Colaboradores - Valéria Calente

Primeira Noite de Desfile das Escolas de Samba do Grupo Especial em São Paulo

3 de Março de 2019

Por Valéria Calente

Não existe meio termo no Carnaval. Ou as pessoas amam. Ou odeiam. Desde minha primeira ida ao Sambódromo passei a integrar o primeiro grupo. O Carnaval é a cara do Brasil. Festa alegre, democrática, sempre mostrando o mix de culturas que deram origem a nosso povo. O Carnaval de São Paulo cresceu muito e não deixa nada a desejar a outras capitais.

Nossas escolas a cada ano mais bonitas. A minha sexta-feira de Carnaval foi incrível. Fui convidada pelo Camarote Bar Brahma. Facilidade e conforto desde o início, deixando carro no Expo Center Norte, onde havia toda estrutura para cabelo, maquiagem e customização de camiseta. 

Jantar e aperitivos, bem como bebidas à vontade (água, sucos e água de coco DO BEM).

Devidamente produzida pelo Rogerio Nascimento (@rogemakeupartist), seguimos de traslado para a área do Sambódromo, sendo deixados na entrada do Camarote, que, aliás, estava incrível, como minha colega jornalista Patricia Fernandes vai contar.

Desfilaram no primeiro dia:

- COLORADO DO BRÁS

De volta ao Grupo Especial após 25 anos, fez homenagem ao Quênia, usando como referência a trilha inesquecível de O Rei Leão – Jambo Bwana.

Essa expressão tem o sentido de “seja feliz”, “seja livre”, “sem problemas”.

Trouxe como musa Carol Aguiar, modelo.

A música Jambo Bwana convida para que todos possam conhecer os cantos de fé, os contos populares, as danças, os rituais, e todas as manifestações relacionadas à cultura africana. No fim, a música utiliza a expressão Hakuna Matata, para mostrar a felicidade do povo em receber as pessoas que desejassem conhecer a sua história e a sua cultura.

O enredo  homenageou a beleza, a cultura e a simplicidade da África exposta na canção e na expressão Hakuna Matata que representa um marco da liberdade do povo africano, e mostrar que a felicidade está em cada um de nós.

Na entrada a Colorado mostra a libertação da África, a quebra das suas correntes e o convite ao mundo a conhecer os seus encantos, a sua beleza, a sua diversidade. As savanas que brilham com a luz do sol e reluzem vida

Em seguida mostra a musicalidade e a fé do povo africano. Que toca seus tambores para louvar seus deuses, que tem fé, que tem ginga, que tem muita cultura.

A escola mostrou as lendas e as histórias que não são tão conhecidas, mas que são completamente cheias de magia, encantos, fascinação.

Por exemplo, uma tribo que peregrina o continente e ninguém os vê? Ou que existe um contador de histórias embaixo de uma árvore? Ou que um macaco poderia alcançar a lua? Uma aranha tecendo um continente?

Depois, as águas que cortam o continente, não só delimitam a maioria dos países, mas são cobertas de magia, de encanto, de mistério.

A beleza dos cristais d’agua, que refletem o futuro das pessoas. Os monstros que cercam o mar. Os nativos à beira do rio, que vivem na dependência das águas. E a Chacaranda, o barco encantando que leva a conhecer os mistérios das águas africanas.

Encerrando, a liberdade que os pássaros têm no céu, os seres que vivem sem medo na terra, a família, nosso grande porto seguro, e claro: O paraíso da liberdade – Hakuna Matata. Retratado no filme “O Rei Leão”, onde seu Rei – Simba e seus súditos, acompanhados dos 2 grandes guardiões do paraíso – Timão e Pumba, eram só felicidade no seu reino – Lembrando que todas as cenas de tristeza do filme aconteciam fora da floresta!

- IMPÉRIO DA CASA VERDE

Com o enredo “O Império Contra Ataca”, alusão à saga Star Wars, a escola mostrou o que passou apos 124 anos da primeira projeção cinematográfia dos irmãos Auguste e Luis Lumiere.

Nesse palco a céu aberto que é o Sambodromo, haverá cortes de cabelo, roupas espalhafatosas, gestos e trejeitos copiados e imortalizados, convidando o expectador a encontrar e identificar seu filma favorito.

Musa da escola: Livia Andrade, modelo, apresentadora e empresária.

