Por Cau Marques
Boa semana amigos da música! Não poderia deixar de mencionar nesta semana, a data que relembra os 20 anos da tragédia que se abateu sobre as vítimas, as famílias, os fãs e para a liberdade musical brasileira: a morte do quinteto, Mamonas Assassinas!
Duas décadas se passaram e desde então um vácuo se formou no segmento musical que eles fizeram o Brasil cantar e se apaixonar, afinal , foram mais de 7 milhões de cópias vendidas em praticamente 7 meses de sucesso. Até então apenas em discos de humoristas, podia se ver músicas divertidas e tão “apolitizadas”.
Se não tivesse acontecido o acidente fatal, talvez hoje em dia, os Mamonas estariam respondendo a vários processos, inquéritos e poderiam ser indiciados por crimes de “Bullying contra a humanidade” ou no mínimo, por uns 20 tipos de preconceitos e até anti- semitismo. No novo mundo lotado de sexistas, racistas, moralistas e um montão de outros “istas”, não haveria espaço para a brincadeira do quinteto de Guarulhos figurar entre os maiores sucessos da história da música brasileira.
Ainda bem que nos longínquos anos 90 o mundo ainda não era tão chato, ainda se fazia piadas com as diferenças e a palavra “comum”, sim é que sofria preconceito.
Hoje em dia a simples frase “...tem gay que é Mohammed, tentando camuflar, Aláh meu bom Aláh... faça bem a barba, arranque seu bigode, gaúcho também pode...” ,seria passível de medo de terrorismo e poderia ser razão de passeatas na Avenida Paulista. Pode ser que até o fato do vocalista Dinho, imitar sotaques de sulistas e nordestinos fosse condenável, se o disco fosse lançado nos dias de hoje.
A verdade é que grande parte do púlico de hoje prefere ouvir descrições de cenas de tráfico e sexo cantadas em várias músicas Funk e até mesmo sertanejas do que
brincar com as regionalidades, sexualidades e individualidades como fazia o saudoso quinteto. Não estou beatificando os M.A´s, muito pelo contrário. As músicas falavam a sua maneira sobre sexo e outros tabus, mas a hipocrisia não era tão avassaladora como é agora.
Aquele trabalho feito por aqueles jovens também foi uma forma de ganhar atenção, fama e dinheiro. Anteriormente chamado de Utopia, com poemas bem escritos e músicas sérias na mesma linha de sucessos como Legião Urbana e Capital Inicial das quais eles próprios eram fãs assumidos, não conseguiu ganhar maior destaque do que tocar em pequenas festas.
Enfim, para nós que tivemos o prazer de viver de perto todo este sucesso, ficou saudades do som bem bolado e muito bem executado feito por eles, bem como as peculiares apresentações cheias de palhaçadas, imitações e protestos contra o sistema fonográfico e político da época. Obrigado por terem nos divertido tanto.