Colunistas - André Garcia

Avaliação Ducati Monster 1200S

19 de Maio de 2016

Puro êxtase

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Poucas vezes sinto dificuldade em começar um texto, mas sempre que isso ocorre é devido a empolgação que determinado produto causa.

É o caso da Ducati Monster 1200S!

Dá vontade de escrever palavrões para que o leitor possa entender o que é essa máquina. Ma macchina bela, Per l´amor di Dio, Inferno Cazzo (desculpa não resisti).

Assim como comecei o texto da Monster 821, antes de montar, contemple! É linda! É ainda mais linda que sua irmã menor. A ressalva fica para o quadro que podia ser vermelho. Com o branco ficaria estupendo! 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Sentado, você veste a moto, mas o mesmo probleminha da Monster 821 é com o pé direito que não se encaixa bem, já que tende a pegar no escapamento, quando na ponta do pé e a pedaleira podia ser melhor. Mas tudo natural, braços relaxados, botões de punho em posições corretas e de excelente acabamento, que proporciona uma pilotagem intuitiva.

Lançada em Milão em 2013, a versão S com 145 cv a 8.750RPM com o novo motor Testatretta 11º Duas Apark, bicilindrico em L-Twin, como a Ducati denomina dado seu posicionamento, com 1198cc, com 4 válvulas por cilindro e torque de 12,7 kgfm a 7.250 RPM com peso em ordem de marcha de 209kg.

Só a título de comparação, a badalada Kawasaki H2, motor 4 cilindros sobrealimentado com Supercharger, conta 238 kg de peso em ordem de marcha e torque de 13,6 kgfm a 10.500RPM.

Ou seja, a Monster 1200S é uma usina de força que pode ou não ser domada de acordo com a experiência do piloto, já que conta com uma eletrônica que lhe coloca em um patamar acima da concorrência em termos de segurança.

Lembrando que suas concorrentes BMW S1000R (também conta com vasta eletrônica), Kawasaki Z1000 (só ABS), Honda CB 1000R (ficou arcaica perto da Ducati), Triumph Speed Triple que já foi atualizada na Europa e chega ao Brasil no 2º semestre, MV Agusta Brutale (melhor não comparar para evitar guerra de tomate, já que, sinceramente...Monster 1200S na cabeça).

Quem me conhece sabe da minha predileção pelo estilo Naked, mas é essencial que ela ofereça performance, economia de combustível, boa suspensão e, principalmente, conforto. E aqui, ainda tenho como referência a minha ex-Yamaha FZ6 N (que tinha suspensão bem limitada) que andava 1000km em um dia e não ficava com uma só dorzinha, salvo pelo cansaço do vento.

E a Monster 1200S é uma naked que oferece tudo isso, é confortável e posso afirmar isso, porque fiz um roteiro que misturou excelentes e ruins trechos de rodovia e no final do dia, a vontade era andar mais.

Trajeto realizado em um sábado

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Além do uso que fiz dela por quase uma semana, utilizando-a basicamente em percurso urbano, no final de semana rolava um encontro de amigos do Ducati Clube São Paulo em Dois Córregos, então vamis lá dar um abraço na rapaziada e mostrar a bela máquina.

Se durante a semana utilizei o modo urbano, na estrada usei o modo Touring e Sport e amigo...ah!!! O modo esporte é formidável!

O acelerador eletrônico trabalha associado ao controle eletrônico de tração que muda conforme a seleção de pilotagem, sendo possível a alteração sem ter que parar a moto.

O painel, lindo, mas de difícil leitura com o sol a pico, da Monster 1200S mais parece a tela de um “notebook”, colorido e fácil de manusear, bem intuitivo, mas o ideal é você estar parado para fazer alterações que achar necessário, caso queria mudar a programação “default” de fábrica, que é a que deixei.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Modos de pilotagem ou Riding Modes:

Sport = potência de 145 cv, torque de 12,7 Kgfm e delay do acelerador “high” inexistente, ou seja, a resposta instantânea e bruta, um ogro mal-educado, muito bruta, com controle de tração em 2 e ABS em 1, ou seja, menos intrusivo, tudo por conta e risco com piloto;

Touring = potência de 145 cv, torque igual, e delay do acelerador “med” mais manso, mais linear, a força surge mais, digamos, delicadamente, de forma mais cavalheiro, com controle de tração em 4 e ABS em 2, mais intrusivo.

Urban = potência cai para 100cv (a Ducati não informa em qual RPM), o torque ela não informa também, mas acredito que algo entre 8 e 10Kgfm com o acelerador em “low”, o delay ao meu gosto fica muito lento, deixei no “high, ABS em 3, o mais intrusivo, e DTC ou controle de tração em 6.

