Ivani Ribeiro
Uma era mineira da pequena Muzambinho. A outra, paulista da cidade litorânea de São Vicente. A primeira nasceu em 1921, enquanto a outra viria ao mundo um ano depois. E, como obra do destino, ambas morreram no mesmo ano. Duas mulheres simples e muito talentosas quando o assunto era escrever uma história de amor e todos os conflitos que ela envolve.
A paulista de São Vicente é até hoje recordista entre os autores de telenovelas brasileiras, com mais de 40 títulos desde que estreou no gênero, na década de 1950, com a série "Os Eternos Apaixonados" na TV Tupi. A mineira chegou a ter seis títulos de novelas radiofônicas, exibidas ao mesmo tempo, na Rádio São Paulo, também na década de 1950.
Elas eram a paulista Ivani Ribeiro (1922-1995), cujo nome de batismo era Cleide Freitas Alves, e a mineira Dulce Santucci (1921- 1995), que quando solteira assinava Dulce Calixto.
Dulce Santucci
Ivani Ribeiro foi também radioatriz, cantora e compositora de sambas, mas deixou seu nome na história da televisão brasileira como a maior criadora de personagens e tramas da nossa telenovela. O começo foi na Rádio Educadora, mas depois passou pela Rádio Difusora, pela Tupi e pela Bandeirantes. Foi nessa última que ela conheceu o futuro marido, o locutor Dárcio Alves Ferreira, e onde criou o "Teatro Ivani Ribeiro", um programa em que escreveu e adaptou inúmeras histórias.
Já Dulce Santucci escreveu um romance e o levou para a Rádio São Paulo, que pediu a ela que o transformasse em uma radionovela. O sucesso foi enorme e Dulce não parou mais de escrever histórias para o rádio. Foi parar na TV Excelsior, onde junto com o diretor Edson Leite, criou a primeira novela diária da TV brasileira, "2.5499 Ocupado", um marco na nossa televisão.
Nos primeiros anos da telenovela diária, essas duas damas imperavam. Primeiro, ambas estavam na TV Excelsior, onde criaram obras como: "Aqueles que dizem amar-se"; "As Solteiras" e "O Caminho das Estrelas", no caso de Dulce Santucci e "Corações em Conflito" e "Ambição" escritas por Ivani Ribeiro.
O sucesso das duas era tão grande que logo Ivani Ribeiro foi contratada pela TV Tupi para inaugurar a primeira novela diária da emissora, adaptando um dos grandes sucessos da época, "Alma Cigana", e passaram então a competir ambas na preferência do público.
As duas damas da nossa teledramaturgia ainda contribuiriam com muitos títulos importantes para as telenovelas, e precisam ser reverenciadas pela ousadia e pelo talento de inaugurarem um gênero que só os brasileiros sabem fazer com muita perfeição.
E, na próxima semana, Boni começa sua jornada vitoriosa na TV.
