Cultura - Música

Nacionalismo patriótico ou falta de interesse???

12 de Dezembro de 2015

Por Cau Marques

Boa semana amigos da música! Na última semana, os assuntos pertinentes a grande crise política que assola e paralisa o nosso país, tomou conta de toda a mídia. Mergulhado nesse turbilhão de informações, voltei a refletir sobre a implicação de tudo isto no nosso meio musical e, pasmem... já passamos por situações bem parecidas, algumas vezes na história recente.

Em meados da década de 60, o mundo todo vivia um período de rebeldia e glória. Artistas protestavam contra conflitos armados como a guerra do Vietnam, a televisão começava o seu período de glória e a época de ouro dos grandes artistas e bandas chegava ao seu apogeu. Por mais isolada e hippie que fosse a cultura da época, a literatura e as artes estava em alta!

Por aqui, especificamente, os grandes movimentos até hoje mundialmente conhecidos, estavam surgindo: a Bossa Nova, a Tropicália, a Jovem Guarda e mais no final da década e começo dos 70, as bandas memoráveis: Secos e Molhados e os Mutantes eram apenas uma parte da safra talentosíssima do nosso país que também era representado pela voz imortal de Elis Regina.

Nos anos seguintes, os caules e galhos desta semente maravilhosa ainda estavam crescendo a todo vapor e mesmo com o final de uma das bandas mais importantes da história (Beatles) e a morte do Rei Elvis Presley, o planeta ainda se agraciava com a genialidade de Ícones como Led Zeppelin, Pink Floyd, Bee Gee´s, Jackson´s Five e por aqui Tim Maia, Roberto Carlos, Tom Jobim, Milton e outros gigantes incrementavam a cena musical.

Parem e pensem que o mundo ainda vivia alguns perrengues políticos de grande porte como: Caso Water Gate, guerra da Coréia, o Golpe Militar em 64 (Brasil) , a sucessão de ditadores militares no nosso país e dos censores não assumidos... Tudo indicava que a educação e a criatividade iriam diminuir ou até mesmo cessar, mas mesmo em meio às rochas, as flores da arte brotavam como nunca.

Os anos 80 que viriam a seguir já prometiam que seriam dias de inovações e muita criatividade tecnológica, fato que influenciou diretamente a música com o aparecimento em abundância dos sintetizadores, efeitos de teclado e as baterias eletrônicas. Mas ainda assim a época era de ascensão criativa.

Os anos 80 e 90 foram marcados pela imensa demanda de artistas e inúmeras bandas de “um sucesso só”, mas mesmo assim a abundância de qualidade se fazia presente por aqui na MPB, no POP brasileiro e também no inesquecível movimento Rock Nacional.

Depois dessa breve retrospectiva (na qual não inclui os anos 2000) é possível se notar que talvez a cena política adversa, só fez bem para a arte e para a música de uma maneira geral no Brasil , mas o que temos agora?

Existem milhares de alunos formados que não sabem interpretar um texto simples, pessoas com pressa de ter um diploma sem nada absorver simplesmente para fazer parte de estatísticas governamentais. Ninguém precisa ser o Chico Buarque para escrever uma música bonita e que respeite ao menos algumas normas da nossa língua, mas a ausência de interesse está afetando a criatividade e a produtividade do nosso povo.

O que reina agora é a moda hipócrita de que tudo por aqui é melhor e os olhos se fecham para as boas influências externas .O Brasil está em coma política e a nossa música sofre com a sonolência do pensar tanto de quem faz como de quem ouve. O nosso Brasil está cheio de gênios, mas eles andam muito calados e para quem gosta de música na sua essência, continua a espera do despertar desses nossos artistas.     

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