O bacana na Monster 1200S é que com ela é possível fazer um track day sem dever nada para as esportivas, em uma posição mais confortável, viajar, aqui abro um parênteses: sozinho, basta uma mala de tanque e mochila ou mala de garupa, com garupa a parceira tem que ter um espírito mais motociclista, porque não dá para levar quase nada (em uma mochila e mala de tanque), mas a posição é boa e o banco oferece bom conforto; e usar no dia a dia, apesar do calor emanado pela escapamento, especialmente do lado direito, no outono e inverno deve ser gostoso, mas no verão brasileiro é um inferno.
Eu e Zacarias Pagnanelli que ficou encantado com a máquina






























Tudo que falei em termos de ciclística da Monster 821, vale para esta com a diferença da maior disposição do motor que não aceita erros, você freia mais cedo e acelera mais tarde, por exemplo nas entradas e saídas de curva.
Ela é selvagem, no modo esporte em saída de curva, se você enfiar a mão a frente sobe e aí você sente a eletrônica funcionando. É uma patada forte, é travar as pernas no tanque, ponta dos pés na pedaleira bem firmes porque ela te joga para trás sem dó. O posicionamento de pilotagem aqui é essencial.


























Embreagem hidráulica antiblocante é macia, leve e o câmbio de 6 marchas bem escalonado, todavia, um pouco duro, tem que chutar com vontade e as vezes tem um buraco entre 3ª/4ª e 5ª/6ª marchas, um falso neutro.
Suspensão é muito melhor que da M821, dianteira com garfos invertidos de 48mm totalmente ajustáveis e traseira monoamortecida em uma bela balança de alumínio monobraço tudo da Ohlins. Posso falar o que com uma grife dessa envergadura!?!?! Mas só mexa com quem entenda e indico o Sebastian Rochon da SR-Corse, aliás, perguntado pelo meu Diretor da R7 sobre ter uma Ducati, afirmei que em temos de pós-vendas hoje não me preocupo tendo um profissional como esse uruguaio que considero um dos maiores especialistas em Ducati hoje no Brasil. É “o cara” para fazer revisão de Ducati´s e marcas europeias. Uma dica: fala com ele pessoalmente ou whatsApp, porque por telefone é complicado entender o “portunhol calabrês”.
Calçadas nos excelentes Pirelli Diablo Rosso II, com rodas de liga leve de três raios na dianteira com 120/70-17” e na traseira com 190//55-17” casaram bem com a Monstra.
Para parar a Ducati que sempre usa Brembo e aqui conta com dois discos semifluturantes de 330mm, pinças monobloco M50 radial, com 4 pistões e no traseiro com pinça de pistões duplos tudo com ABS de última geração da Bosch.
Amigão apesar do freio ser perfeito em potência e progressividade, trava as coxas no tanque, porque se você enfiar a mão no dianteiro e estiver de bobeira, é catapultado com certeza. Se você tiver as manhas de frenagem, vai deixar muita esportiva para trás em track day, além da performance do motor. 
Porque falo tudo isso? Pelo preço salgado acima de R$ 70 mil reais.
Mas, você não precisará investir mais um tostão em preparação para track day, por exemplo, já que suspensões, freios e motorização é de corrida. Claro: contrata um seguro e reza para não cair.

Embaixo do banco é possível guardar uma capa de chuva






































No Brasil poucos podem se dar ao luxo de ter essa moto como segunda na garagem e penso naquele cara que só pode ter uma moto, fazer um único investimento.
Pensando e analisando concorrentes, o que oferecem, o pacote de segurança, se for para ter uma única moto...vá de Monster 1200S, se você for mais pobrinho vá na Monster 1200 que oferece menos em termos de suspensão, potência e torque ou se for mais proletário ainda...vá de Monster 821.  
Brincadeiras à parte, nos três modelos o que me chama muito atenção é o pacote de segurança oferecido: controle de tração + ABS de última geração + modo de pilotagem, com isso, a moto pode ser pilotada por um inexperiente, desde que no modo urbano/low. 
No ano que a Ducati completa 90 anos, é incrível a quantidade de pessoas que se reúnem em torno da marca, formando uma família, sempre se confraternizando e arrumando um motivo para rodar. O melhor é ver que as famílias dos proprietários de Ducati participam, vão nas festas, bebem, dormem por lá, já que bebida e pilotagem não combinam. 




















Fica aqui mais uma vez meu fraternal abraço a todos os DOC´s – Desmo Owners Club por meio do DCSP (Ducati Club São Paulo).
Mais informações e ficha técnica, acesse aqui.

Texto e fotos: André Garcia

Comentários
Assista ao vídeo