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Coronavírus: o que você precisa saber sobre ter um familiar internado na UTI

16 de Abril de 2020

Apesar do decreto de quarentena para conter o avanço do coronavírus pelas cidades brasileiras, os dados do Ministério da Saúde mostram que o número de infectados pelo novo cornavírus (covid-19) e de mortes seguem aumentando.

Para quem vive a aflição de ter um familiar internado na UTI em decorrência de uma doença com tratamentos ainda em fase de testes, aguardar respostas dos médicos pode ser ainda mais desorientador quando não se sabe quais perguntas devem ser feitas sobre o paciente.

O educador físico Rafael de Brito Manço, de 32 anos, acompanhou o estado do pai de 64 anos, internado na Unidade de Terapia Intensiva do Hospital São Camilo, em São Paulo, e conta que recorria às chamadas de vídeo pelo celular, mas nem sempre o recurso tecnológico acalmava. 

"Minha mãe era comunicada todos os dias sobre a situação do meu pai. Mas é uma aflição psicológica sem tamanho não poder ter contato com o familiar. Conseguia vê-lo pela câmera e falava pelo tempo que queria, mas não conseguia ver 100% da sua capacidade física e mental. Nos primeiros dias, nós o víamos muito mal. Isso machucava um pouco a gente porque não podíamos fazer nada."

Segundo Rodrigo Biondi, diretor da Associação de Medicina Intensiva Brasileira, os familiares de um paciente internado com covid-19 se sentem à deriva diante de um momento delicado, enquanto se dedicam às demandas da internação. De acordo com o médico, embora a batalha contra a doença dependa da gravidade de cada caso, existe uma série de questões que podem situar qual o estado do paciente. 

Biondi comenta as principais perguntas que devem ser feitas no caso de um familiar na UTI. Veja a seguir: 

Desde os primeiros sintomas até a internação na UTI, foram poucos dias – isso é sinal de que a doença está fora de controle?

A doença por si só tem evolução rápida, mas não é sinal que está fora de controle. Cerca de 15% dos pacientes precisam de cuidados especiais disponíveis nas UTIs, como medicações e uso de equipamentos, entretanto outros 5% irão precisar de uso de equipamentos específicos, como os ventilares mecânicos, devido à evolução da doença para a Síndrome Respiratória Aguda Grave, o que debilita o paciente a ponto dele precisar de ajuda para respirar – a taxa de mortalidade nesses casos é alta.

O paciente precisa ficar sedado?

Não, necessariamente, mas a sedação é necessária se o paciente precisar ser entubado.

Qual é a previsão do tempo de internação na UTI para os pacientes infectados pelo COVID-19?

Em média, o tempo de permanência de um paciente comum em uma UTI no hospital público é em torno de 6 a 7 dias dias. Um paciente grave com covid-19, pode apermanecer de 14 até 21 dias.

Todo paciente internado em UTI precisa usar ventiladores mecânicos?

Nem todos, cerca de 5% dos pacientes de covid-19 vão precisar desses equipamentos, que são os casos mais graves.

Um mesmo equipamento pode ser usado por diversos pacientes? Isso não pode prejudicar ainda mais a saúde dele?

O mesmo equipamento pode ser usado por dois a três pacientes em situações excepcionais, mas devem ser seguidos protocolos de higienização e outras normas internacionais para garantir o uso desses ventiladores. 

Há perigo de o paciente piorar o estado de saúde por estar dividindo o mesmo quarto com outro paciente infectado pelo COVID-19?

Em internação de casos covid-19 suspeito ou confirmados, esse quarto deve ser utilizado por um único paciente. Se outro paciente tiver a confirmação de infecção pelo mesmo vírus, podem compartilhar o mesmo quarto sem problemas.

É possível visitar um paciente internado em UTI devido às complicações do covid-19? Se sim, quais são os cuidados que devemos ter ao visitá-lo? 

Geralmente, as visitas a pacientes internados em UTI são limitadas a duas pessoas por vez e, dependendo do estado do paciente, o hospital pode limitar ainda mais o contato com a família. Entretanto, pelo risco de contágio, na maioria dos hospitais a visita a pacientes portadores de covid-19 está suspensa. O objetivo é garantir a segurança dos familiares, que também podem ser portadores da infecção e não devem sair da quarentena.


E, ao visitá-lo, corremos o risco de contrair a doença?

Sim, o risco existe. Se os protocolos de distanciamento e assepsia forem seguidos esses riscos são menores, mas não são nulos.


É verdade que o paciente internado na UTI é o caso mais grave da doença? Isso significa que a vida dele está em risco?

Não necessariamente. Os casos mais graves são dos pacientes internados em UTI que necessitam de ventilador mecânico.


Meu familiar está internado, mas não está usando respirador, isso é grave?

Estar internado sem uso de ventilador, geralmente, não é um caso grave, só indica que o paciente precisa ficar em observação e fazer uso de medicação para combater a doença. Se entubado, ou seja, se precisar do ventilador mecânico, aí, assim, o caso é grave.

Meu familiar está entubado, ou seja, usando ventilador mecânico, quanto tempo ele ficará usando este suporte?

Geralmente, vai de 14 a 21 dias, em média. Porém é uma avaliação feita caso a caso pelo médico responsável, pois além da ventilação mecânica, o paciente está recebendo medicação para ajudar na recuperação do quadro de Síndrome Respiratória Aguda Grave.

 Após a alta da UTI, o paciente vai para uma outra área do hospital ou já pode ir para casa?

Após a alta da UTI, a depender do caso, o paciente pode retornar para sua casa. Alguns ainda precisarão de mais tempo de recuperação intra-hospitalar antes de receberem alta – lembrando sempre que todo paciente precisa seguir as orientações médicas após a alta, independentemente da doença.

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