Colunistas - André Garcia

Padrão Executivo em Mobilidade Urbana: Yamaha TMax

3 de Março de 2016

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Com o crescimento populacional das cidades, o termo “mobilidade urbana” no presente é o que demanda mais esforços em todo o planeta dos dirigentes estatais, sociedade e indústrias para equacionar como se movimentar com segurança no menor espaço de tempo possível.

O Estado tenta por meio de políticas públicas equacionarem os espaços na via pública, ditar regras para melhorar o transporte de massas. Se na Austrália o corredor foi legalizado sob o lema do compartilhamento da via pública, em cidades como Paris, Milão, Roma há bolsões de estacionamento nas entradas do metrô, infelizmente no Brasil a Politica Nacional de Mobilidade Urbana excluiu a motocicleta e o scooter, caminhando na contramão dos países de primeiro mundo.

As pessoas mudam de cidades ou bairros para ficarem mais perto do trabalho ou da faculdade, buscando qualidade de vida.

E a indústria como no caso da Yamaha busca criar alternativas para as pessoas se locomoverem mais rápidas e em segurança no caos urbano com baixo consumo de combustível e consequentemente poluindo menos.

Quem já leu meus artigos relacionados a segurança e mobilidade urbana, sabe que sou um entusiasta do veículo de duas rodas como alternativa a mobilidade urbana, todavia, nunca fui tão entusiasta assim com o scooter no Brasil.

Explico: o pavimento nas cidades brasileiras é vergonhoso e esses veículos se tornam um perigo nas vias públicas seja pela roda pequena, curto curso de suspensão, baixa cilindrada a tornado limitada só para ambiente de trânsito até 70km/h.

Antes eu tinha como solução uma motocicleta estilo Trail de no mínimo 250cc, com um top case de 46 litros (para guardar ao menos 2 capacetes), já que não vale o sofrimento de um scooter se você não tiver onde guardar as coisas, bem como, se for para gastar com top case; se tiver aptidão, vá para uma motocicleta.

Eis que a TMax mudou meus conceitos.

Quando foi entregue em casa, fiquei surpreso:

1º) não sabia que a chave era por presença, primeira mudança em relação ao modelo 2015. Só com a presença da chave, você liga e desliga o motor, abre o compartimento sob o banco. Simplesmente fantástico!

2º) estava 0km, literalmente, 0km. Fui o primeiro a andar nessa beleza da engenharia.

A Yamaha me entregou por volta das 16 horas, depois de muito quebrar a cabeça, abrir o compartimento, ler o manual...sim sou leitor assíduo de manuais de motos e carros, tive um compromisso e quando voltei por volta das 21 horas, olhei para minha esposa e disse: vou dar uma volta, a TMax não pode passar a primeira noite comigo com o odômetro no 0Km. E sai para uma voltinha de pouco mais de 100km.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Sentando

Ao sentar na TMax, aqueles que não cresceram muito, talvez sintam certo desconforto para se colocar na posição de pilotar a máquina.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Isso se deve pelo fato do banco um tanto elevado (800mm) e o túnel entre o banco e escudo frontal, criar certa dificuldade. Basta montar como se fosse uma motocicleta ou primeiro sentar, elevar as pernas e posiciona-las como em moto ou esticadas para sair da imobilidade. Quem tem 1,65 de altura, como este que voz escreve, ficara nas pontas dos pés, já estou acostumado com isso e não tive dificuldade mesmo em manobras, todavia, talvez fosse o caso da Yamaha oferecer um banco mais baixo.

Falando em manobras, seus 221 kg em ordem de marcha, mesmos com os dois pés nas pontas, não dificulta desloca-la.

Os botões de acionamento do motor, setas, piscas alerta, lampejador de farol alto, buzina, estão todos no devido lugar, tornando a pilotagem intuitiva, sem necessidade de tirar os olhos da via e aqui merece o primeiro elogio: a Yamaha devia ter como referência os punhos desse scooter para toda sua linha de motocicletas.

Único “senão” é quanto ao acionamento do computador de bordo ou os dados de consumo, odômetros que não é possível acessar pilotando, já que necessário acionar os botões fixados no painel.

Uma sugestão é o botão de acionamento do farol alto, feito pelo polegar da mão esquerda se tornar o botão para acionar esses dados, como farol alto não tem qualquer serventia. E o lampejador de farol alto, acionado pelo indicador da mão esquerda, ter um acionamento fixo se travado pra frente, como acontece no scooter concorrente.

Sentando o piloto fica bem encaixado, braços relaxados e tudo a mão, mas o banco um pouco mais baixo, melhoraria ainda mais a boa ergonomia.

Ao acionar o botão de partida, um som forte do belo escape 2x1 em aço inox empolga qualquer um.

Na TMax tive a impressão que o acelerador funciona em dois estágios que propicia sair com calma ou trafegar tranquilo e quando você enfia a mão...ah meu amigo...o bicho pega! O motor é composto por dois cilindros paralelos, DOHC, 8 válvulas, refrigerado a água de exatos 530.2 cilindradas cúbicas, com potência de 46,5 cv a 6750RPM e torque de 5.3kgfm a 5250RPM, com o câmbio CVT.

