Por Cau Marques
Boa semana amigos da música! O mundo em que vivemos é uma constante evolução, não só tecnológica, mas de ideias, opiniões e como não poderia deixar de ser, acontece também na arte e na música.
Tenho observado um certo “choque”, não entre gerações, mas entre pessoas da mesma idade e que possuíam até pouco tempo atrás um gosto musical muito parecido. Ao mesmo tempo em que encontro pessoas que curtem a influência do eletrônico, dance music ou Funk moderno em ritmos antes “impenetráveis” como o Rock e o sertanejo, percebo uma parcela do público altamente saudosista que espera que os repertórios dos shows sejam iguais aos de 10 anos atrás ou mais.
A música é considerada arte exatamente pelo motivo mais lógico que une todas as artes, que é o poder de ser amada e odiada ao mesmo tempo. Batidas “funkeadas” e dançantes incorporadas ao rock já são bem comuns há alguns anos e ainda funcionam muito bem. No final dos anos 80 e começo dos 90 bandas como Red Hot Chilli Peppers e Faith no More já abusavam desse recurso com grande sucesso. Já nos anos 2000 os ingleses do Linkin Park também continuaram a beber da mesma fonte e nem preciso dizer que foi sucesso!
Pra variar, a polêmica surge sempre com as opiniões radicais. Tanto não aceitar o que é mais antigo quanto não tolerar o que é mais novo de maneira veemente. A música é feita para aqueles que se identificam com ela e isso, é atemporal.
Consigo ver isso quando algumas pessoas pedem para que em meu show tenha as mesmas músicas que eu cantava há 12 anos, mas quando eu toco a mesma seleção, ela já não soa como antigamente, tanto para quem pediu e gosta, quanto para quem nunca tinha ouvido e também para mim que estou executando. Sinto que as pessoas querem tentar reviver um momento que deve ter sido maravilhoso em suas vidas, e a música tem essa capacidade, mas ela é apenas um dos fatores.
Levadas para um momento mágico de suas vidas as pessoas esperam ter as mesmas sensações, mas voltar no tempo realmente parece impossível quando os amigos que estão ao seu lado podem ser outros, as pessoas que frequentam os lugares não são as mesmas, o carro que você tem já não é mais o mesmo, o telefone, o emprego, algumas pessoas queridas podem já não mais estar entre nós, a gatinha da turma já se casou, o galã da turma agora está barrigudo e careca... Enfim, o tempo passa e as coisas definitivamente mudam.
A modernidade também me cansa e muitas vezes me ofende, assim como me faz muito bem cantar músicas que já foram consagradas e também fizeram parte da minha história, mas não tem como basear mais uma vida profissional ou um show somente nisso.
Levo para mim o equilíbrio entre o muito novo e o antigo e a reflexão que deixo, não só para a música, mas para uma felicidade maior na vida é: curtir o HOJE, porque ele é feito das experiências do ontem e das esperanças do amanhã, mas o único momento de verdade que temos é o AGORA!