Colunistas - Rodolfo Bonventti

Era uma vez na TV: Repórter Esso se transforma na testemunha ocular da história

15 de Dezembro de 2010

Os primeiros telejornais da TV Tupi incorporavam o nome dos patrocinadores. Foi assim com o "Telenotícias Panair"; com o "Telejornal Bendix"; o "Reportagem Ducal" e o "Telejornal Pirelli", todos realizados com muita simplicidade e pouquíssimos recursos.


Gontijo Teodoro e o Repórter Esso

Mas foi justamente em um dia 1º de abril, o conhecido dia da mentira, que o telejornalismo brasileiro alçou seu primeiro grande vôo. Em 1º de abril de 1952, a TV Tupi do Rio de Janeiro levou ao ar, pela primeira vez, o "Repórter Esso", apresentado por Gontijo Teodoro (1924-2003), que abria o programa com uma frase que entrou para a história da TV: "Aqui fala seu Repórter Esso, testemunha ocular da história".


Kalil Filho

O sucesso junto ao telespectador foi tão grande, que dois meses depois ele passava também a ser transmitido ao vivo pela TV Tupi de São Paulo, usando o mesmo formato e com apresentação de Kalil Filho (1930-1970). O "Repórter Esso" é até hoje um dos programas recordistas de exibição na televisão brasileira, já que durou 18 anos e 9 meses, encerrando sua carreira em dezembro de 1970.

Esse foi mais um programa que surgiu no rádio e foi adaptado para o novo veículo: a televisão. No rádio, ele estreou em agosto de 1941, na Rádio Nacional do Rio de Janeiro, patrocinado pela empresa americana Standart Oil Company of Brazil, conhecida por aqui como a Esso. Já na TV, ele entrava religiosamente, todas as noites, às 20h, e além das notícias locais trazia os destaques internacionais que eram distribuídos pela agência de notícias UPI. Durante anos, a credibilidade do telejornal era tão grande, que a população dizia que "se o Repórter Esso não deu, não aconteceu".


Heron Domingues no Repórter Esso

Cada emissora associada que surgia em um estado brasileiro, possuía um locutor diferente conduzindo o noticiário do "Repórter Esso", mas as vozes de Gontijo Teodoro, Kalil Filho e mais tarde, já na década de 60, de Heron Domingues (1924-1974), ficaram marcadas definitivamente na história do jornalismo televisivo pela apresentação do "Repórter Esso".

Um dos grandes feitos do programa aconteceu em 1954, quando noticiou, com exclusividade, o suicídio do presidente Getúlio Vargas. Foi ele também que, por meio dos então repórteres Murilo Néri e Flávio Cavalcanti, apresentou uma entrevista exclusiva com o presidente norte-americano John Kennedy, dentro da Casa Branca, em 1961. E também o primeiro no Brasil a noticiar que Fidel Castro vencera a Revolução Cubana em 1959.

Gotinhas de gasolina animadas anunciavam os produtos da Esso nos intervalos do telejornal, e rapidamente conquistaram não só os adultos como também as crianças ainda acordadas até aquela hora. Mas a abertura do jornalístico cabia a um ruidoso tigre que corria, ligava uma televisão, e depois se sentava tranquilamente em uma poltrona para ver um planeta girando que continha a palavra Esso e de onde um círculo oval surgia com a frase "O seu Repórter Esso".

Na próxima semana: Muita música e entrevistas em um clube repleto de artistas.

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