A tentativa foi citar o máximo possível de sucessos do cinema. O samba, as fantasias e as alegorias se inspiraram em "...E o vento levou", "Mary Poppins", "A noviça rebelde", "Indiana Jones", "E.T", "Piratas do Caribe", "Robocop", "Harry Potter", "Avatar"...

Outra referência a "Star Wars" foi a bateria, que tinha 215 ritmistas vestidos como Darth Vader e a madrinha Lívia Andrade inspirada na princesa Lea.

- MANCHA VERDE

Com o enredo “Oxalá, salve a princesa! A saga de uma guerreira negra”, a Mancha Verde desfila personagens históricos que travaram batalhas em busca de igualdade.

A princesa africana Aqualtune, foi escravizada e trazida ao Brasil, avó de Zumbi dos Palmares, teve sua vida marcada por suas lutas pelos direitos dos negros e das mulheres, contra a escravidão e intolerância religiosa.

Viviane Araújo brilhou mais um ano à frente da bateria.

- ACADÊMICOS DO TUCURUVI

Seu enredo “Liberdade... O Canto Retumbante de um Povo Heróico” mostra a liberdade e busca da igualdade social, valorização da cultura, contando a luta do povo brasileiro, do índio, do escravo e do trabalhados até os dias atuais, mostrando ao publico a força de uma nação corajosa, que luta por justiça.

Mostra que o povo brasileiro tem alegria mesmo na adversidade, mostrando uma melodia de lutas e conquistas, sempre pautada pela dignidade.

Maisa Magalhães, atriz, foi a musa da escola.

- ACADÊMICOS DO TATUAPÉ

Com o enredo “Bravos Guerreiros – por Deus, pela honra e pela Justiça e pelos que precisam de nós.”, a Academicos do Tatuapé vem em busca do terceiros título consecutivo, falando dos grandes guerreiros e também dos guerreiros cotidianos.

Uma viagem no tempo, contando a saga de homens e mulheres admiráveis,  suas batalhas travadas com fé, coragem, audácia e determinação, trazendo mudanças significativas ao nosso mundo, como Mahatma Gandhi, Dalai Lama, Madre Teresa, Martin Luther King e Nelson Mandela.

São Jorge, santo padroeiro da escola é mencionado no enredo.

Andréa Capitulino, empresária e musa fitness é a rainha da escola.

- X9 PAULISTANA

Seu enredo “Meu lugar é cercado de luta e suor, esperança num mundo melhor. O show tem que continuar”.

A escola entrou entoando seu canto e boas vibrações pelo restabelecimento de Arlindo Cruz, que se recupera de um AVC.

Arlindo cercado de cuidados compareceu e participou do desfile, gerando ainda mais emoção.

Logo na comissão de frente, a escola mostrou a luta de Arlindo, que sofreu um AVC, através do confronto entre Ajogun, uma força negativa dentro das religiões africanas, e Xangô, santo do cantor. Babi, esposa de Arlindo, foi representada como a orixá Yansã.

Depois disso, a X-9 explorou a carreira e a vida do sambista, desde sua origem africana ao começo do sucesso no bloco Cacique de Ramos, que culminou nas suas participações no grupo Fundo de Quintal e no programa "Esquenta".

O quarto carro ainda representou as favelas e seus moradores, sempre exaltados pelo cantor. Mais de 50 atores mostravam a luta e a história das comunidades.

Mas o destaque foi mesmo o próprio Arlindo, que esteve no desfile acompanhado da família no último carro, segurando um machadinho de Xangô.

Musa da escola Juju Salimeni desfilou absoluta, vestindo um tapa sexo.

- TOM MAIOR

Seu enredo “Penso. Logo existo. As interrogações do nosso imaginário na busca do inimaginável.” Traz questionamentos e dúvidas. Perguntas como “Deus existe, quem é, de onde viemos, como vai ser o amanhã”.

A viagem criada pelo carnavalesco André Marins foi feita com cinco alegorias e 23 alas.

O começo de desfile teve temas bíblicos, Charles Darwin, Big Bang, Nostradamus, ciganos e deuses variados

O meio contou com alas representando inventores e cientistas famosos, como Isaac Newton, Albert Einstein e Leonardo da Vinci

O final destacou as artes, com ala dedicada ao escritor francês Júlio Verne; um dos carros era uma fábrica de conhecimentos, paródia da "Fantástica Fábrica de Chocolates", com direito a Oompa-Loompas.

Pamela Gomes foi a rainha da Tom Maior.

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