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Livro revela os fatores sociológicos que impulsionam as Fake News no Brasil

18 de Novembro de 2019

O protagonismo da mentira. É dessa forma que o autor André Faustino descreve a era das fake news. Conceitos como Campanhas de Desinformação, Deep Fake e Pós-verdade são alguns termos que ganharam força no Brasil nos últimos cinco anos e são abordados no livro   ‘Fake News - A liberdade de expressão nas redes sociais na Sociedade da informação’, publicada pela editora Lura. 

O livro é fruto de sua dissertação de mestrado e aponta as razões pelas quais as fake news se consolidaram na seara de conteúdos disponíveis na  internet. “Há um protagonismo do indivíduo que no contexto social é indiferente à verdade. Cada qual se apega ao apelo emocional. Embora saiba que se trata de uma mentira, o indivíduo prefere acreditar nela porque é mais conveniente com as suas percepções e ideologia”, explica Faustino. 

De acordo com o escritor, a velocidade da informação e a sua oferta dentro das aplicações de internet permite que um número indefinido de pessoas tenha acesso a uma gama de conteúdos que nem sempre condizem com a realidade.

“No livro abordo O fato da internet, com seu funcionamento dinâmico, ter permitido a criação de uma massa difusa que é alvo da desinformação. Grupos de interesse se aproveitam dessa oportunidade para sistematizar a geração de mentira, mais comumente com uma finalidade política direcionada a um resultado de amoldamento da opinião pública,” diz.

A mídia tradicional, por sua vez, teve que dividir o protagonismo da produção de desinformação com os indivíduos, já que antes da popularização da internet a “prerrogativa” da mentira era somente do Estado e da Imprensa, hoje a possibilidade da produção e divulgação da mentira é dividida com os indivíduos, o que ocasiona um conflito de interesses. 

Entre os comportamento que mais facilitam a circulação das fake news na internet estão, o escritor André Faustino elege os 6 principais: 

1. A indiferença com a mentira:

“logo se acredito é porque é verdade” – Isso é a base do conceito da pós-verdade. Há um protagonismo do indivíduo que no contexto social é indiferente à verdade. Cada qual se apega ao apelo emocional. Embora saiba que se trata de uma mentira, o indivíduo prefere acreditar nela porque é mais conveniente com as suas percepções e ideologia

2. Disseminação de conteúdos sem checar a fonte

Compartilhar conteúdos sem verificação da sua veracidade é um comportamento comum na internet e impulsiona cada vez mais a disseminação das fake news. É plenamente possível checar a veracidade de fatos através de sites que combatem, justamente, as fake news

3. Falta de um juízo crítico em relação a informação 

Com a automação do pensamento e a velocidade da informação, o indivíduo vem perdendo o juízo crítico em relação aos conteúdos que recebe, existe uma certa “preguiça” em pensar, logo é mais fácil acreditar e compartilhar. 

4. Possibilidade de geração de conteúdo ou informação por qualquer pessoa – Antes da popularização da internet era quase impossível imaginar que uma pessoa poderia ser um canal de informação, porém hoje com o acesso e desenvolvimento das redes sociais isso é plenamente possível. Temos hoje um protagonismo de bloggers, youtubers, influenciadores digitais, que podem gerar informação ou desinformação, “competindo” em igualdade com veículos tradicionais de mídia como, por exemplo, jornal ou rádio.

5. Evolução tecnológica desenvolvida para a desinformação:

Esse é o tipo exemplo do uso de robôs para trabalhar no desenvolvimento e manutenção de desinformação através de fake news ou até o uso de inteligência artificial para esse fim da desinformação, que é o caso das deep fake.

6. Existência de grupos específicos de geração de desinformação: 

Existem grupos específicos, sobretudo nas redes sociais, que são criados e remunerados para gerar desinformação. São conhecidos como ‘milícias digitais’ e atuam em atividades como criação de conteúdos falsos, assassinatos de reputação em redes sociais, perseguições virtuais, etc. Essas atividades elevam a nível industrial o ato de geração de mentira.

Mais Informações: http://bit.ly/33S6rdS

Sobre André Faustino: 

É Consultor e Advogado. Doutorando em Direito pela FADISP. Mestre em Direito na Sociedade da Informação pela FMU. Especialista em Direito Imobiliário pela FMU. Especialista em Direito Civil pela FMU. Especialista em Direito Digital Aplicado pela FGV/ SP. Extensão em Compliance e Lei Anticorrupção pela FAAP. Extensão em Compliance pela AASP. Extensão em Direito Digital pela FAAP. Bacharel em Direito pela FMU. Bacharel em Música pela FAMOSP. Desenvolve pesquisa na área do Direito e da Sociologia voltadas para a liberdade de expressão, redes sociais e uso dos algoritmos.

 

 

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