Colunistas - Rodolfo Bonventti

Era uma vez na TV: Papai Noel e o Sitio do Picapau faziam a alegria das crianças

1 de Dezembro de 2010
As crianças sempre foram uma das parcelas mais importantes de telespectadores, e isso desde o início da TV Tupi. Em 1951, poucos meses após a inauguração da emissora, estreava o "Clube do Papai Noel", um programa com auditório todo formado por crianças e que tinha números de mágica, de malabarismo, humor infantil e cantores mirins.


Clube do Papai Noel

O programa, um sucesso absoluto na Rádio Difusora de São Paulo desde meados da década de 40, veio para a telinha da Tupi com o mesmo apresentador, o sempre educado, culto e correto Homero Silva (1918-1981). Sim, porque naquela época, para ser apresentador de TV, mesmo que o programa fosse de entretenimento e dedicado às crianças, era preciso ser acima de tudo muito culto e inteligente.

Homero levou para a televisão o mesmo carisma que conseguira no rádio e transformou o "Clube do Papai Noel" em um grande sucesso dos primeiros anos da tv brasileira. No programa, que ele fazia ao lado da então menina Sonia Maria Dorce foram revelados ou iniciaram sua carreira a cantora Wilma Bentivegna, o cantor e depois maestro Erlon Chaves (1933-1974) e o cantor Wanderley Cardoso. O sucesso foi tão grande que Homero Silva passou a ser chamado pelas crianças de o Papai Noel da TV.


Julio Gouveia e Tatiana Belinsky em 1953

Ao lado do programa de Homero, outra criação inesquecível para o público infantil foi "O Sítio do Picapau Amarelo", baseado nas histórias de Monteiro Lobato, que Júlio Gouveia (1914-1988) e Tatiana Belinky criaram e estrearam em 03 de junho de 1952. A primeira história foi "A Pílula Falante", retirada das "Reinações de Narizinho". Sucesso total, o Sítio se transformou em um programa semanal e ia ao ar todas as quintas-feiras às 19h. com reprise aos domingos pela manhã.


Propaganda Sítio do Picapau Amarelo

Foi Julio Gouveia, que também era psiquiatra, quem escreveu os dois primeiros programas, e depois passou o bastão para sua esposa, Tatiana Belinky, que assim se tornou uma das primeiras roteiristas e adaptadoras da tv brasileira. "O Sítio do Picapau Amarelo" durou 11 anos e, a partir de 1955, teve também uma versão na Tupi do Rio com outro elenco.

A versão paulista revelou uma grande atriz cômica, Lúcia Lambertini (1926-1976), que se transformou na melhor boneca Emília que já conhecemos na telinha, e depois fez carreira também como uma novelista de sucesso. Ao lado de Lúcia, nos primeiros anos, tivemos Lídia Rosemberg como Narizinho; Sérgio Rosemberg como Pedrinho; Sidnéia Rossi como Dona Benta; Benedita Rodrigues como Tia Nastácia; Rubens Molino como o Visconde de Sabugosa e Ricardo Gouveia como o Rabicó.


O Sítio do Picapau Amarelo, TV Tupi

Ao longo do programa, os atores foram substituídos por outros, e assim os atores David José e Edi Cerri foram lançados em 1953 interpretando respectivamente Pedrinho e Narizinho, e fizeram tanto sucesso com as crianças que ficaram até o final do programa na TV Tupi, em 1963. Lúcia Lambertini também ficou durante anos no programa, sendo substituída por Dulce Margarida quando foi para o Rio de Janeiro fazer o mesmo programa e, posteriormente, já na década de 60, por Zodja Pereira. Luciano Maurício foi o segundo Visconde de Sabugosa e Hernê Leblon, o terceiro, enquanto Wanda Hammel, Suzy Arruda e Leonor Lambertini (irmã mais velha de Lúcia) ocuparam o papel de Dona Benta e Zeny Pereira foi também a Tia Nastácia.

O "Sítio do Picapau Amarelo" era então uma produção modesta, realizada em um único cenário, a varanda do sítio, sem qualquer efeito especial e com pequenas mágicas, dependendo da história. Mas tinha uma adaptação precisa de Julio e Tatiana da obra imortal de Monteiro Lobato, que encantava as crianças e os adultos.

Na próxima semana, os clássicos da literatura invadem a telinha no TV de Vanguarda.
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