Colaboradores - Julio Di Madeo

Políticas públicas, Selic e a recuperação pós-pandemia

18 de Setembro de 2020

O Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central) anunciou na última quarta-feira (16/09) a manutenção da Selic (taxa básica de juros), em 2% ao ano. O percentual é o menor da história e foi estabelecido no mês de agosto.

No entanto, a pergunta é como essa medida pode e vai repercutir em um cenário de pandemia ou ainda no processo de recuperação pós-pandemia, considerando que muitos setores estão “sobrevivendo” em função do reflexo dos programas emergenciais, principalmente em relação a manutenção do emprego e renda.

A intenção do Banco Central com a medida é controlar a inflação para manter a meta anual que é de 4%. Apesar disso, o Copom faz uma projeção em torno de 2,1% para 2020, de 2,9% para 2021 e de 3,3% para 2022.

Nessa perspectiva, o comunicado do Copom faz uma previsão de que as taxas de juros devem retomar o crescimento a partir de 2021 sendo elevada para 2,50% ao ano. A expectativa é que em 2022, a taxa seja em torno de 4,50% ao ano.

Essa mudança afeta diretamente a inflação, o rendimento de investimentos e as taxas de empréstimos. Assim, o aumento da Selic provoca a desaceleração da economia, impedindo o aumento da inflação enquanto a baixa da taxa estimula o consumo e aquece a economia, aumentando a inflação quando está abaixo da meta.

Na prática, é esperado que essa ação contribua para um cenário de criação de mais postos de trabalho que visam atender cada vez mais consumidores ávidos no país.

Por outro lado, uma sondagem realizada pelo Ibre (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas) aponta para um cenário mais pessimista. De acordo com o levantamento, as empresas, em sua maioria no setor de serviços, afirmam que terão dificuldade em manter a folha de pagamento e até cogitam o encerramento das atividades após o fim das medidas emergenciais do Governo Federal.

Já alguns especialistas do mercado financeiro avaliam que a baixa da Selic pode beneficiar os tomadores de crédito, como os pequenos e médios empresários, principalmente, quem está entre os beneficiários do Governo Federal pelo Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Pronampe), que foi criado devido aos impactos da pandemia da Covid-19.

Essa expectativa é uma alternativa para que estes empreendimentos, que são responsáveis por um volume significativo dos empregos no país, se recuperem dessa crise financeira.

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