O tendão de Aquiles dos scooter´s costuma ser a estabilidade, quase sempre calçadas em pequenas rodas/pneus, suspensões que sofrem nas esburacadas e ondulas ruas brasileiras, peso quando com piloto e garupa, e chassi que propicia muita torção.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Quase sempre, porque na TMax o negócio é bem diferente: seu quadro construído em alumínio, isso mesmo igual as esportivas, não permite torção, mesmo quando levada a fazer curvas de longo, curto ou médio alcance, isso somado as suspensões na dianteira garfo telescópico invertido com 41mm de diâmetro com 120mm de curso e na traseira monoamortecida, como nas motos,  com 116 mm de curso. As rodas de alumínio são de 15 polegadas com medidas de 120/70 na dianteira e 160/60 na traseira, calçadas de série com bom Bridgestone Battlax SC. Fazer curvas com a TMax é como estar nos trilhos.

A TMax anda muito bem no caótico trânsito paulistano trafegando entre corredores, apesar de seu 1,58m entre-eixos, não tive dificuldade em “zig-zaguear” nos corredores de São Paulo. As vezes o enrosco se dá pelo estreitamento da faixa, que se fosse no padrão mundial de 3,50 metros, não teria qualquer problema. Na rodovia, sem aquela sensação de flutuação, digno da falta de estabilidade, quando esta em velocidades de 120 a 140km/h ou mais, sobrando motor, você sente o scooter grudado no chão.  Em baixa velocidade é fácil, qualquer novato consegue domar esse scooter.

Durante a pilotagem, o piloto é protegido pelo para-brisa que possui 2 ajustes de difícil manuseio, já que é necessária uma chave allen para alterar a posição. Sugestão: um para-brisa nos moldes da BMW S1000XR, que você consegue alterar sem necessidade de ferramenta.

Minha média de consumo ficou entre a pior em 16,3 Km/l e a melhor 22,3km/l. Para um motor bicilindrico de 530cc, 0km em fase de amaciamento está ótimo! Devolvi a TMax a Yamaha com exatos 961.5 km, pronta para 1ª revisão e certamente, o consumo tende a melhorar, com mais tempo conseguiria bater os 26km/l.

Freios

Em uma simples palavra: poderosos!

A dianteira conta com discos duplos de 267mm com pinça flutuante de 4 pistões e na traseira com disco simples de 282mm com pinça flutuante de pistão duplo. Ambos assistidos pelo sistema ABS.

Quem não é muito familiarizado, pode se perguntar: por que tanto freio?

O forte motor de exatos 530.2cc dado o sistema CVT com embreagem centrífuga que não necessita mudança de marchas, não é possível reduzir marchas como nas motocicletas, o tal do freio motor parece ausente quando se fecha o acelerador, basta enfiar as mãos nos manetes para parar o bólido.

Aqui vale mencionar duas questões: 1) a Yamaha não dotou o scooter com freios combinados, o que achei ótimo, já que em uma tocada em serra, quando você quer fechar a curva, basta acionar o traseiro para fechar a trajetória, sem que ele queira levantar por conta de acionar a dianteira; 2) o ABS está perfeito, não é intrusivo e só trabalha quando há necessidade. Na feliz semana que fiquei com o modelo, o ABS foi utilizada uma única vez no freio traseiro, no momento que freava com vontade e pequei alguma sujeira no asfalto. O retorno no manete não assusta.

Painel

Além de bonito, é de fácil leitura, dotado com todas as informações necessárias ao piloto e acesso que pode melhorar, mediante botão no punho esquerdo, como já mencionei acima. Nele é possível visualizar a velocidade, a rotação do motor, data, hora, temperatura, combustível, odômetros parciais: trip 1 e 2, total, quando entra na reserva e regressivo (com base no combustível do tanque e aceleração) em padrão europeu, ou seja, L/100KM. Necessário fazer conta: 5.3L/100Km, significa que você está percorrendo 100 km com 5.3 litros de gasolina ou 18,86km/l.

Segurança

Algo que chamou muito minha atenção foram detalhes pensados pela engenharia visando aumentar a segurança do usuário.

A iluminação mudou do modelo 2015 para 2016, dotando o farol dianteiro com dois verdadeiros canhões por led´s, aumentando a visibilidade do scooter para os demais veículos e durante a noite uma visão perfeita da via.

Os punhos iguais ao da motocicleta, inclusive com o lampejador do farol alto no indicador da mão esquerda torna a pilotagem intuitiva, em momento algum, foi necessário tirar os olhos da pista para procurar ou acionar pisca de mudança de direção ou buzina. Volto a mencionar: os punhos da Yamanha TMax devem se tornar referência para a fabricante em seus próximos produtos, é perfeito ao tato e ao acionar. Único “senão” é o botão de acionamento do pisca-alerta que deveria ser, também, no punho esquerdo. Já expliquei isso no texto da MT-09.

