Dionísio Azevedo e Henrique Martins nas primeiras novelinhas da TV Tupi
No final dos anos 50, a garra e a força de uma pequena equipe técnica e de alguns autores e atores fixos, fez com que a TV Tupi dedicasse várias horas da sua programação para a teledramaturgia. Com o "TV de Vanguarda" e o "TV Comédia" se revezando todo domingo, a Tupi colocava no ar novelas curtas, com no máximo 30 capítulos, e exibidas duas vezes por semana.
Como destaca a atriz, autora e diretora Vida Alves, "o orçamento era pequeno e portanto os cenários precisavam ser o mais simples possível: escritórios, apartamentos, a sala de uma casa, um consultório ou, no máximo, na rua na frente de uma casa. Os atores recebiam todos iguais, seus salários eram fixos e não havia espaço para criarmos estrelas como faz a tv de hoje."
As nossas primeiras novelas bissemanais eram exibidas às terças e quintas-feiras ou às quartas e sextas-feiras no horário noturno. Eram quase sempre adaptações de grandes clássicos da literatura mundial, alguns já adaptados para a realidade brasileira daqueles anos 50.
Nomes como Silas Roberg, Tatiana Belinky,Dionísio de Azevedo, Vida Alves, Ribeiro Filho, Geraldo Vietri, Walter George Durst e Ruy Costa respondiam pelas primeiras novelas exibidas duas vezes por semana na TV Tupi.
Geraldo Vietri na TV Tupi
E as novelas com maior sucesso nessa época foram: "O Corcunda de Notre Dame", adaptação do original de Victor Hugo com o ator Douglas Norris como o infeliz e horrendo Quasímodo e Lolita Rodrigues como a bela cigana Esmeralda; "Marcelino Pão e Vinho", adaptada do filme homônimo de grande sucesso no final da década de 50, com o garoto Waldir Gaudi, estreando na TV, como o garoto pobre que todo dia alimentava o Cristo, ladeado por um elenco de veteranos como Jayme Barcellos, Dionisio de Azevedo, Percy Aires e David Netto e "Os Miseráveis", outra adaptação do original de Victor Hugo com um grande elenco formado por Fernando Baleroni e sua esposa na vida real, Laura Cardoso, Xisto Guzzi, Célia Rodrigues, Turíbio Ruiz e a jovem estreante Débora Duarte.
Lolita Rodrigues nas novelas da Tupi, em 1959
Uma das mais curiosas adaptações nos primeiros anos foi a da novela "Um Lugar ao Sol", baseada no célebre filme estrelado por Elizabeth Taylor (1932-2011) e Montgomery Clift (1920-1966). A adaptação e a direção foram de Dionísio de Azevedo (1922-1994) e vivendo os personagens de Lyz Taylor e Clift estavam Marly Bueno e Henrique Martins. O elenco ainda trazia Jayme Barcellos, Laura Cardoso, Dionísio de Azevedo, Guiomar Gonçalves, Flávio Pedroso, Carmem Marinho e uma atriz novata, Gloria Menezes.
Outro sucesso foi a adaptação do então jovem Geraldo Vietri (1930-1996) do romance de Tolstoi, "Ana Karenina",a jovem adúltera que vivia na sociedade russa do século XIX. No papel principal um belo trabalho de Márcia Real, tendo ao seu lado, Amilton Fernandes, Fernando Baleroni, Marisa Sanches, Luis Orioni, Araken Saldanha, Maria Helena Dias, Rolando Boldrin e Célia Rodrigues.
E na próxima semana, surge o videoteipe para revolucionar a televisão brasileira.
