápidas de direção, mesmo com seu entreeixos de  1,562mm, com um motor que falta adjetivos para melhor qualifica-lo, é realmente tesão acelerar essa moto na rodovia ou na tocada calma exigido em trecho urbano. Me surpreendeu pela economia de combustível. Me surpreendeu pela embreagem, câmbio e boa iluminação e visualização do painel. Volto a lembrar: muda a p!@#$ do botão de menu, ali é farol alto de passagem!!!!! Ah!!! O acionamento do pisca-alerta está perfeito: você mantém apertado o botão onde daria sinal para direita ou esquerda e ele liga ambos, mas precisa ser instantâneo o acionamento.

 

 

É uma moto que tem tudo para agradar, também, o público feminino, pois ela não aparenta ter 257kg.

E vou muito além na análise:  não vejo a Scout só concorrente da Forty-Eight e 1200 Custom da Harley Davidson, que vou deixar para comentários na matéria delas.

Se houver esses pequenos acertos, a SCOUT tem cacife para roubar, literalmente, os usuários de naked, que usam moto no dia a dia, como este que vos escreve e disputar mercado, até mesmo, com outros modelos que buscam e oferecem o estilo “LifeStyle” mesmo com diferença de preço e de estilo.

Mais sobre a moto, click aqui no site da Indian.

Preço?? O dólar está de matar.

 

 

Mais fotos: https://goo.gl/photos/foCxjEsVP5CipnhR7

Texto: André Garcia//Fotos: Gustavo Epifânio e acervo de André Garcia

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