Freio de estacionamento, aqui a Yamaha matou a pau, merece destaque entre os itens que torna esse scooter mais seguro. Pode parecer tolice, mas quem anda no dia a dia, sabe que às vezes nos vemos em situação que é necessário parar em rua íngreme e esse sistema, trava a roda traseira. Interessante, que você pode usar em duas situações, dado a facilidade do mecanismo, no farol vermelho em uma rua íngreme, o piloto não necessitará manter pressionado os manetes de freio e quando, realmente, parar em estacionamento em uma rua íngreme e não quiser utilizar o cavalete central. Nota 10!!!

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

O porta mala, como já disse acima, na minha opinião, não vale a pena ter um scooter que não se possa guardar um capacete fechado e demais equipamentos de pilotagem e seja necessário gastar com top case, além da sua importância no quesito ter onde guardar suas coisas ou ter mais espaço para guardar suas coisas. O tamanho da porta mala da TMax não é dos maiores, mas é possível guardar um capacete e equipamentos. Se for o caso é possível guardar jaqueta, luvas, capa de chuva, joelheiras e deixar o capacete pendurado e ainda é possível, mediante um cabo de aço que vem com o scooter, deixar 2 capacetes pendurados. Então, aprovo o porta malas de 30 litros, mesmo porque você precisa levar em consideração a posição do motor que está dentro do chassi e não na roda traseira o que influi diretamente para o excelente ciclística da TMax.

Por fim, a ciclística desse scooter e suas suspensões são dignas de colocar a TMax no topo como a melhor scooter que já pilotei. Afirmo isso, porque pilotar scooter sozinho é uma coisa, com garupa e carga é outra e as outras que me desculpem, mas TMax não fica ou não transmite aquela sensação de que o veículo está arreado com suspensão dando final de curso, onde o piloto nota o quanto o veículo está pesado. Com ou sem peso tem um equilíbrio perfeito seja em retas, curvas, ruas esburacadas ou onduladas, passando por obstáculos que se traduz em ter o veículo na mão o tempo todo e o melhor de tudo, sim, ainda tem o melhor: sem dores lombares, algo comum para quem só pilota scooter ou o faz vez ou outra por longo período.

Podia falar mais um monte de coisas da TMax, como o encosto lombrar, entrando em questões técnicas propriamente, como a tração se dar por correia dentada em aramida, falar mais do motor preso no chassi e não na roda traseira como é convencional nos scooter´s...mas é até irrelevante. Não é à toa que TMax é sinônimo de melhor scooter do mundo e isso vem do país criou, respira e tem uma das maiores frotas de scooter do mundo: Itália! Quem sou eu para discordar??

Preço

Não é barato! Mas aqui vai em ter ou não o pensamento em mobilidade com segurança: você anda bem no trecho urbano e em rodovia, é bem mais econômico que um automóvel, não fica parado no trânsito...enfim, diante de tantos detalhes e características positivas, eu não compraria um automóvel na faixa de R$ 40 a R$ 50 mil para ficar parado no trânsito, gastar mais combustível, trocar 4 pneus, pagar 4% de IPVA, etc...Passados aquele soco no estômago, teria uma Yamaha TMax na minha garagem sim! E até minha mãe que jamais andou em uma moto ou scooter, não resistiu para tirar uma foto, o que demonstra ser o scooter, ainda, contar com mais simpatia no trânsito.

Ficha técnica

Motor: Dois cilindros paralelos, quatro tempos, DOHC, quatro válvulas e refrigeração líquida
Capacidade cúbica 530.2 cm³
Potência máxima: 46,5 cv a 6.750 rpm
Torque máximo: 5,3 kgf.m a 5.250 rpm
Câmbio CVT
Transmissão final correia dentada
Alimentação Injeção eletrônica
Partida Elétrica
Chassi de alumínio
Suspensão dianteira: Garfo telescópico invertido com 120 mm de curso
Suspensão traseira: Balança monoamortecida com 116 mm de curso
Freio dianteiro Disco duplo de 267 mm de diâmetro com pinça flutuante de 4 pistões dotados com  ABS
Freio traseiro Disco simples de 282 mm de diâmetro, com pinça flutuante de 2 pistões dotados com ABS
Pneus 120/70-15 (diant.)/ 160/60-15 (tras.) 
Comprimento: 2.200 mm
Largura: 775 mm
Altura: 1.420 – 1.475 mm (parabrisa ajustável)
Distância entre-eixos: 1.580 mm
Distância do solo: 125 mm
Altura do assento: 800 mm
Peso em ordem de marcha: 221 kg
Tanque de combustível: 15,0 litros
Cores Branca e Cinza
Preço sugerido: R$ 42.500,00 modelo 2015 e R$ 49.500,00 o modelo 2016

Mais fotos: https://goo.gl/photos/TJLSxb4bwGJLjypV8

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